terça-feira, 20 de abril de 2021

Por que os pontos cantados são tão importantes para um terreiro de Umbanda?

O ponto cantado é uma prece, uma oração. Através deles, salvamos uma, ou várias Forças; pedimos ajuda para aflições, demandas, cargas negativas etc. Sendo assim, os pontos devem ser entoados não apenas com a boca, mas com o coração. É preciso que um filho de Fé sinta o que está cantando, interiorize o seu cantar. Para saber cantar um ponto não é preciso o “dom do cantar”, é preciso apenas saber sentir.

São os pontos cantados o caminho vibratório por onde uma gira vai encaminhar-se. Se estes forem cantados com o coração, certamente esta gira tornar-se-á tranquila, proveitosa e organizada, porque despertarão: a Fé, a Harmonia, a Paz etc. Assim como acontece cada vez que vamos fazer as nossas preces, de forma tranquila, sem palmas, sem tambores, sem gritos, sem pulos, sem nada, apenas a nossa voz e Deus. Certos Filhos de Fé, inclusive, gostam de cantar pontos quando vão fazer suas preces, suas orações, e isso o fazem tranquilamente, em Paz. Saibam vocês, que quando um ponto é cantado aos gritos, a plenos pulmões, ele fere a sensibilidade astral de quem tem e até mesmo de quem não tem.

Outro aspecto a se observar são as letras desses pontos, pois as mesmas devem estar repletas de imagens positivas que elevem o tônus vibracional de todos, facilitando inclusive a atuação das entidades espirituais. Por esta razão, os pontos de Raiz são tão importantes, primeiramente porque são pontos dados pelas Entidades espirituais e, por isso mesmo não se limita apenas a atuar em certas pessoas através do reflexo condicionado, ele penetra profundamente na alma de todos que têm sensibilidade para tal. É importante ter em conta que a música é uma combinação harmoniosa de sons e que, tem cor, atrai ou dissipa certas energias, portanto, além dos aspectos místicos, o ponto cantado movimenta forças, movimenta a magia de Umbanda. Saibam os Filhos de Fé que o som do atabaque, por ser destituído da qualidade chamada altura, produz ruídos e não sons musicais (é monocórdio). Além disso, por prestar-se mais a ritmos sob o compasso binário (o mesmo usado para as marchas militares, etc.), sua percussão retumba principalmente sobre nossas vísceras, ativando assim, num ambiente mediúnico, o atavismo, o animismo, o fetichismo.

Como a maioria dos brasileiros gosta de um bom pagode ao ritmo dos tantãs e atabaques, um simples bater dos instrumentos já começa a gingar. Porém, não podemos esquecer que isto é festa, é lazer, é divertimento profano e não culto religioso ou de aperfeiçoamento espiritual, até porque, os guias e protetores não são pagodeiros e o som produzido pelos referidos pagodes nada têm a ver com a faixa vibratória deles. Dessa forma, haveremos de concordar, movidos apenas pela lógica pura e simples, que gostar de um "bom batuque" é lícito, é justo, mas daí a querer levá-lo aos nossos terreiros vai uma distância enorme.

Afirmam alguns inclusive que: “Com o som dos atabaques todos dançam, todos giram, todos gingam, todos pulam, todos gritam, mas incorporação que é bom, nada”!

Para quem interessar possa, deixo aqui algumas características sobre o ritmo e a frequência dos pontos cantados:

Vibração Espiritual de Oxalá – os sons são místicos, predispondo à paz e às coisas do Espírito.

Vibração Espiritual de Ogum – os sons são vibrantes.

Vibração Espiritual de Oxossi – os sons são imitações da harmonia da natureza.

Vibração Espiritual de Xangô – os sons são graves, isto é, são cantados "baixo".

Vibração Espiritual de Yorimá – os sons são dolentes, melancólicos.

Vibração Espiritual de Yori – os sons são alegres, predispondo ao bom ânimo.

Vibração Espiritual de Yemanjá – os sons são suaves, predispondo à renovação afetiva emocional.

Finalizo o texto apenas reforçando o ensinamento dos guias e protetores da Sagrada Corrente Astral de Umbanda, quando afirmam que o ponto cantado possui uma função ímpar dentro do ritual de Umbanda, devendo ser-lhe dada a devida atenção, pois estão sendo movimentadas forças das quais poucos conhecem a existência.

Paz e Luz!

Texto: Tânia Lacerda.

Adaptação e Correção: Adriano Figueiredo Leite.

Historiador: Diego Bragança de Moura

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