sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

A CUMEEIRA


A Associação Cultural Axé e Luz, trás este importante estudo que visa ampliar conhecimento na construção de um barracão. Nosso tema para estudo é a CUMEEIRA, ou seja, o CUME, o centro da Casa, onde temos uma ligação muito importante deste lugar com o orun(o céu) e aprenderemos ao longo deste, a importância de se ter este elemento nas casas de culto ao vodun e Orixá. Veremos nos próximos estudos que ela não existe sozinha, ela tem ligação direta com o Intôto, o centro da casa, o centro da terra e sua energia magnética.

Como citado, a cumeeira é o ponto central da energia do barracão, a base, a estrutura e o cerne de uma casa de culto ancestral ao Orixás e Voduns. É assim denominada nas nações ioruba e fon. Por funcionar como uma espécie de “pára-raio”, precisa ser muito bem preparada para proporcionar defesa á comunidade. Ela faz uma conexão dos elementos da terra com Olorum, Odudua e Obatalá. Encontra-se colocada na parte mais alta do barracão, geralmente em um poste, pilar de madeira ou em cavilhas projetadas do teto. Quem “arruma” a cumeeira de uma casa não é o/a babalorixá / iyalorixá patrono daquela casa, mas o/a seu/sua sacerdote/sacerdotisa, a sua ascendência. É uma liturgia grandiosa, que exige muita preparação e muito trabalho. Sua confecção, em muitos Axés, não é visualizada pelos filhos da casa; quem participa são seus orixás. Geralmente é convidado um par de autoridades ilustres da religião para servir como testemunha para o nascimento de uma nova cumeeira, de uma nova comunidade. A partir daquele momento, o casal escolhido precisará estar sempre presente nas futuras festas e obrigações da cumeeira. No chão, na parte central, fica “plantado” o Axé da casa. Esse conjunto traz fortalecimento, defesa e segurança para o terreiro e para os membros dessa comunidade, tornando-se assim o elemento que faz a representação da ligação do homem, morador do aiê (terra), com o divino, no orum (céu). A partir da criação da cumeeira, a casa de candomblé passa a ter uma base para seguir seu caminho e, futuramente, dar existência a novas comunidades. Por ser local de grande convergência de força, a cumeeira geralmente é designada para orixás que são mais resistentes e poderosos ou para o orixá dono da casa. Os antigos costumavam entregar suas cumeeiras para XANGÔ ou OXOSSI, que são orixás que “agüentam” cumeeiras, no dizer deles. Os fons, geralmente, as entregam á família de HEVIOSSOS. Preferencialmente, a cumeeira não deve ser entregue a orixás impetuosos, aguerridos, pois estes não conseguirão controlar seus ímpetos e poderão desestabilizar o axé da casa de candomblé. Anualmente, a cumeeira tem um dia dedicado somente a ela, quando [e realizada uma grande “festa para a cumeeira”. Neste dia ela é reverenciada com alimentos, atos litúrgicos, rezas e cantigas, para reforçar as energias que a sustentam. Fonte: Odé Kiley & Vera de Oxaguiã Organização Marcelo Barros

CUMEEIRA, PONTO IMPORTANTES

Dentro de um barracão de Orixá, esta é imprescindível para que o mesmo possa existir. Existem somente dentro de barracões de santo e na Umbanda sua existência é desconhecida.
Ao abrirmos uma casa de Santo, existem vários assentamentos que são feitos e que compõem a segurança tanto da “roça” como do zelador e de seus filhos e clientes. E a cumeeira é um desses fundamentos.

Para que se saiba qual Orixá que será responsável pela mesma, é necessária uma consulta a Ifá para que ele nos mostre os procedimentos a serem realizados. Após a escolha da cumeeira, prepara-se os rituais para o assentamento da mesma.

A casa pertence ao Orixá da pessoa, porém, a cumeeira pertence a outro, ela é o sustentáculo para a casa e seu sacerdote. Aquele Orixá que ali está assentado não tem obrigatoriedade alguma de trazer clientes, ou prestar outro tipo de favor ao zelador ou a seus filhos e consulentes.

A cumeeira representa e guarda os mistérios de cada casa e de seu sacerdote, é nela que seu Orixá se apoia para que sua casa sobreviva ao tempo. Nunca devemos revelar a qualidade daquele Orixá que ali está assentado nem mesmo fornecer detalhes que possam servir para identificá-lo, pois, que assim, ficaríamos a mercê de nossos inimigos.

É comum que ao se mexer na cumeeira, os filhos de santo que ainda não possuem obrigação de sete anos, virem de santo, ou seja, que seus Orixás se manifestem, afinal ali em baixo da mesma todos os filhos nasceram para seus Orixás.

Em baixo da cumeeira são feitos os maiores fundamentos do Candomblé e assim sendo, não se deve dar fogo de pólvora em baixo da mesma.

Alguns zeladores costumam enfeitar suas cumeeiras com adornos pertencentes ao santo que ali está assentado e com outros que relembrem seu Orixá, isso varia de acordo com a permissão de seu santo, e com a condição financeira de cada um. O importante é que cada casa tenha a sua, e que a mesma seja feita por pessoas realmente idôneas dentro das leis do santo, pois uma mínima coisa que se fizer e que caso não seja em conformidade com o Orixá que ali comerá, as consequências podem ser terríveis.

A cumeeira guarda nossos segredos e fica conosco até o dia em que Olorúm nos chamar de volta para o seu reino. Nessa ocasião, respeitando-se o período de luto, são realizados rituais que deverão seguir as orientações do Oráculo Sagrado de Ifá. Afinal sem ele, nada fazemos em uma casa de santo.

Não existe uma qualidade pré-determinada de Orixá a ser assentado, mas, devemos sempre prestar atenção antes de realizarmos esse assentamento, pois temos que respeitar os caminhos do Orixá da pessoa, bem como outros segredos que nos são passados no período que preparamos a mesma para seu assentamento.

Nunca, em hipótese alguma, devemos mexer na cumeeira de corpo sujo, e mesmo que não tenhamos feito coisas que podem sujar nosso corpo, devemos tomar um banho antes de irmos a cumeeira, pois que ali, está um Orixá, a vida de todos nós.

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