O Orobo é um fruto que depois de seco assume a cor preta. O predileto dos Eguns e do orixá Xangô/Sàngó, por ser considerado um elemento de fundamento puro de ligação com Ikú (a morte).
No continente africano, em muitos territórios onde
Xangô/Sàngó é cultuado, esse orixá é considerado como um dos maiores representantes
dos Eguns, fato muito significativo nos cultos Yorubàs, mas, fortemente
ignorado e até questionado no Brasil. Pois, aqui se afirma que Xangô/Sàngó tem
verdadeiro pavor dos Eguns, espíritos dos mortos. Fato que muitos estudiosos
atribuem a falta de conhecimentos sobre esse fundamento relacionado ao senhor
da justiça. O que pode ser justificado devido a diáspora, onde com os
sequestros de milhões de africanos trazidos de forma compulsória para o Brasil,
muitos saberes se perderam e outros foram adaptados com as trocas culturais com
os inúmeros povos e culturas da própria África, que foram introduzidos em solo
brasileiro, assim como, com as desenvolvidas e nutridas neste mesmo solo.
Xangô/Sàngó é um orixá quente, assim como os Eguns. Desta
forma, o orogbo por suas características e propriedades é o melhor fruto para
ser oferecido, tanto no culto dos egunguns, associado a Ikú, a morte, como a
Xangô, por sua capacidade de destruição através do raio.
Os orogbo também representam as pedras de raios (curisco) no
culto a Sàngó. No culto aos Eguns representa os descendentes raciais ou
familiares, os ancestrais, antepassados desencarnados, por isso, está
relacionado a morte.
Quando se parte um orogbo e o oferece juntamente com mel em
louvor aos ancestrais, essa combinação representa a comunhão do físico, o
material com o espiritual, ou seja, entre os seres vivos e os ancestrais sendo
cultuados na partilha desse fruto.
Orogbo é forte, ele está sempre inteiro.
O Orogbo (Garcinia kola) dá em uma árvore que cresce nas florestas tropicais da África ocidental. Os frutos, sementes, nozes e casca da planta têm sido usadas durante séculos na medicina popular para tratar doenças de tosses a febre. De acordo com um relatório do Centro para Pesquisa Florestal Internacional, o comércio da garcinia kola ainda é importante para as tribos e aldeias na Nigéria.
O Orogbo é tradicionalmente usado pela medicina popular na África devido ao seu poder purgativo, antiparasitários e antiviral. As sementes são usadas para a bronquite, infecções de garganta, cólicas, de cabeça ou no peito resfriados e tosse. É também utilizado para tratar distúrbios do fígado.
Os principais òrìsás que também podem receber ofertas de orogbos, são: Esú, Ossain Ìyàmi-Òsòróngà, Ògún, Òbàlúwàiyé, Oyà, Òmólú e Iyémowo-Iyémònjá. Já Òòrisànlà-Òbátálà só recebe oferta de Orogbo sem a casca de cor preta, para assim exibir sua parte interna branca. No culto a Òsún, o orogbo é inaceitável por sua relação com a morte, essa orixá não suporta nenhum tipo de elemento com ligação a morte/ikú/eguns.
Este fruto possui uma grande força ritualística, e quando
oferecido em uma obrigação, a um orixá, deve ser sempre ofertado no mínimo duas
unidades. O mesmo acontece com qualquer outro fruto, isso porque em ritual
nunca se deve oferecer um, e sim, no mínimo, dois elementos de cada.
São utilizados nos ritos em louvor a Orunmilá, assim como de
outros aborós. Sua relação com Orunmilá se deve por ser considerado como um
elemento indispensável em jogos divinatórios, assim como nas feituras de
"santos", no sentido de ajudar a alcançar a prosperidade. Utiliza-se
também no preparo do abô, sasanha e da comida ritual especificamente nas
oferendas de Airá.
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