Nos salões de curadores e em alguns terreiros de Mina da capital maranhense, onde são realizados também rituais de Cura (pajelança), o termo mãe d´água designa freqüentemente o conjunto de entidades espirituais caboclas recebidas por um pajé ou curador, classificadas como linha de água doce. Designa também entidades femininas metade peixe e metade mulher, encantadas em poços e rios, como as que aparecem nas narrativas selecionadas para esse livro. A Mãe d´Água é representada iconograficamente de forma semelhante a Iemanjá, orixá das águas salgadas, representada nos terreiros de Umbanda e cultos afro-brasileiros como uma sereia do mar.
Acredita-se que a Mãe d´Água (sereia de água doce) exerce um magnetismo sobre as “crianças inocentes”, de até 7 anos, principalmente sobre as que não foram batizadas, pois ela é pagã. Deste modo, no interior ou na área rural, quando uma criança pequena desaparece, suspeita-se logo da Mãe d´Água. E, na cidade, quando uma criança que ainda não foi batizada tem pesadelo ou convulsão, aparece sempre alguém afirmando que isso é coisa de Mãe d´Água e procurando batizá-la de emergência, com a água do banho.
Existe na Mina, na encantaria de água salgada, uma versão masculina da Mãe d´Água sereia, o Dom Miguel, Rei da Gama, entidade espiritual encantada em um peixe - espadarte ou tubarão. Dom Miguel, que alí é conhecido como metade homem e metade peixe, é também apresentado como filho de Xangô, e sincretizado com São Miguel Arcanjo, daí porque sua festa é realizada no Terreiro de Jorge Itaci no dia 29 de setembro. Sua relação com São Miguel é afirmada na letra de algumas de suas “doutrinas”:
Texto Extraido do Livro - Maranhão Encantado - Encantaria Maranhense e outras histórias.
Todos os Créditos a Mundicarmo Ferretti.
#ACALUZ
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