sexta-feira, 10 de julho de 2020

OROGBO/OROBÔ

O Orobo é um fruto que depois de seco assume a cor preta. O predileto dos Eguns e do orixá Xangô/Sàngó, por ser considerado um elemento de fundamento puro de ligação com Ikú (a morte).

No continente africano, em muitos territórios onde Xangô/Sàngó é cultuado, esse orixá é considerado como um dos maiores representantes dos Eguns, fato muito significativo nos cultos Yorubàs, mas, fortemente ignorado e até questionado no Brasil. Pois, aqui se afirma que Xangô/Sàngó tem verdadeiro pavor dos Eguns, espíritos dos mortos. Fato que muitos estudiosos atribuem a falta de conhecimentos sobre esse fundamento relacionado ao senhor da justiça. O que pode ser justificado devido a diáspora, onde com os sequestros de milhões de africanos trazidos de forma compulsória para o Brasil, muitos saberes se perderam e outros foram adaptados com as trocas culturais com os inúmeros povos e culturas da própria África, que foram introduzidos em solo brasileiro, assim como, com as desenvolvidas e nutridas neste mesmo solo.

Xangô/Sàngó é um orixá quente, assim como os Eguns. Desta forma, o orogbo por suas características e propriedades é o melhor fruto para ser oferecido, tanto no culto dos egunguns, associado a Ikú, a morte, como a Xangô, por sua capacidade de destruição através do raio.

Os orogbo também representam as pedras de raios (curisco) no culto a Sàngó. No culto aos Eguns representa os descendentes raciais ou familiares, os ancestrais, antepassados desencarnados, por isso, está relacionado a morte.

Quando se parte um orogbo e o oferece juntamente com mel em louvor aos ancestrais, essa combinação representa a comunhão do físico, o material com o espiritual, ou seja, entre os seres vivos e os ancestrais sendo cultuados na partilha desse fruto.

Orogbo é forte, ele está sempre inteiro.

O Orogbo (Garcinia kola) dá em uma árvore que cresce nas florestas tropicais da África ocidental. Os frutos, sementes, nozes e casca da planta têm sido usadas durante séculos na medicina popular para tratar doenças de tosses a febre. De acordo com um relatório do Centro para Pesquisa Florestal Internacional, o comércio da garcinia kola ainda é importante para as tribos e aldeias na Nigéria.

O Orogbo é tradicionalmente usado pela medicina popular na África devido ao seu poder purgativo, antiparasitários e antiviral. As sementes são usadas para a bronquite, infecções de garganta, cólicas, de cabeça ou no peito resfriados e tosse. É também utilizado para tratar distúrbios do fígado.

Os principais òrìsás que também podem receber ofertas de orogbos, são: Esú, Ossain Ìyàmi-Òsòróngà, Ògún, Òbàlúwàiyé, Oyà, Òmólú e Iyémowo-Iyémònjá. Já Òòrisànlà-Òbátálà só recebe oferta de Orogbo sem a casca de cor preta, para assim exibir sua parte interna branca. No culto a Òsún, o orogbo é inaceitável por sua relação com a morte, essa orixá não suporta nenhum tipo de elemento com ligação a morte/ikú/eguns.

Este fruto possui uma grande força ritualística, e quando oferecido em uma obrigação, a um orixá, deve ser sempre ofertado no mínimo duas unidades. O mesmo acontece com qualquer outro fruto, isso porque em ritual nunca se deve oferecer um, e sim, no mínimo, dois elementos de cada.

São utilizados nos ritos em louvor a Orunmilá, assim como de outros aborós. Sua relação com Orunmilá se deve por ser considerado como um elemento indispensável em jogos divinatórios, assim como nas feituras de "santos", no sentido de ajudar a alcançar a prosperidade. Utiliza-se também no preparo do abô, sasanha e da comida ritual especificamente nas oferendas de Airá.

Como pudemos notar, o Orogbo é muito mais que um fruto, mas sim, um elemento de extremo fundamento e energia, cheio de significados e importância nos cultos de matriz africana e nas práticas ritualísticas dos seus adeptos e nas relações com os seus orixás, voduns, inkisis e entidades.
#ACALUZ

Autor: Desconhecido
Por. Adriano Figueiredo - Presidente da ACALUZ
Revisão e Correção Profº Diego Bragança de Moura - Historiador da ACALUZ

INSTRUMENTOS DO CULTO MINA DA NAÇÃO NAGÔ.


FERRO  (Gan) 
Chamado popularmente de " ferro " em forma  cilindríca e as vezes meio  achatada, com uma haste de ferro fino  tocado por mulheres que seguindo a tradição   chamamos de  GANTÓSÍ  (ferreira ou tocadeira de ferro)            

ABATÁ
Chamado também de   " Tambor da Frente  " , originou-se entre o povo  da Casa de Nagô Abioton e hoje serve de modelo para praticamente quase todos os Terreiros do estado do Maranhão e  Fora dele.
 É um Instrumento confeccionado a partir de pedaços de tronco  oco,  pedaços de cano grosso ou  folhas de  zinco em forma de cilindro , com duas membranas  cobertas por couro de veado, cobra, cabra ou cabrito, variante de acordo com  tradição de seu dono, assim como já presenciei casas com tambores de fibra de vidro. Tem seu  nome particular ou privado  que é  um dos segredos da casa,  alguns Terreiros  costumam pintar um nome ou titulo em cavaletes de madeira   (que sustentam o instrumento)   homenageando seu dono ou alguma entidade da casa.
O Abatá também passa por  fundamentos internos tais como introdução de elementos  naturais, banhos, preparos próprios, unguentos, descanso,   batismo etc...
E quem faz uso desse instrumento, tira seu som é chamado de OLÚBATÁ ou no popular  "Abatazeiro " e consegue tirar dele  4 a 5 ritmos cadenciados e cada ritmo  com seu nome em dialeto.

JÁ DIZIA O POVO  ANTIGO :

"Quando um Tambor de Mina é  bem tocado, vai buscar Povo do Fundo e do Mundo " 

"Curador quando chama ou invoca o nome do Tambor, têm que dizer pra quem é e pra qual direção  vai seu valor"  

"Eu conheço encantados que amanhecem cantando no Tambor sem perceber que a hora está passando". 

SALVE O POVO NAGOENSE !!!!

🎵🎵
ESTAVA DORMINDO,
TAMBOR ME CHAMOU
 ESTAVA SONHANDO
TAMBOR ME ACORDOU
🎵🎵 


🎵🎵
EU TAVA LONGE QUANDO OUVI TAMBOR RUFAR...
FOI A MARÉ QUE BATEU NA PONTA GROSSA.
É SINAL QUE TEM FESTA LÁ NO MAR
🎵🎵


#ACALUZ

TEXTO: Márcio Arthur
Adaptação: Adriano Figueiredo.

quinta-feira, 9 de julho de 2020

CONTRA-EGUM - USO E FINALIDADES


Afinal o que são “Contra-Eguns”?

Ninguém está livre de energias ruins, por isso até Zeladores, Ogan, Ekedes e Egbomís usam Contra-Eguns.

Segundo o Conhecimento aplicado pelos antigos no candomblé, o contra-egum é um instrumento de Obaluayê (O Rei da Terra), que espantaria as energias negativas das pessoas, mas alguns dizem que Ewá, Oyá e Ogun também tem seu papel quanto a esse traçado de palha da costa.
Algumas pessoas alegam que o contra-egum pode ser utilizado nos braços, nas pernas ou na cintura, mas isso é um erro.

O contra-egum usado nos braços tem o nome de Ikan e sua função é neutralizar os Eguns, pois acredita-se que o Egum para tomar o corpo do Yawo entra pelas mãos ou pelos pés, pois a cabeça(ori) é domínio do Orixá  e ao usá-lo o Yawo estárá protegido.

O Ikan faz a divisão entre as mãos e o Ori (cabeça) e quando é amarrado nos braços dividindo o profano do sagrado (Ori-Aperô ) pois Ori encontra-se acima dos ombros, aonde o Ikan faz a divisão.

Os ombros representam o Aperê natural onde Ori está assentado.

O que se usa nos tornozelos tem outro nome,(OPACHORÔ ou XAORÔ) que também pertence a Obaluayê e nele utiliza-se um guizo preso, (pois seu barulho espanta os Eguns. ) é aonde prendemos no Yawo, que ao fazer barulho espanta os Eguns que possam estar no caminho dele.

Conta uma lenda que o Vodun Possum era filho de Obaluayê e que nascera com garras e surdo e se perdia na mata por também ter deficiência visual. Obaluayê preocupado com tal situação amarrou o Xaorô com um trançado de palha da costa no tornozelo de Possum, pois quando ele se perdia o barulho que os xaoros faziam mostrava a Obaluayê aonde encontra-lo e ainda afastava os Eguns de perto de Possum.

Já na cintura usa-se o cordão umbilical (Umbigueira) que representa a ligação direta do iniciado com seu Orixá e com Oxum.

Todo Yawô é obrigado a usar contra-egum, umbigueira, e mocam (Cordão de palha da costa trançada cujos fechos são duas “vassourinhas” de palha) Este cordão constitui um símbolo do Yawô e é, geralmente, preservado por toda vida.

Pelo menos por um ano para manter a proteção por estar o Ori do Yawô ainda novo demais, e somente após o Bori de um ano, pode -se liberar o Yawô da obrigatoriedade do contra-egum diário.

O contra-egum é uma defesa do Yawô, e o próprio nome já diz, é contra as forças maléficas espirituais, contra fluxo energético que possam influenciar a cabeça do Yawô.

A umbigueira, na realidade é uma ligação de Oxum, ligação ao útero .

No Jeje é uma ligação de Bessém para com o Iyawô, ou seja, é a cobra mordendo o próprio rabo.

A umbigueira nada mais é do que uma representação de Oxum e sua ligação com o Yawô sendo gerado dentro do “ÚTERO” espiritual, que é o roncó ou rundeme, mantendo a união entre o iniciado e seu Orixá.

Quando estamos com a umbigueira, o nosso cordão umbilical ainda está preso no Orixá, preso a Oxum.

Devem ser usados como jóias espirituais de proteção para o Yawô.

Existe rezas para colocar e tirar os contra-eguns, a umbigueira e o xaorô, tudo dentro do ritual do candomblé.

#ACALUZ

quarta-feira, 8 de julho de 2020

AMACI NA UMBANDA


O Amaci é um ritual umbandista, onde anualmente os médiuns iniciantes e os mais antigos da corrente devem passar por ele, porém para o iniciante o banho será um, e para o médium coroado será outro. Este ritual tem a finalidade de preparar o médium para receber as energias vibrantes do terreiro, além de oferecer ao filho de fé a limpeza de seu campo áurico, bem como confirmar as entidades trabalhadoras da coroa daquele médium.

Também visa propiciar ao médium maior contato com seus Orixás de Coroa, pois que para seu preparo será de praxe, que o dirigente do templo colha as ervas de todos os Orixás, uma de cada pelo menos, e coloque-as quinadas dentro do preparo que será feito com as quatro águas (mar, cachoeira, chuva e fonte/mineral), com 3 (três) dias de antecedência à Gira do Amaci.. 

No ritual, cada médium em fila deve estar trajado de branco e cada um com seu respectivo pano de cabeça, para que após a lavagem da mesma, seja esta protegida pelo pano.

Após o banho ser jogado na cabeça do filho de fé, dois cambonos são os responsáveis por colocar o pano de cabeça no médium, que em silêncio absoluto, repousará deitado em esteira por mais de 7(sete) minutos, afim de manter-se em harmonia com a energia transmitida. Essa é a regra, destinada para os médiuns iniciantes, sendo portanto, nosso Caboclo Chefe o responsável por jogar a água no orí do médium, iniciante ou coroado.

No tocante aos médiuns coroados, o Amaci será preparado com as quatro águas, e as ervas de todos os Orixás quinadas, além das favas (sementes/frutos) dos Orixás da Coroa (Pai e Mãe) e do adjunto, perfazendo então a quantidade de três favas, sendo cada uma ralada pelo próprio filho coroado, que após estarem em pó, devem ser misturadas ao Amaci, que permanecerá intacto até seu uso, tornando-se então, um banho exclusivo para aquele médium coroado.

Outros maiores cuidados se requerem do médium coroado, como por exemplo o seu resguardo íntimo e suas vibrações no momento de se ralarem as favas, devem ao ralar, aceder 3 (três) velas brancas, sendo uma para o Orixá Pai, outro para a Mãe o a outra para o Adjunto, e ao final da queima, as mesmas devem ser despachadas no mato/mata.
Jogado o preparado sobre a cabeça do médium coroado, o procedimento ser o mesmo, deve-se os cambonos amarrar o pano de cabeça, posteriormente deve-se deitar na esteira e por lá manter-se em concentração e meditação por mais de 7(sete) minutos.

Outro ponto interessante e esclarecedor é que o Amaci pode ser jogado da cabeça aos pés.
Importante salientar que tanto para os médiuns iniciantes como para os coroados, será indispensável que a energia do Amaci permaneça no campo áurico por pelo menos 24hs, e não mais de 72hs, sendo, portanto, recomendado que não se molhe a cabeça nas primeiras 24hs. Terminada a Gira do Amaci, podem os médiuns retirar seus panos de cabeça, salvo aqueles médiuns de incorporação que ao receberem suas entidades, retirarão para um melhor trabalho.

Frise-se que a Gira do Amaci tem outros fundamentos, que não me compete ao momento a divulgação, tais fundamentos referem-se aos pontos a serem cantados, ao ponto de firmeza que será riscado, ao defumador que nesta gira não será o habitual, além das firmezas outras que uma Casa de Umbanda deve ter nos dias de Amaci.

#ACALUZ
www.acaluz.net 
Acaluz - Associação Cultural Axé e Luz