quinta-feira, 9 de julho de 2020

CONTRA-EGUM - USO E FINALIDADES


Afinal o que são “Contra-Eguns”?

Ninguém está livre de energias ruins, por isso até Zeladores, Ogan, Ekedes e Egbomís usam Contra-Eguns.

Segundo o Conhecimento aplicado pelos antigos no candomblé, o contra-egum é um instrumento de Obaluayê (O Rei da Terra), que espantaria as energias negativas das pessoas, mas alguns dizem que Ewá, Oyá e Ogun também tem seu papel quanto a esse traçado de palha da costa.
Algumas pessoas alegam que o contra-egum pode ser utilizado nos braços, nas pernas ou na cintura, mas isso é um erro.

O contra-egum usado nos braços tem o nome de Ikan e sua função é neutralizar os Eguns, pois acredita-se que o Egum para tomar o corpo do Yawo entra pelas mãos ou pelos pés, pois a cabeça(ori) é domínio do Orixá  e ao usá-lo o Yawo estárá protegido.

O Ikan faz a divisão entre as mãos e o Ori (cabeça) e quando é amarrado nos braços dividindo o profano do sagrado (Ori-Aperô ) pois Ori encontra-se acima dos ombros, aonde o Ikan faz a divisão.

Os ombros representam o Aperê natural onde Ori está assentado.

O que se usa nos tornozelos tem outro nome,(OPACHORÔ ou XAORÔ) que também pertence a Obaluayê e nele utiliza-se um guizo preso, (pois seu barulho espanta os Eguns. ) é aonde prendemos no Yawo, que ao fazer barulho espanta os Eguns que possam estar no caminho dele.

Conta uma lenda que o Vodun Possum era filho de Obaluayê e que nascera com garras e surdo e se perdia na mata por também ter deficiência visual. Obaluayê preocupado com tal situação amarrou o Xaorô com um trançado de palha da costa no tornozelo de Possum, pois quando ele se perdia o barulho que os xaoros faziam mostrava a Obaluayê aonde encontra-lo e ainda afastava os Eguns de perto de Possum.

Já na cintura usa-se o cordão umbilical (Umbigueira) que representa a ligação direta do iniciado com seu Orixá e com Oxum.

Todo Yawô é obrigado a usar contra-egum, umbigueira, e mocam (Cordão de palha da costa trançada cujos fechos são duas “vassourinhas” de palha) Este cordão constitui um símbolo do Yawô e é, geralmente, preservado por toda vida.

Pelo menos por um ano para manter a proteção por estar o Ori do Yawô ainda novo demais, e somente após o Bori de um ano, pode -se liberar o Yawô da obrigatoriedade do contra-egum diário.

O contra-egum é uma defesa do Yawô, e o próprio nome já diz, é contra as forças maléficas espirituais, contra fluxo energético que possam influenciar a cabeça do Yawô.

A umbigueira, na realidade é uma ligação de Oxum, ligação ao útero .

No Jeje é uma ligação de Bessém para com o Iyawô, ou seja, é a cobra mordendo o próprio rabo.

A umbigueira nada mais é do que uma representação de Oxum e sua ligação com o Yawô sendo gerado dentro do “ÚTERO” espiritual, que é o roncó ou rundeme, mantendo a união entre o iniciado e seu Orixá.

Quando estamos com a umbigueira, o nosso cordão umbilical ainda está preso no Orixá, preso a Oxum.

Devem ser usados como jóias espirituais de proteção para o Yawô.

Existe rezas para colocar e tirar os contra-eguns, a umbigueira e o xaorô, tudo dentro do ritual do candomblé.

#ACALUZ

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