sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

A CUMEEIRA


A Associação Cultural Axé e Luz, trás este importante estudo que visa ampliar conhecimento na construção de um barracão. Nosso tema para estudo é a CUMEEIRA, ou seja, o CUME, o centro da Casa, onde temos uma ligação muito importante deste lugar com o orun(o céu) e aprenderemos ao longo deste, a importância de se ter este elemento nas casas de culto ao vodun e Orixá. Veremos nos próximos estudos que ela não existe sozinha, ela tem ligação direta com o Intôto, o centro da casa, o centro da terra e sua energia magnética.

Como citado, a cumeeira é o ponto central da energia do barracão, a base, a estrutura e o cerne de uma casa de culto ancestral ao Orixás e Voduns. É assim denominada nas nações ioruba e fon. Por funcionar como uma espécie de “pára-raio”, precisa ser muito bem preparada para proporcionar defesa á comunidade. Ela faz uma conexão dos elementos da terra com Olorum, Odudua e Obatalá. Encontra-se colocada na parte mais alta do barracão, geralmente em um poste, pilar de madeira ou em cavilhas projetadas do teto. Quem “arruma” a cumeeira de uma casa não é o/a babalorixá / iyalorixá patrono daquela casa, mas o/a seu/sua sacerdote/sacerdotisa, a sua ascendência. É uma liturgia grandiosa, que exige muita preparação e muito trabalho. Sua confecção, em muitos Axés, não é visualizada pelos filhos da casa; quem participa são seus orixás. Geralmente é convidado um par de autoridades ilustres da religião para servir como testemunha para o nascimento de uma nova cumeeira, de uma nova comunidade. A partir daquele momento, o casal escolhido precisará estar sempre presente nas futuras festas e obrigações da cumeeira. No chão, na parte central, fica “plantado” o Axé da casa. Esse conjunto traz fortalecimento, defesa e segurança para o terreiro e para os membros dessa comunidade, tornando-se assim o elemento que faz a representação da ligação do homem, morador do aiê (terra), com o divino, no orum (céu). A partir da criação da cumeeira, a casa de candomblé passa a ter uma base para seguir seu caminho e, futuramente, dar existência a novas comunidades. Por ser local de grande convergência de força, a cumeeira geralmente é designada para orixás que são mais resistentes e poderosos ou para o orixá dono da casa. Os antigos costumavam entregar suas cumeeiras para XANGÔ ou OXOSSI, que são orixás que “agüentam” cumeeiras, no dizer deles. Os fons, geralmente, as entregam á família de HEVIOSSOS. Preferencialmente, a cumeeira não deve ser entregue a orixás impetuosos, aguerridos, pois estes não conseguirão controlar seus ímpetos e poderão desestabilizar o axé da casa de candomblé. Anualmente, a cumeeira tem um dia dedicado somente a ela, quando [e realizada uma grande “festa para a cumeeira”. Neste dia ela é reverenciada com alimentos, atos litúrgicos, rezas e cantigas, para reforçar as energias que a sustentam. Fonte: Odé Kiley & Vera de Oxaguiã Organização Marcelo Barros

CUMEEIRA, PONTO IMPORTANTES

Dentro de um barracão de Orixá, esta é imprescindível para que o mesmo possa existir. Existem somente dentro de barracões de santo e na Umbanda sua existência é desconhecida.
Ao abrirmos uma casa de Santo, existem vários assentamentos que são feitos e que compõem a segurança tanto da “roça” como do zelador e de seus filhos e clientes. E a cumeeira é um desses fundamentos.

Para que se saiba qual Orixá que será responsável pela mesma, é necessária uma consulta a Ifá para que ele nos mostre os procedimentos a serem realizados. Após a escolha da cumeeira, prepara-se os rituais para o assentamento da mesma.

A casa pertence ao Orixá da pessoa, porém, a cumeeira pertence a outro, ela é o sustentáculo para a casa e seu sacerdote. Aquele Orixá que ali está assentado não tem obrigatoriedade alguma de trazer clientes, ou prestar outro tipo de favor ao zelador ou a seus filhos e consulentes.

A cumeeira representa e guarda os mistérios de cada casa e de seu sacerdote, é nela que seu Orixá se apoia para que sua casa sobreviva ao tempo. Nunca devemos revelar a qualidade daquele Orixá que ali está assentado nem mesmo fornecer detalhes que possam servir para identificá-lo, pois, que assim, ficaríamos a mercê de nossos inimigos.

É comum que ao se mexer na cumeeira, os filhos de santo que ainda não possuem obrigação de sete anos, virem de santo, ou seja, que seus Orixás se manifestem, afinal ali em baixo da mesma todos os filhos nasceram para seus Orixás.

Em baixo da cumeeira são feitos os maiores fundamentos do Candomblé e assim sendo, não se deve dar fogo de pólvora em baixo da mesma.

Alguns zeladores costumam enfeitar suas cumeeiras com adornos pertencentes ao santo que ali está assentado e com outros que relembrem seu Orixá, isso varia de acordo com a permissão de seu santo, e com a condição financeira de cada um. O importante é que cada casa tenha a sua, e que a mesma seja feita por pessoas realmente idôneas dentro das leis do santo, pois uma mínima coisa que se fizer e que caso não seja em conformidade com o Orixá que ali comerá, as consequências podem ser terríveis.

A cumeeira guarda nossos segredos e fica conosco até o dia em que Olorúm nos chamar de volta para o seu reino. Nessa ocasião, respeitando-se o período de luto, são realizados rituais que deverão seguir as orientações do Oráculo Sagrado de Ifá. Afinal sem ele, nada fazemos em uma casa de santo.

Não existe uma qualidade pré-determinada de Orixá a ser assentado, mas, devemos sempre prestar atenção antes de realizarmos esse assentamento, pois temos que respeitar os caminhos do Orixá da pessoa, bem como outros segredos que nos são passados no período que preparamos a mesma para seu assentamento.

Nunca, em hipótese alguma, devemos mexer na cumeeira de corpo sujo, e mesmo que não tenhamos feito coisas que podem sujar nosso corpo, devemos tomar um banho antes de irmos a cumeeira, pois que ali, está um Orixá, a vida de todos nós.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

ANTÔNIO LUÍS, “CORRE BEIRADA”


Grande encantado Francês, vem na família da Mata do Codó e muito conhecido e chamado de Corre Beirada, filho de Dom Luís Rei de França mas foi criado por Seu Légua. Agregado aos boiadeiros, há outros que dizem que ele é irmão de Légua, assim como muitos.

Dom Luís teve ainda outro filho, Antônio Luís Corre Beirada, este teria nascido na corte, mas não aceitou a realeza por não gostar de suas regras. Em função disso deixou a casa paterna e foi viver como caboclo agregado em outra família, neste caso a já citada Família da Mata do Codó.

Ele é um Rei
Ele é um Rei soberano,
Desceu na guma
Sou rosa de todo ano
(Dom Luiz Rei de França)

Uns dizem que ele entrou para a família da Turquia, outros, que anda pelo mundo “correndo beira”, ou seja vagando. O fato é que não usa bastão de nobreza. Neste sentido pai Brasil conclui: “uns se misturaram e outros não, uns aceitaram a mistura e outros não”(Pai Hermeto Paraense, Mineiro).
(Taissa, 2018).

Cantos
I
Corre Beirada já chegou
Corre beirada...
Corre beiras e beirinhas
Corre beira das casadas
E também das solteirinhas

II
Se chama Antônio Luiz
Estrela da Madrugada
Na mata do Maranhão
Se chama Corre Beirada

III
A noite está estrelada
Corre Beirada veio baiar
Ele veio cansado de tanto viajar
Corre Beirada vem das águas do Pará

IV
No salão da Baronesa
Corre Beirada chegou
Chegou, chegou,
Corre Beirada chegou


Vídeo Gravado no Dia da Festa de Seu Corre Beirada, na casa do Sacerdote do Zelador da ACALUZ, Oyá Messubô, Raimundo Nonato Silva.


Era muito amigo de seus dois irmãos mais velhos. Um de seus irmãos era casado. Eles viveram numa época de muita guerra e participaram juntos de muitas batalhas, mas houve uma de que seus irmãos participaram e ele não. Passado algum tempo que eles haviam partido para o campo de batalha, Antônio Luís recebeu a notícia de que os dois haviam morrido. Ele ficou muito abalado e a tristeza tomou conta de sua vida e deu para beber descontroladamente.

Certa vez, estando bêbado, “boliu” com a cunhada e ela ficou grávida. Logo depois, seus irmãos, que haviam sido dados por mortos, apareceram. Ele, sem saber como encarar o irmão e explicar a gravidez de sua mulher, preferiu se atirar no mar, onde se encantou e passou a viver em carne e em espírito.

Muitos anos depois ele incorporou num homem, que não conhecia a família dele, foi falar com o irmão, que ainda era vivo, e disse quem ele era. O irmão só acreditou porque ele falou muitas coisas do seu passado, que não eram de conhecimento público. Naquela ocasião, ele informou ao irmão que o seu nome, em terra, era Antônio Luís, e que no mar era Corre Beirada, nome pelo qual passou a ser também chamado nos terreiros onde é recebido. Depois daquela revelação, o irmão passou a ajudar o homem que foi o primeiro "cavalo" de Corre Beirada.

Não se sabe a partir de quando Antônio Luís passou a ser recebido em terreiro de Mina e salões de curadores, o que se sabe é que nos da capital maranhense ele é conhecido como filho de Dom Luís, Rei de França.

Existe uma outra história de Antônio Luís, onde ele também aparece ligado ao mar e à cachaça. Antônio Luís deveria suceder o pai, Dom Luís, Rei de França. Mas, como era dado a ocultismos e à boemia, foi destronado por aquele rei, como é narrado em uma de suas “doutrinas” cantadas em terreiros de São Luís:

“Por causa da cachaça
já perdi minha coroa,
sabe Deus e muita gente
que a cachaça é muito boa”.

Mais tarde, devido ao seu contato com magos, entrou na encantaria e passou a vir como um peixe, em salões de curadores, com o poder de curar e com muitos outros dons. Fala-se que ele se encantou num peixe, num cambel, porque, apesar de nobre, foi pescador. Por isso, quando se canta uma toada num ritual de Cura (pajelança) falando nesse peixe, já se sabe que Corre Beira chegou: “E olha os olhos do cambel, que alumeia lá no mar”...

“A mamãe tá chorando
Porque eu vou me encantar,
A mamãe é culpada
Da Mãe d´Água me levar.
Ô não chora, não chora, mamãe,
Ô não chora, não chora, papai,
A Mãe d´Água me leva,
A Mãe d´Água me leva,
A Mãe d´Água me traz”

Suas cores são: Usa azul-marinho, branco e vermelho.

CONCLUSÃO

Quem conta um conto aumenta um ponto!

Nem todo mundo acredita em encantados, mas todo mundo que já ouviu falar neles pode ter, um dia, uma experiência gratificante ou aterrorizante com eles: um sonho, uma visão, um transe.... No transe eles chegam geralmente “de assalto”, quando a pessoa está desprevenida, num momento de distração, e provocam uma sensação de sono, anestesia, ou uma espécie de desmaio. Muitas coisas podem favorecer a sua aproximação: o silêncio, o isolamento, a fome, o som destacado e persistente dos tambores e o movimento repetitivo da dança nos rituais, mas dizem que nada pode impedir a sua aproximação, nem mesmo a falta de crença neles.

Nem todo “mineiro” é vidente, mas todos estão acostumados a conviver com encantados. Eles advertem, orientam, determinam, castigam e consolam. Não seria exagero dizer que a maior parte das grandes e pequenas decisões dos médiuns são tomadas levando em conta inspirações que vêm dos seus protetores espirituais.

Tenho muitas outras histórias para contar, mas fica para outra hora. Como já me disse uma “mineira”, não se deve falar tudo de uma só vez para que se possa ter sempre algo a acrescentar...

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Pontos Cantados de Exus e Padilhas

SALVE TODOS OS EXÚS E PADILHAS

LADAINHA DE EXÚ

É mogibá seu Exu Rei é mogibá
É mogibá Seu Exu Rei é mogibá
Seu Tranca Ruas na Quimbanda é mogibá
É Mogibá Seu Tranca Ruas é mogibá
É mogibá Exu do Lodo é mogibá
É mogibá Exu do Lodo é mogibá
Tatá Caveira na calunga é mogibá
É mogibá Tata Caveira é mogibá
É mogibá seu Marabô é mogibá
É mogibá seu Marabô é mogibá
Seu Toco Preto lá na mata é mogibá
É mogibá seu Toco Preto é mogibá
É mogibá Exu Mangueira é mogibá
É mogibá Exu Mangueira é mogibá
Exu Veludo na magia é mogibá
É mogibá Exu Veludo é mogibá
Seu Tiriri lá no retorno mogibá
É mogibá seu Tiriri é mogibá
É mogibá Exu dos Rios é mogibá
É mogibá Exu dos Rios é mogibá
A Pomba Gira na defesa é mogibá
É mogibá a Pomba Gira é mogibá.


PONTOS DE EXÚS

I
O sino da igrejinha faz Belém bem bom
Deu meia noite o galo já cantou
Seu Tranca Ruas que é o dono da gira
Corre a gira que Ogum mandou.

II
Seu Tranca Ruas que nasceu na Rua,
Se criou na rua e na rua morreu
Seu Tranca Ruas,
Seu Tranca Ruas ele é dono da rua.

III
Corre, corre encruzilhada.
Seu Tranca Ruas já chegou
Vem da porteira da calunga sou!

IV
Vem dos campos de Marabô Exu ê
Tranca Ruas esta no reino
Ai meu Deus o que será
Ele vem da sua banda
Pras tronqueiras segurar
Seu Tranca Ruas
Seu Tranca Ruas
Ele é home de fama
Seu Tranca Ruas
Seu Tranca Ruas
Ele vence demanda

V
A estrela vai
O sol clareia
A lua volta e o Exu já esta na aldeia
Ilumina o mundo
Ilumina o mar
Ilumina a terra, onde Exu vai trabalhar
Seu Tranca Ruas chegou
Vem do alto lá da serra
Exu já foi coroado
Com seu conselho de guerra.

VI
Salve o sol
Estrela salve a lua
Saravá seu Tranca Ruas
Que é o dono da gira no meio da rua

VII
Ele é o capitão da encruzilhada ele é
Ele é ordenança de Ogum
Sua divisa quem lhe deu foi Omulu
Sua coroa quem lhe deu foi Oxalá
Exu, Exu Tranca Ruas.
Me abre o terreiro e me fecha rua
Exu, Exu Tranca Ruas.
Me abre o terreiro e me fecha rua

VIII
Tranca Ruas é uma beleza
Nunca vi Exu assim
Ele é madeira que nunca vai dar cupim
  
IX
Soltaram um pombo na mata
Na pedreira não pousou
Foi pousar na encruzilhada
Tranca Ruas quem mandou

X
Seu Tranca na encruza
De joelho a gargalhar
Eu entrego oferenda
Agradeço sua força

XI
Viva as almas
Salve a coroa e a fé
Ele é Exú das Almas
Ele é Exú de fé

XII
O luar, o luar, o luar.
Mas ele é dono da rua
Quem tiver as suas culpas
Peça perdão a Tranca Ruas

XIII
Quanto sangue derramado
Encima daquele chão
Aonde mora Tranca Ruas
Mora lá no meu portão

XIV
Meu Santo Antônio de batalha
Faça de mim batalhador
Mas não me deixe andar sozinho Santo Antônio, Tranca Ruas e Marabô.

XV
Estava dormindo na beira do mar
Quando as almas me chamou
Exú vai trabalhar
Acorda Tranca Ruas vem guerrear
O inimigo está invadindo
A porteira e o curral
Ponha mão nas suas armas vem guerrear
Bota o inimigo para fora,
Para nunca mais voltar

XVI
Já chegou a hora de seu Tranca Ruas
Já chegou a hora do trabalhador
É general, ele é doutor.
Ele vence guerra ele é curador

XVII
Quando passar naquela encruza.
Mas não se esqueça de olhar pra traz
Olha que lá tem morador
Seu Tranca Ruas é quem mora lá

XVIII
Estava dormindo
Curimbando me chamou
Acorda minha gente
Tranca Ruas já chegou

XIX
Em cima daquela mesa
Tem sete facas cruzadas
Ora viva Tranca Ruas
Sem Exu não se faz nada

XX
Naquela encruzilhada tem um Rei
E este Rei se chama Tranca Ruas
Na outra tem outro rei, Marabô e a Rainha Pombogira.

XXI
Era meia noite
Quando Exu chegou
Com sua faca de ponta
Dizendo que é doutor

XXII
Exu dizendo
Dizendo que era doutor
Cemitério é praça linda
Ninguém quer lá passear
Cemitério é casa branca
É casa de Exu morar

XXIII
No dia que Exu se casou
Uma festança ele deu
A carne que tinha no prato
Exu foi quem comeu
Egungum inimigo meu
Quem tem olho mau não olha pra eu

XXIV
Exu matou carneiro
Não quis comer sozinho
Chamou seus camaradas
Dividiu em pedacinhos

XXV
Exu é ferro
Exu é aço
Exu é ferro
E quebra todo embaraço

XXVI
Deu meia noite
Cemitério treme
Catacumba abre
E o defunto geme

XXVII
Eu fui no cemitério
Às onze horas do dia
Exu se levantava
Catacumba tremia

XXVIII
Olha quem esta lá fora
De capa e cartola
E tridente na mão
Será seu Tranca Ruas será

XXIX
Bate ferro mano
Quero ver bater
Se és o ferro
Eu sou o aço
Se és demônio
Eu te embaraço

XXX
Exu Rei das 7 Encruzilhadas / Exu Tranca Ruas
Mas dizem que Exu só bebe e da risada
Mas ele é Exu é o Rei das Sete Encruzilhadas
Seu Tranca queima tuia e não tem mistério
Exu mora na encruza lá do cemitério
A sua gira é forte e não tem caçoada
Depois da hora grande vai girar na encruzilhada

XXXI
Exu da Meia Noite
Exu da Encruzilhada
Exu da Meia Noite
Exu da Encruzilhada
Salve o povo da quimbanda
Sem Exu não se faz nada


MARIAS, PADILHAS, POMBOGIRAS, EXÚ MULHER


O QUE SÃO OS PONTOS DE POMBAGIRA?

São cânticos simples e rimados com temáticas variadas, para as entidades Pombagira o mais comum é encontrar pontos de temas amorosos, mas elas também possuem cânticos relacionados a dinheiro, saúde e proteção. Sempre com rimas simples e tons sensuais, os pontos atraem essa entidade para perto de você e ajudam a convencê-la a trabalhar a seu favor.

Os pontos de Pombagira não possuem muitos autores específicos, são pontos feitos coletivamente e que podem variar de terreiro a terreiro. Eles fazem parte da tradição oral dos cultos e o mais importante deles é a intenção de atrair e louvar as entidades. É comum, por exemplo, vermos pontos que apenas trocam o nome da Pombagira mas entoam as mesmas palavras e ritmo, é natural que isso aconteça e não é plágio ou apropriação. Mas sim, diferentes maneiras de saudar essa entidade.

O mais importante é a intenção com a qual você canta o ponto, e não as pequenas mudanças de um terreiro para o outro.

COMO CANTAR OS PONTOS DE POMBAGIRA?

Alguns pontos são entoados para invocar as pombagiras em geral, outros são específicos para algumas Pombagiras específicas. É importante saber o momento certo de entoar esses cânticos e o Ogã de cada terreiro é a pessoa mais indicada para orientar quanto a isso.

Os pontos de Pombagira normalmente são entoados quando se abre a gira, para dar permissão para que as pombagiras cheguem ao corpo dos médiuns. Se você conhece a sua pombagira, já tem contato com ela e ela já atendeu os seus pedidos de trabalho, pode agradá-la entoando um dos pontos citados abaixo.

PONTOS DE POMBAGIRA

ABERTURA DA GIRA

Esses pontos são muitas vezes cantados para abrir a gira e funcionam como um convite geral a esse tipo de entidade para que elas venham ao encontro do plano físico:

“Abre a roda/ E deixa a Pomba-Gira trabalhar/ Abre a roda/ E deixa a Pomba-Gira trabalhar/ Mas ela tem, ela tem peito de aço/ Ela tem peito de aço/ E o coração de um sabiá”.

“Arreda, homem!/ que aí vem mulher/ Arreda, homem!/ que aí vem mulher/ Ela é a Pomba-Gira/ Rainha do cabaré/ Tranca-Rua vem na frente/ Pra mostrar quem ela é”.

“Dói, dói, dói, dói, dói/ O amor faz sofrer/ Dor de amor faz chorar/ Dói, dói, dói, dói, dói/ O amor faz sofrer/ Dor de amor faz chorar/ Quem é você pra deitar na minha cama? Papagaio come o milho/ Piriquito leva a fama”.

“Você sabe quem sou eu, você sabe quem sou eu?/ Eu giro à meia-noite/Eu giro ao meio-dia/ Eu giro a qualquer hora /Você sabe quem sou eu, você sabe quem sou eu? Eu sou Exú Mulher!”.


PONTOS DE POMBA-GIRA ESPECÍFICOS
PARA CADA ENTIDADE

Como você deve saber, existem diversas entidades específicas da Pombagira. Se você quer homenagear ou reverenciar uma Pombagira em específico, é sempre bom entoar um cântico para ela.


I
Vinha caminhando a pé
Para ver ser encontrava
A Pomba Gira Cigana de fé
Ela parou e leu minha mão
E disse toda verdade
Amigo, você não se engana,
Pois ela é Pomba Gira Cigana.
Bem, que eu te avisei.
Para você não jogar esta cartada comigo
Você apostou na dama
E eu apostei no valete
Amigo você não se engana
Mas ela é a Pomba Gira Cigana

II
Eu ganhei uma barraca velha
Foi a Cigana quem me deu
O que é meu é da Cigana
O que é dela não é meu

III
Arreda homem que ai vem mulher
É ela pombogira Rainha do Cabaré
Tranca Rua vem na frente
para mostrar como ela é
Ela é uma feiticeira Rainha de Cabaré

IV
Abre a porteira Exú
Deixa a mulher passar
Pombogira é 
Rainha do lugar

V
É Pombogira da sandalinha de pau
É Pombogira da sandalinha de pau
De um lado trabalha para o bem
Do outro trabalha para o mau

VI
Quando era pequenina,
Fui barrada na entrada da porta de um cabaré.
Menina volta para casa 
Aqui não entra criança.
Aqui só entra mulher.
Viva aleluia!
Viva aleluia!
Ela deixou de ser criança...
Hoje é dona da rua...

VII
Abre a roda
Deixa a Pombogira passar
Mas ela tem, ela tem peito de aço
Ela tem peito de aço e coração de sabiá



VIII
Da licença, da licença catiço
Pombogira quer passar
A ê a ê Catiço, Catiço de Ganga de Zumbá.

VIX
É uma casa de pombo
É de pombogirá
Auê auê, auê auê
Auê auê, auê auá

X
Quem viu o sol se esconder
Quem viu a lua brilhar
Quem viu o espinho da rosa
Também vai ver Maria Padilha chegar
Se seus olhos são verdes
Sua cor é mulata
Seus cabelos são negros
E a Sandália é de prata
Numa mão tem perfume
Na outra tem uma flor
Na umbanda querida
Maria Padilha é da paz e amor

Para encerrar deixamos aqui cantos de terreiro que trazem nas letras aspectos de mulheres seguras, felizes, autônomas, sensuais, amáveis, trabalhadoras, guerreiras, desafiadoras e donas de si. O empoderamento feminino na figura de Pombagira nas cantigas de terreiro. Laroyê Exu Mulher.

POMBOGIRA FORMOSA

I
Eu caminhava pela alta madrugada
Sob o clarão da lua
Ouvi uma gargalhada
Linda morena, formosa mulher
Me diga quem você é
Tu és dona da rosa
És pombagira de fé
Pode abrir qualquer gira
Pode chegar quem quiser
És pombagira de Umbanda
Só não te conhece
Quem não querer

POMBOGIRA DO CEMITÉRIO

II
Moça Bonita, Moça faceira
É Pombagira, ela é guerreira
Ela trabalha na encruzilhada…
de madrugada, de madrugada
Cemitério é praça linda
Mas ninguém quer passear
Cemitério é praça linda
Mas ninguém quer passear
Lá tem 7 catacumbas
A Padilha mora lá
Lá tem 7 catacumbas
A Padilha mora lá
Mora lá, mora lá
Mora lá, mora lá
Mora lá, mora lá
Maria Padilha mora lá..

POMBOGIRA MENINA

III
Estou sentindo falta de um sorriso
Que falta esta fazendo aquele olhar
São belezas de uma Pombagira
Encantadora que tem nome de menina
Oh, Pombagira você é a mais bela flor…
Trazendo da sua encruzilha a magia que liberta o amor!

POMBOGIRA 7 MARIDOS

IV
Pombagira é mulher de Sete Maridos!
Pombagira é mulher de Sete Maridos,
Mas não mexa com ela!
Pombagira é um perigo!
Ela é Pombagira, a Rainha da Encruzilhada,
Que enfrenta seus inimigos
Com uma forte gargalhada.

POMBOGIRA MOÇA BONITA

V
De vermelho e negro, vestindo
À noite o mistério traz,
De colar de ouro,
Brincos dourados,
A promessa faz…
Se é preciso ir
Você pode ir,
Peça o que quiser…
Mas cuidado amigo,
Ela é bonita, ela é mulher.
E num canto da rua,
Girando, girando, girando está
Ela é moça bonita,
Girando, girando, girando lá
Oi girando laroiê
Oi girando lá!

POMBOGIRA MARIA PADILHA DAS ALMAS

VI
Abre essa cova quero ver tremer
Abre essa cova quero ver balancear
Maria Padilha das almas o cemitério e o seu lugar
E no buraco que a Padilha mora
E no buraco que ela vai gira.
Gira na roda mulata faceira,
gira gira a noite inteira como é lindo o seu bailar
Quando ela chega o povo se levanta, pra saudar quem vem de Ganga
Padilha Exú mulher..
Moça bonita, que comanda a encruzilhada,
solta a sua gargalhada e consegue o que quer
Olha a gira girê….

POMBOGIRA DAS ROAS

VII
Era meia noite Lá na calunga
Pomba Gira apareceu, 
apareceu Iluminada pela lua,
com a sua pele nua
um sorriso ela deu
Mas ela é, ela é, ela é
Pombagira das Rosas misteriosa mulher

POMBOGIRA MULAMBO


VIII
Mas ela é, ela é, ela é Mulambo da encruza
Minha amiga de fé Mulambo soberana da estrada
Rainha da Encruzilhada
Só trabalha pra quem tem fé
Mas ela é, ela é, ela é…Rosa Caveira
Olha quem chegou para trabalhar
Trazendo um feitiço no olhar
Rosa Caveira jeito sensual
Vai cortando com sua risada Todo o mal 
Sua morada é na figueira 
Para vencer o mal chama Rosa Caveira

PONTOS DE SUBIDA - DESPEDIDA

I
Exu bebeu
Exu já curiou
Exu vai embora
Que a encruza lhe chamou

IV
Exu levanta o ponto
Que já chegou a hora
O galo já cantou
Exu já vai embora
A estrela já brilhou
A terra estremeceu
Exu levanta o ponto
A hora já deu

V
O galo já cantou minha cangira
Já é de madrugada
Minha cangira
Exu já vai ao ló
Minha cangira
Calunga com calunga
O Exu vai embora
Adeus ele vai girar

#ACALUZ
Por. Adriano Figueiredo - Zelador e Presidente da ACALUZ
Diego Bragança de Moura - Prof. Historiador da ACALUZ
Fonte: ACALUZ - ASSOCIAÇÃO CULTURAL AXÉ E LUZ
https://umbandaead.blog.br/2018/03/08/pontos-pombagira-empoderamento-feminino/