sábado, 25 de maio de 2019

PEDALANDO PARA A ESPIRITUALIDADE


Me chamo Diogo Luiz, e faço parte de uma equipe de pedal (pedalar de bicicleta por mera aventura, esporte e lazer), moro em Belém do Pará, e sempre temos atividades noturnas, e as vezes diurnas.

Um belo dia, sai para pedalar com dois amigos, Júnior e Patrick, decidimos pedalar no parque do UTINGA, lá chegando, por volta das 16h00, saímos da trilha principal e decidimos aventurar.
Segundo um de meus amigos, a trilha iria dar na beira de um rio ou igarapé, nem ele sabia explicar ao certo. E eu, claro! Super ansioso para nadar, já que fazia muito calor e as pedaladas tinham de ser recompensadas de alguma maneira.

Mas algo de muito estranho aconteceu no caminho. Sentimento de vigília, como se alguém estivesse nos vigiando, depois de muito susto no caminho, algo correu entre a estrada de uma mata para outra, gritos constantes. Por ser um parque ecológico, achei que podiam ser turistas passeando ou fazendo trilha. Mas, aí que a coisa fica pior, paramos para observar o que tinha entrado na mata, e somente eu vi o vulto ligeiro sumindo no meio do mato. Pensei em voltar, mas eles disseram que era coisa da minha cabeça, e decidimos que não era nada de mais. 

Continuamos, porém, fomos caminhando, empurrando as bicicletas, pois, já estávamos próximos do rio/Igarapé. Quando de repente surge um homem vestindo vermelho e preto bem atrás de nós a mais ou menos uns 20m, e ficou parado nos olhando, e entrou na mata...  E mais uma vez, somente eu que via e mostrava aos outros, e eles ficavam rindo de mim.

Mesmo com muita preocupação continuamos, e quando chegamos na beira do tal rio, veio a recompensa. Não pensei duas vezes, nem tirei a roupa, pulei de roupa e tudo.

Mas, algo de errado não estava certo naquele passeio.

Começou a cair a noite, e na floresta escurece muito rápido, então decidimos pedalar o mais rápido possível. No caminho de retorno as mesmas situações, gritos, assobios, pessoas chamando para pararmos... 

Quando chegamos de volta ao parque do Utinga (no asfalto), pude ver aquele homem, na beira da estrada, que antes tinha visto, trajando preto e vermelho. Fazendo sinal com a mão para mim, como se me conhecesse, como se quisesse me alcançar e falar algo. Ao chegar em casa, dores de cabeça, tonturas, enjoos, sustos constantes, como se tivesse alguém atrás de mim o tempo todo, perda de sono. Liguei para meu amigo Adriano Figueiredo da ACALUZ, que tem um terreiro, contei os fatos aqui narrados. E prontamente me disse que iria ter Ritual de Tambor na sede da ACALUZ, localizada em Belém, no distrito de Icoaraci. E que eu podia participar. 

Não pensei duas vezes, ele disse para eu levar roupas claras, se possível na cor branca, para eu tomar banho de descargas e falar com as entidades que estivessem presentes no ritual.

E para minha surpresa e de todos. Após o banho, e o passe que me foi dado, eu simplesmente apaguei. E segundo os participantes do ritual, disseram que cai no chão, por volta das 17h30 e só retornei a consciência as 21h30.

E que segundo eles, um belo encantado se manifestou, conversou, brincou, sorriu, e disse que minha hora havia chegado, que eu tinha uma missão a cumprir e tinha de aceitar. Não me lembro de muita coisa, ou me lembro de nada, apenas sei o que me foi relatado, e aquilo que foi permitido pelo Caboclo dirigente da ACALUZ que estava ali presente.

Nunca imaginei em toda minha vida que eu era médium, que eu tinha caboclo ou entidades, nem sei ainda como falar, foi uma sensação que nem sei explicar. Meu corpo estava em choque, como se estivesse com o dedo na tomada e milhares de volts  circulando em meu corpo.

O homem que vi sorrindo na mata era meu guardião, e veio na ACALUZ, dar às boas vindas a todos, e hoje faço parte da corrente de filho e associado da ACALUZ e sou muito grato pelo aprendizado e os cuidados a mim direcionados.

Já passei por rituais de iniciação, AMACI, tenho meu anjo firmado, minhas contas e rosários. Sou feliz, estou feliz. E precisou uma aventura na floresta para descobri minha mediunidade. Para descobri que tenho uma missão a cumprir nesta terra, e que não nasci em vão. Que preciso ajudar o próximo espiritualmente a caminhar neste vale chamado terra. Se você é médium, siga sua missão, descubra seu proposito e siga em frente. Posso dizer a todos, que naquele dia eu estava Pedalando para a Espiritualidade. E Aqui cheguei, e vou ficar.

Axé e luz a todos.

Narrado pelo Personagem Diogo Luis filho de santo do Terreiro da ACALUZ.
REVISÃO: Diogo Miranda - Colaborador da ACALUZ 

segunda-feira, 20 de maio de 2019

RITUAIS E UMBANDA MATRIZ


A Umbanda é uma religião que como qualquer outra, possui rituais e elementos que constroem sua liturgia e demonstram sua cultura religiosa. Para os que vão pela primeira vez, em um centro ou terreiro umbandista, esses ritos e fundamentos podem parecer estranhos, mais se verificarmos e entendermos um pouco seus significados percebemos fazerem parte do contexto religioso no qual os umbandistas estão inseridos.

Em tópicos de postagens anteriores dissemos que na Umbanda não existe um código doutrinário ou livro sagrado que regulamente as ações uniformemente, ou seja, não tem nenhum modelo fixo a ser seguido ou poder central que regulamente essas questões determinando quais rituais ou elementos devem ser usados nos trabalhos espirituais. Essas orientações na maioria das vezes são oriundas dos próprios Guias Espirituais que fazem o trabalho de Dirigentes Espirituais ou Doutrinadores dos métodos empregados em cada grupamento mediúnico, portanto, cada centro, terreiro ou tenda de Umbanda pratica e utiliza os elementos conforme sua cultura, fazendo com que a Umbanda seja democrática e universalista.

As comparações que muitas vezes fazemos, entre os métodos utilizados entre os terreiros de Umbanda quando não são depreciativas servem-nos apenas como matéria de estudo da diversidade ritualística, pensamos que as diferenças e particularidades têm que ser respeitadas, quando não gostamos de algo, temos á total livre escolha de não compartilharmos, mas não temos o direito de julgarmos, compararmos ou difamarmos este ou aquele terreiro.

O uso de elementos para o auxílio na cura de doenças do corpo físico ou outros campos de atuação que os guias de Umbanda podem utilizar para auxiliarem seus consulentes, não substitui o tratamento realizado pelos médicos e medicamentos, apenas são uma forma auxiliar espiritualista de tratamento. Abordaremos os rituais e elementos utilizados dentro da gira de Umbanda, segundo nossos aprendizados e vivências das perspectivas práticas, com intuito de esclarecer seus conceitos e fundamentos de forma simples e objetiva.

A questão Rito-Litúrgica:
Trataremos das questões rotineiras e práticas das giras de Umbanda, os Rituais máximos como Batizados, Amaci, Iniciações para aspirantados, Casamentos e ritos fúnebres, reservaremos para futura postagem.

Orações:

Através das preces e orações que fazemos ao iniciarmos os trabalhos, conduzimos mesmo que imperceptivelmente os nossos pensamentos para Deus, ou para coisas boas, esse componente é importantíssimo para a concentração da corrente mediúnica que realizarão os trabalhos, dão a sustentação energética necessária para o grupo. As orações e preces realizadas ao término dos trabalhos servem para que possamos pedir a proteção ao voltarmos á nossas casas e agradecermos a presença dos espíritos amigos que se fizeram presentes.

Defumação:
Serve para limpeza ou purificação dos nossos corpos físicos e espirituais, realizado através da queima de ervas e essências em carvão em brasa, no instrumento chamado Turíbulo ou Defumador. A defumação também contribui para limpeza energética da casa fortalecendo as boas energias e fluidos, geralmente é realizada antes do início dos trabalhos acompanhado de pontos cantados. 

Pontos Cantados:
Chamamos de pontos cantados, todas as músicas que falam dos Orixás e Guias Espirituais, são geralmente cantados e tocados por atabaques e por médiuns que camboneiam durante os atendimentos, sua principal função assim como as orações é a sustentação energética do ambiente durante os trabalhos além de facilitar a conexão entre médiuns e espíritos, harmonizando os fenômenos de incorporação. A música é utilizada em todas as religiões, pois remetem a alegria e a energia que transmitimos de nossa fé.


Pontos Riscados:
Os pontos riscados são feitos pelas entidades, que “riscam” com pembas símbolos cabalísticos onde representam sua linha de atuação, é a representação gráfica de uma hierarquia de trabalho. Podem ser riscados também pontos de forças energéticos que os utilizam como um radar de energias para limpeza e renovação das forças do ambiente e pessoas. Utilizam também em oferendas, assentamentos e firmações. As interpretações, assim como as utilizações variam bastante de terreiro em terreiro, fato que deve ser respeitado, mas acreditamos que esse recurso pode ser um canalizador de energia utilizado como método de trabalho de nossos amigos espíritos, não somente como recurso visual e gráfico. 


São os mais recomendados pelos Guias Espirituais para todas as pessoas, pois as essências de ervas frescas, minerais ou outros elementos exercem uma função terapêutica em nossos espíritos nos limpando de cascas e larvais astrais e sutilizando nossas vibrações com a natureza e os Orixás. Como todo tratamento é realizado conforme nosso merecimento não esperemos milagres dos banhos, lembremos sempre que eles são agentes que contribuem para nossa melhoria sobretudo de limpeza espiritual e devem ser feitos sempre que receitados e tomados periodicamente.


A oferenda é um fundamento de rito bastante utilizado. As oferendas tem a função de ligação espiritual ou energética, de nós humanos encarnados com os Guias e Orixás, é o ato de oferecermos flores, frutas, bebidas, fumos, alguns tipos de alimentos preparados, velas entre tantos que são elementos de origem mineral, vegetal e animal, em agradecimentos, pedidos, quebras de demandas, aberturas de caminhos, rituais de firmezas e assentamentos. Esses elementos são absorvidos e decantados pelas entidades estreitando os laços existentes. É importante que saibamos que o conceito que o Orixá ou Guia Espiritual, “come e bebe” sua oferenda é preconceituoso e ultrapassado, pois entendemos que eles possuem métodos de manipulação das energias que emanam dos elementos e com essas energias realizam as curas e tratamentos espirituais no qual estamos autorizados á receber, dentro das leis de justiça, ação e reação para nosso auxilio.

Cruzamentos e/ou Benzimentos de elementos:
O ato de “Cruzar” elementos é o momento em que estamos diante dos Guias Espirituais ou Orixás e confiamos á eles objetos de utilização pessoal, que podem ser camisas, guias, colares, pulseiras, colônias e essências para serem consagrados e receberem seu axé (energia) de proteção ou cura. A expressão “Cruzar” é utilizada nos terreiros com bastante frequência e vem de CRUZ, que simboliza o Cristo. Um bom exemplo do que é “Cruzar”, é o sinal da cruz que fazemos em nós mesmos ao passarmos em frente uma Igreja, por exemplo, estamos reconhecendo uma das casas de Deus nesse momento, mesmo não sendo católicos além de ser um cruzamento é um costume cultural.

Fluidificação de água:
Acontece em várias das vertentes de Umbanda, Mentores e guias incorporados em seus médiuns. A água é magnetizada alterando sua constituição e somando os sentidos de cura e tratamento. A prática é muito conhecida nos centros espíritas, sendo objeto de estudos que já comprovaram cientificamente que a água magnetizada ou benzida em centros e terreiros tem suas propriedades alteradas ou melhoradas com fim terapêutico.

Elementos de Trabalho

No livro “Umbanda Pé no Chão” de Norberto Peixoto ditado pelo espírito de Ramatís, a definição utilizada para Congá ou Altar é de Atratator, Condensador, Escoador, Expansor, Transformador e Alimentador, entendemos que esta definição resume que os altares são os pontos de forças físicos dentro dos terreiros feitos para os Guias e Orixás, onde suas funções vão além de enfeitar, são a segurança e alicerce vibratório para que as energias do ambiente sejam absorvidas depois transformadas e escoadas para outras dimensões. Sua constituição é feita de imagens de Santos, Orixás, Guias, velas, pedras, cristais e outros apetrechos e objetos dependendo da casa.

Imagens:
As imagens que compõem os Congás são cruzadas e imantadas, ou seja, receberam o devido preparo de ser o ponto de força energético dos Guias e Orixás, que na linguagem popular conhecemos como o firmamento. Essas imagens são em sua maioria de gesso, porém podemos ver algumas em resina ou madeira.

Podemos realizar através delas o ato de iluminarmos, é ponto para que as pessoas firmem seus pensamentos e possam fazer orações. As velas possuem os elementos fogo, ar e terra que são princípios de nossa natureza e onde os Orixás se fazem presentes. O uso de velas não é particularidade da Umbanda, pois sua utilização acompanha a história dos Homens e das Religiões.

As guias e colares são feitas de contas de cristal, miçangas, pedras ou outros elementos conforme orientação do Guia e tem a função ritualística de representar a energia e força (axé) dos Orixás, fazendo a segurança energética dos Chakras dos Médiuns. Podem ser recomendadas para uso fora do ambiente religioso, porém sua utilização implica em muito respeito e zelo por parte de quem usa.

A roupa para o trabalho mediúnico de Umbanda são camisas e calças brancas, outras cores em tonalidades claras também são comuns. Para a assistência não há nenhuma imposição para uso desta ou daquela roupa, deve-se respeitar o livre arbítrio e as possibilidades materiais das pessoas, porém o uso de roupas brancas ou em tons coloridos claros é recomendado para todos. A orientação para que os médiuns umbandistas utilizassem roupas brancas é oriunda do “Caboclo das Sete Encruzilhadas”, desde 1.908, mais essa orientação não é espontânea e aleatória possui fundamentos, que vão ao encontro com a história da humanidade entre filosofias religiosas, políticas e científicas que correlacionam à cor branca com o sagrado ou a pureza dos seres. Provado inclusive no campo científico por “Isaac Newton” que a cor branca que reflete do Sol contém elementos de outras cores que formam o arco íris, se fizermos um comparativo com os Orixás teremos Oxalá com o simbolismo de cor branca, que irradia todas as outras cores que seriam os outros Orixás.

Charutos, Cachimbos, Cigarros e fumos em geral:
São elementos de base vegetal que quando são queimados e exalados pelas entidades, serve de apoio para seus trabalhos, à combustão dos vegetais que eles contêm fazem uma espécie de defumação com elementos etéreos, ou seja, como elementos energéticos e magnetizadores ajudando na limpeza e reordenação dos Chakras dos consulentes. O uso desses elementos é alvo de muito preconceito e má interpretação, temos que ter o discernimento para entendermos seu fundamento e para verificarmos se o Guia utiliza para fins terapêuticos ou se ele usa o tempo que esta em incorporado apenas para fumar, esquecendo-se de seu trabalho e responsabilidade.

Bebidas:
As bebidas obedecem à mesma condição dos cigarros e charutos, são agentes condensadores, que auxiliam os Guias á realizarem limpeza de corpos e espíritos e desintegram trabalhos de magias e feitiçarias de finalidade geralmente maldosa. Seu uso também deve receber atenção e promover estudos em sua volta, para que a Umbanda e seus falangeiros não sejam confundidos com pessoas de religião que são viciados em álcool.
#ACALUZ

Referências:
Umbanda Pé no Chão.
Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada.
Material de apoio do curso livre de Teologia de Umbanda - Umbanda EAD.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

CABOCLA HERONDINA


1. Fundamentos e (His) Estórias

HERONDINA...???
ERONDINA...???
HERUNDINA...???

Princesa, mãe das matas e dos animais, cabocla ajuremada (aprendeu costumes indígenas) cujo destino que sempre esteve traçado, se divinizar como princesa para num reino espiritual ir morar, no qual a história conservou e sua lenda, todos agora podem abraçar e se debruçar em uma pesquisa vasta, feita com atenção e carinho pelos pesquisadores da ACALUZ – Associação Cultural Axé e Luz.

Faremos várias passagens em trechos que remetem sua “vida” no Tambor de Mina, na Jurema Sagrada, na Umbanda, nos próprios contos da Mina no Maranhão. Mostrando hábitos, costumes, oferendas, narrativas que nos fazem pensar e refletir sobre as entidades que recebemos.

Princesa, maravilhosa, linda, bela, magnífica, digna de adoração, se encantou como princesa como mágica do destino, como o sopro de Deus guiado pela mão da verdade, é princesa encantada, é maravilha da natureza, é divindade, princesa turca que Deus escolheu para encantar, aquela que o destino selecionou para com ele dançar e cuidar de seus filhos, escolhidos pela espiritualidade.

Ao dançar, faz tremer toda a mata, abraça e leva com ela todas as nossas cargas negativas sem jamais devolver. Que as divindades sejam invocadas, que os tambores comecem a soar, que os guias, orixás, caboclos, divindades, encantados e Voduns façam a roda para nela nós dois dançarmos e aí mesmo nos unificarmos. Se eu vou, você também vem, e se você vem, eu também vou, o sinal é você quem dá, pois o dia certo chegará. Herondina princesa encantada, assim como o teu destino eu também te convido para dançar. Venha se debruçar nesta leitura que nos fascina com seu encante.

RESUMO DE MUITOS FATOS ENCONTRADOS:
Herondina é uma divindade cultuada no tambor de mina, em terreiro de umbanda, ela é uma princesa turca que se ajuremou (passou a se vestir e seguir hábitos indígenas) aqui na Amazônia brasileira, quando veio com seu pai e suas duas irmãs, Mariana e Jarina, onde cada uma seguiu seu próprio destino.

QUEM É HERONDINA?
A vida de dona Herondina foi e será sempre encoberta de nuvens e relatos conflitantes. Para mim esta história continua a ser contada e vivida a cada momento nos terreiros, quando a força desta entidade se manifesta através dos inúmeros filhos seus.

HERONDINA SEGUNDO A VISÃO DA UMBANDA
A magnífica guerreira amazonas cabocla Herondina, antes de Herondina sua última encarnação na terra foi na Roma Cristã no início ainda, era filha adotiva e irmã também adotiva das outras duas, líder de ponta dos povos de Caruê na encantaria amazônica [esse povo é pertencente à linha dos felinos, o que quer dizer, obviamente que tem como animal de força, os felinos, muitas vezes se manifesta ou se transformam nesses animais no “astral”, como já foi descrito por muitos videntes], atua sob o comando de mãe Oiá [Iansã], orixá feminino que atua na linha da justiça junto com Xangô e na linha de lei junto com Ogum. Mãe Herondina é muito reconhecida pelos seus trabalhos quebrando demandas, desfazendo baixas magias, desativando “bombinhas” e até mesmo curando seus pacientes ou filhos de cabeças de larvas astrais, oriundas muitas vezes de trabalhos magísticos, perniciosos frutos em geral do desespero, da mágoa, dos recalques, sentimentos mal resolvidos, enfim, da pequenez humana. Além do arquétipo da guerreira é bem menos “faladeira” que as outras irmãs; austera apesar de acolhedora e muito protetora, em especial, com seus filhos de cabeça. Cabocla Herondina lembra muito a carta nº XI do tarot, a força, a qual é representada por uma mulher subjugando elegantemente um leão, assim como geralmente se “manifesta”, acompanhada sempre de sua onça preta ou pintada. Ou seja, simbolizando determinação e autocontrole, o controle dos instintos e o equilíbrio interno; ela pode ser relacionada, ainda, com as cartas nº IX, o Eremita, o solitário caminho sabedoria e a carta nº I, o mago, o iniciado, lembrando assim exu, que é a linha esquerda da Umbanda.

Não obstante dessas três caboclas, a cabocla Herondina é a única que atua como exu nos dias de trabalho dessa linha, guardando, protegendo, abrindo os caminhos e executando a lei, assim como todos os bons guardiões, exus e pombas-giras. Em sua linha virada, Herondina em Ganga canta bravamente:

A HISTÓRIA DE HERONDINA NA ROMA CRISTÃ, CONTADA PELA PRÓPRIA ENTIDADE:
Em tempos da Roma antiga, no período Cristão, Herondina, teve sua penúltima encarnação. Era Romana, de temperamento muito intempestivo, mas dona de um imenso coração. Não gostava de injustiças e sempre defendia os escravos, da fúria dos Senhores, atacando-os ferozmente, era exímia guerreira, lutava melhor que muitos homens, desafiando-os abertamente, por conta disso vivia se metendo em encrencas, que só lhe eram aliviadas, por causa do Pai, um Senador Romano de muito poder em Roma. De família riquíssima e tradicional, mesmo Real, Herondina, que naqueles dias se chamava de outra forma, queria entrar para os exércitos de Roma, acariciava esse desejo desde menina. O Pai, embora orgulhoso e altivo, como cabia a um Senador Romano, sempre lhe fazendo a vontade, dessa vez negou-lhe o "capricho", e cansado dessa inquietação da filha e de suas feituras "transloucadas" pela Roma Antiga, resolveu por bem ou mal obrigá-la a casar. Esse fato provocou uma imensa revolução, a Romana se rebelou, esperneou, de tudo fez, e mil histórias criou, mas não conseguiu nem que seu Pai voltasse atrás ou mesmo o noivo, a quem ameaçou matar sem clemência na Lua de mel. Um dia, ouvindo escondida uma conversa do Pai, com o tal noivo, descobriu que o Pai e o Noivo, tinham o mais profundo desprezo pelos chamados "Cristãos". Ouvindo isso, a moça Romana, deleitou-se com a ideia de se tornar por sua vez uma tal de Cristã também, assim o noivo desistiria do casamento, nem sabia como era, mas resolveu se tornar uma Cristã seja qual fosse o significado disso. Depois de procurar em segredo, através de uma escrava de confiança, descobriu aonde se reuniam os Cristãos. Nas Catacumbas, era principalmente o lugar em que os Cristãos faziam suas reuniões. Continuou frequentando as reuniões, e de certa forma concordava com o que se pregava ali, mas estava muito mais interessada em se desvencilhar do "maldito" que é como definia o noivo. Certa feita, em uma dessas reuniões, a legião Romana passou e prendeu a todos os presentes. Fez-se então uma brutal jornada entre as catacumbas e as prisões, a Romana então esperneou, espraguejou, anunciando-se como filha de um Senador Romano, em suas vestes pobres e disfarçadas, tudo que conseguiu foi o deboche dos insensíveis e cruéis guardas. Aprisionada juntamente com os outros e ferida, pois era atrevida e enfrentava os guardas, esperou juntamente com uma pequena multidão, entra mulheres, idosos e crianças, o inevitável, no dia seguinte seriam devorados pelos famintos Leões, feras que eram criadas somente para esses espetáculos terríficos e perversos. E assim, sob um sol de verão na Roma Antiga, juntamente com os Cristãos primitivos, a Romana, fora jogada às feras, sem que sua família atinasse pela sua falta, pois vivia sempre sumindo em suas incursões pela Cidade de Roma. Olhando aquele espetáculo terrível, daquelas pessoas que aprendera a estimar de longe, em sua farsa de falsa Cristã, sentiu imensa dor pelos que estavam ali, viu o significado do que era Roma, um monstro devorador e cruel. Depois de algum tempo vendo tudo aquilo sem poder fazer nada, ainda com dor dos ferimentos, por ter apanhado, percebeu o olhar de uma das feras sobre si. Sua alma gelou, era agora a sua hora, então pensou rapidamente em Jesus, nas lições que ouvia nas Catacumbas, ajoelhou-se olhando aos céus e disse -" Se és o Cristo Jesus, então ensina-me a domar as feras", fato é que o Leão então aproximou-se e a Romana, olhou em seus olhos, eis que a fera ajoelhou-se em mansuetude, submissa a seus pés, ela não era mais a mesma, havia sido ungida por Jesus, tudo estava claro agora. Olhando em volta os outros serem devorados, sentiu-se injusta e corajosamente ordenou que o Leão a devorasse. No que foi feito sem, que não antes, ela mostra-se ao Pai, que impassível assistia a tudo esse espetáculo monstruoso, ela queria despertar-lhe a alma para a bondade e o amor Divino.

Um Reino, primeiramente vamos entender que o Mistério Herondina, Não é simplesmente uma só Cabocla, pois se trata de uma falange ENORME. Dentro dessas falanges temos uma hierarquia, assim os Graus, pois tudo no mundo Espiritual é Hierarquia vão se distribuindo. Uma Herondina mais e mais é Grande Mestra, é de um arquétipo Guerreira, são como Amazonas, sua encantaria pertence ao REINO DOS KARUÊ, esse Reino é da evolução dos Felinos conforme já visto anteriormente. São aguerridas e muitas vezes o vidente enxergam um felino belíssimo, gigante, depois se transforma na Guerreira, noutras vezes vêm montada em um Leão, Tigre, Pantera, Onça...

Desencarnada, subiu aos Reinos, e "Ajuremou-se", adentrou as Escolas Iniciáticas, sem precisar mais passar pela carne, foi colocada por Jesus Oxalá, para servir nas Lides da Umbanda, onde fundou suas imensas falanges. É irmã "adotiva" das Encantadas Toya Jarina e Mariana.
CANTANDO PARA CABOCLA HERONDINA
Abaixo, pontos para a Cabocla Herondina, para uns, índia guerreira, para outras e em outros Estados, Cabocla Braba. No Pará simplesmente Cabocla Herondina, quebra demanda e feitiços pesados. Muito respeitada e admirada por todos quando chega.

I
Eh ganga, eh ganga eh gannnga,
A onça é negra seu cavalo é alazão(bis)

II
Onça, Tigre é seu cavalo
Surucucu é seu gibão
Cascavel sua peneira
Jibóia seu cinturão.

III
Ela passa a lagoa
lagoa do Jucá(bis)
Quem duvida venha ver
A cabocla Herondina Trabalhar

IV
No mar tem flores
Tem rosário de Nossa Senhora(bis)
Arueira meu São Benedito
Cabocla Herondina chegou nesta hora

V
Oh dina oh dina, Dina Oh(bis)
Baiou no couro, Dina oh
Baiou no vidro, Dina oh
Baiou na mata, Dina oh
Na Encruzilhada, Dina oh

VI
Deu uma ventania oh ganga
Nu alto da serra,
É ela a cabocla Herondina oh ganga...
Que vem vencer a guerra. (bis)

VII
Éh de cocoriô, é de cocoriá
Cabocla Herondina é de umbanda só
Umbanda só, umbanda só,
Cabocla Herondina é umbanda só

VIII
Com facas e punhal na mão
Seu corpo crivado de agulhas
É ela a Cabocla Herondina
Ninguém lhe toca, ninguém lhe bula

XI
Herondina é uma moça mal
Deu três gargalhadas no céu
Deu três, deu três,
Deus três gargalhadas no céu

XII
Ela veio de barra a fora
Ela cruza o mar
Ela cruza as matas
É ela cabocla herondina
Mas pelas matas ela é cabocla braba(2x)

XIII
Ela é cabocla
Rondeira de Roma
Ela vem de longe
Vem beirando o mar
É herondina
Trazendo facas e punhais (2x)

XIV
Para quem bolir
Com suas pedras
As pedras que o sol expirou(2x)
Aonde herondina trabalha
Debaixo da lua e do sol
Ela é herondina
Ela é malvada
Na encruzilhada ela dá gargalhada(2x)

XV
Ela é cabocla
Ela é tapuia
Ela vem das matas
Pra beber na cuia(2x)

XVI
Ela é filha da onça negra
Ela é neta de cabuçu
Quando vem correndo nas matas
Vem comendo carne crua(2x)

XVII
Ela vem da barra
Ela vem da barra
Ela vem da barra
Dos lençóis onde ela mora
Ela é uma cabocla
Ela é mandingueira
É Herondina a mais formosa feiticeira
Ninguém lhe toque
Ooh ninguém lhe bula
É Herondina e tá na ponta da agulha (2x)

XVIII
Aonde ela mora
Tem cravo e girassol
Pra quem não sabe
Seu nome é Herondina
Cravina roxa açucena de seu pai (2x)

XIX
Herondina vem de Roma
Herondina ela é romeira (2x)
Aqui chegou foi Ela
Herondina na trincheira (2x)

As Doutrinas podem ser encontradas também em nossa página abaixo:
http://www.acaluz.com/2010/01/cantando-para-cabocla-herondina.html 

Por. Adriano Figueiredo Leite - Zelador e Presidente da ACALUZ
Pro. Diego Bragança de Moura - Historiador da ACALUZ 

sexta-feira, 3 de maio de 2019

COMPORTAMENTO NO TERREIRO


Olhar o médium não somente no desenvolvimento espiritual, mas em seu comportamento dentro do culto é um dever de cada zelador. Aplicando as normas da casa, observando as supostas falhas, corrigindo vícios que deflagam no futuro um médium cheio de manias e sem hierarquia alguma.

Tem médium que entra na corrente já se sacudindo todo, se der chance incorpora antes da Entidade dirigente dos Trabalhos, e não pode ouvir um ponto que é da "sua" Entidade, que já está dizendo que não consegue segurar e precisa dar passagem. 

Mas, o médium sério entende que sua Entidade está no Terreiro e nem sempre precisa estar incorporada para trabalhar, e portanto, havendo necessidade, pede licença para ajudar no que a casa precisa. Respeitar a hierarquia, a doutrina da casa é fundamental e gera respeito para com todos os presentes...

Lembro das palavras da Cabocla Herondina: "CANTAR, BATER PALMA, FIRMAR A CABEÇA, TUDO ISSO É PARTE DO TRABALHO!" Não adianta nada estar ali, cheio de capa, guias, com copo na mão, charuto na boca, mas quando chega a hora de cantar, não conhece um único ponto, ou simplesmente não canta.

PONTO DE UMBANDA É ORAÇÃO NÃO SE ESQUEÇAM DISSO.

Outra coisa, médium bom é aquele que respeita sua casa e sabe valorizar o chão onde pisa, e isso no sentido literal, ou seja, se precisar limpar o chão, lavar parede, tirar o lixo, atender a assistência, fazer comida de Santo, ajudar nas entregas, o que for, está ali, aprendendo com humildade. Médium que pensa que "trabalhar" na Umbanda é só estar incorporado, e ainda acha que está fazendo muito, esse não está nem no primeiro degrau dessa longa e vagarosa escada chamada evolução.

Portanto, caros irmãos que iniciam agora sua caminhada ou até mesmo os mais antigos, aprendam isso: a corrente é a firmeza da Casa. 

Se você perceber que precisa estar ali cantando e ajudando, não se encabule de conversar com sua Entidade. Se for mesmo necessário incorporar naquele momento, você saberá.

Eles nos ouvem, não existe essa coisa de "meu Guia tem que trabalhar" - mas quando decide faltar no Terreiro por conta de festa, viagem, etc, aí o Guia não precisa trabalhar? NENHUMA ENTIDADE DE UMBANDA É DÉSPOTA, nem vai transformar seu aparelho em escravo. Temos que tomar cuidado com nossa própria presunção em achar que se não incorporarmos, não trabalhamos.

Os Guias são nossos amigos, e como tal nos entendem através da conversa, da comunicação.

Portanto, ao chegar em seu Terreiro, bata a cabeça, cante, bata palmas, ajude no que você puder, e respeite os irmãos, respeite a hierarquia, respeite a doutrina da sua casa.

Todos juntos pela umbanda!
Mensagem dos bons espíritos!