quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

ENCANTARIA E SEUS MISTÉRIOS


 
“Quando os nagôs chegaram, já tinha aqui trabalhos de pajelança, coisa de encantaria, o espaço “celeste” já era habitado, e como agradecimento por serem recebidos nessa terra estranha, acolheram esses visitantes na virada pra mata, quando se interrompe a louvação às entidades africanas e o tambor “vira”, permitindo a manifestação dos caboclos, que então cantam em português.

Encantados no mar, nas matas, Ilhas, croas, árvores, rios, pedras e serras, formam uma outra geografia maranhense que elimina os limites do espaço físico e mítico. A praia dos Lençóis, a Ilha dos Caranguejos e a pedra de Itacolomi são a moradas de encantados onde todo mundo vai passear. Transformam o tempo cronológico em “social”, onde figuras das mais diferentes épocas e países se encontram e se relacionam. Vencem a morte desaparecendo “vivos” no momento do encante, e suas biografias continuam em construção. Burlando conceitos como céu e terra, vida e morte, santos e pecadores, os caboclos realizam plenamente no plano espiritual a miscigenação étnica brasileira, com a naturalidade desconcertante de uma religião voltada para a ancestralidade.

Fidalgos europeus, cristãos, turcos, judeus, ciganos, índios, piratas, boiadeiros, pretos velhos, princesas, marinheiros, mães d’água, botos, caboclos mestiços vindos de toda parte, na Mina “desce todo tipo de gente”. São várias linhas, nações e regiões que se Interligam e interrelacionam em inúmeras variantes.

Rei da Turquia, o Ferrabrás de Alexandria da História do Imperador Carlos Magno e os doze pares de França, chefia uma família imensa de encantados, da qual fazem parte outros personagens dessa estória como seu cunhado Guy de Borgonha e sua irmã Floripes, que chefia os Borgonhas, um dos três ramos da família Turquia.

“Seu” Turquia veio para o Brasil no navio encantado e seu primo D. João, o fidalgo português, após ser derrotado na guerra dos cristãos contra os mouros. No entanto, ao portar no Outeiro da Cruz, onde o navio era visto por muitos nas festas do Terreiro do Egito, D. João zarpou deixando lá seu primo, que andando pelas imediações chegou na aldeia em festa de Caboclo Velho, Rei dos Caboclos, o primeiro a “bradar” no Tambor de Mina, de família numerosa e chefe da linha de Jurema Branca. Convidado por este, estabeleceu-se ali tornando-se seu grande amigo, onde adotaram filhos um do outro, ficando tão ligados que os Ramos, outra das famílias turcas, são chefiados por Caboclo Velho, e vários filhos do Rei da Turquia adotaram nomes indígenas como Juracema, guia de Pai Euclides, seu irmão Jaguarema, um anti-cristão convicto que zomba dos santos, Iracema e Ubirajara, no melhor estilo romântico indigenista.

Tabajara, outro filho de”Seu” Turquia que é o chefe dos caboclos na Casa Fanti Ashanti, lutou na guerra do Paraguai, onde ferido em combate foi socorrido pela índia Bartira, com quem se casou. Bartira por sua vez é irmã da Cabocla Jurema, cearense, e grande amiga de Balanço das Águas, nobre português filho do Barão de Guaré, que desentendendo-se com sua família veio para o grupo dos turcos a convite dela. A terceira grande família dos turcos, os Ferrabrás, são chefiados por Douro, a francesa Joana D'Arc, filha adotiva do Rei da Turquia.              

Rei Sebastião, o Rei português desaparecido em Alcácer-Quibir é dos encantados mais antigos da Mina, tem seu reino encantado submerso na praia dos Lençóis, onde acredita-se que se desencantar “porá abaixo o Maranhão”.

Légua Boji, chefe do Terecô - Tambor da Mata, religião da região de Codó, interior maranhense - é um vodum cambinda que entrou na mata. Antônio Luís, o  Corre-Beirada, “farrista” de Pai Euclides que comanda o Bumba-boi da casa, um filho de D. Luís Rei de França que deixou o trono pela boemia.

Rei Surrupira do Gangá é o chefe de outra grande família de indígenas, que também vêm como caboclos, e tem um ritual bastante complexo específico para eles: O Canjerê, ou tambor de Borá.

Todas essas estórias e inúmeras outras refletem a imensa teia de relações sociais da comunidade “do santo”. Pai Euclides Talabyan, chefe da casa, é um babalorixá internacionalmente conhecido, autor de três livros sobre cultura afro-brasileira e iniciador de dezenas de país de santo espalhados por todo o Brasil. Chefia com esmero a enorme família dos filhos, sobrinhos e netos de santo, de sangue e de afinidade, que junto com os voduns e encantados que carregam engendram uma convivência social que não só harmoniza de maneira tão complexa quanto natural os planos social e espiritual, mas também permite a eles exercerem seus talentos de músicos, dançarinos, cantores excelentes que são.

A Casa Fanti Ashanti, em atividade, desde 1954, é um verdadeiro centro de cultura popular maranhense, onde num calendário anual repleto, se realizam com capricho e rigor uma grande quantidade de manifestações sagradas e profanas como os toques de Tambor de Mina, Candomblé, Cura/Pajelança, Baião de Princesas, Samba Angola, Mocambo, Bancada, Avaninha, Encruzo, tambor de choro, almoço dos cachorros, tambor de crioula, tambor de taboca, bumba-boi de baixada, carimbó de caixa, queimação de palhinhas, festa do Divino, ladainhas, procissões e inúmeros outros rituais internos.

Os cantos são chamados doutrinas, são de uma clareza surpreendente. São melodias matrizes da nossa música popular, pequenas contas que como os Cocos, Sambas de Roda e outros cantos, formam esse fio que nos guia e nos protege.”

Casa das Minas

A Casa das Minas é um dos templos afro-brasileiros mais tradicionais, sendo talvez um dos únicos que se consideram basicamente jeje (Fon), e que, de acordo com investigações realizadas há mais de trinta anos por Octávio da Costa Eduardo (1948), relaciona-se provavelmente com a família real de Abomey, capital do antigo Reino do Daomé , na atual República Popular do Benin. Estabelecida em São Luís do Maranhão, na primeira metade do século XIX, a Casa das Minas é um dos mais antigos terreiros de cultos afro-brasileiros, possuindo grande prestígio no meio religioso afro-maranhense. Este prestígio faz com que ela seja respeitada, temida e talvez por isso mesmo pouco conhecida. É considerada a casa-mãe de outros terreiros de tambor de mina do Maranhão e da Amazônia, constituindo-se num dos modelos de organização religiosa afro-brasileira.

Atualmente a Casa das Minas possui cerca de uma dezena de vodunsi ou filhas-de-santo, quase todas com mais de 60 anos de idade. Um número reduzido, se comparado à maioria dos outros grupos de tambor de mina, ou com aquele encontrado na própria casa: à época de mãe Andresa, por exemplo, chegava-se a ter numa mesma festa mais de cinqüenta vodunsi, diversas delas filhas-de-santo desde criança.

Em relação às mudanças, fala-se que a casa é muito conservadora, não aceitando inovações em seus rituais. As vodunsi dizem que não querem que a casa se transforme num terreiro beta, ou num centro de umbanda, e não aceitam entre elas pessoas que recebam caboclos, mas apenas as que têm um vodum jeje-nagô. Ainda segundo a tradição, as filhas da casa não podem ter dançado antes em outros terreiros e até mesmo os tocadores de lá não podem tocar em outras casas, “para não misturar o toque”. Fala-se que antigamente as chefes das outras casas mandavam para lá os que tinham vodum jeje, como até hoje as de lá continuam mandando procurar outras casas aos que não têm vodum de lá. Embora comente-se que, atualmente, as outras casas já não procedam mais assim, querendo ter entre seus filhos-de-santo pessoas que se dizem com santo jeje, considerado mais nobre e de maior prestígio no meio religioso.

Nos últimos vinte anos, entraram na Casa das Minas, como vodunsi, apenas cerca de meia dúzia de pessoas. Destas, três não freqüentam a casa pois “foram entregadas”, como se diz, por terem antes freqüentado outros terreiros, tendo, com isso, sofrido várias doenças,  principalmente doenças mentais. Entre as outras três vodunsi, uma que também estava louca morreu logo, outra vive fora e comenta-se que pretende abrir uma casa no lugar onde vive, o que é considerado pelo grupo como uma heresia. Apenas uma delas dança regularmente, há uns quinze anos, sendo considerada novata e inexperiente. Há mais de vinte anos também não se têm realizado “festas grandes”, com o oferecimento dos sacrifícios de animais a todas as atividades da casa, o que é muito dispendioso. Sempre há um pretexto para que se adie a festa para outra oportunidade. Alegam, por exemplo, que não podem assumir todas as despesas com a festa, ou então que morreu uma das vodunsi, estando a casa de luto, ou que uma pessoa importante da casa encontra-se doente. Há ainda outras justificativas, como a proximidade com a data prevista para outra festa muito trabalhosa, ou o estado de saúde da pessoa que lidera o grupo, o que a impediria de participar. Enfim, sempre há um pretexto. A despeito deles, as vodunsi dizem que apreciam fazer uma festa grande para que venham novas filhas, mas, ao mesmo tempo, evitam fazê-la, apesar de saberem que há pessoas amigas dispostas a colaborar nas despesas.

Algumas vodunsi dizem que houve no passado tentativas de fechar a casa, mas que ninguém sabe fazê-lo, pois as fundadoras africanas não ensinaram. Outras dizem que a casa não pode ser fechada e que o grupo delas não vai acabar. Dizem também que quando todas morrerem, se  não tiverem continuadoras, a casa ficará para o Estado, que poderá transformá-la numa escola ou num museu. Recentemente, ao término de uma  festa, observamos uma das vodunsi derramando água, do quarto dos santos, no local onde se sentam os tocadores, dizendo que elas estão necessitando de novos tocadores. Atualmente duas filhas, embora semi-analfabetas, estão freqüentando um curso de francês e um curso de  extensão na universidade, sobre língua e cultura Fon. Elas têm a intenção de, com alguma ajuda de fora, irem à África, pois pretendem aprender lá alguns rituais que foram perdidos pelo grupo. Os vodunsi consultados dizem que elas podem ir e aprovam tal iniciativa, mas são de opinião que, provavelmente, não irão mais encontrar o que procuram, e que na própria casa elas têm tudo de que precisam.

Em 1974, uma chefe do grupo, já falecida, sem consultar as demais vodunsi, doou algumas peças da casa, inclusive um tambor grande, para um museu que estava sendo organizado pelo governo, em troca de alguns consertos no prédio. Alguém comentou, referindo-se à pessoa e ao próprio grupo, que este gesto era como uma espécie de suicídio cultural. Nos últimos três ou quatro anos têm sido feitas reformas no prédio, com ajuda solicitada por pessoas do grupo e executadas com recursos provenientes de órgãos públicos. Atualmente tem crescido o interesse de pessoas de fora por esse grupo religioso, como resultado do afluxo turístico, parte pela divulgação da casa, feita por exemplo através de obras literárias, como Os tambores de São Luís, de Josué Montello, ou mesmo pela presença de estudiosos e pesquisadores interessados em religiões afro-brasileiras. Mas na sociedade, de modo geral, predominam preconceitos contra o tambor de mina, contra a Casa das Minas e contra outras manifestações congêneres, como coisa de negro e como algo malévolo.

Como constata Mundicarmo Rocha Ferretti, em pesquisa que está realizando atualmente com outro grupo de tambor de mina de São Luís, sobre valores do grupo expressos nos rituais de caboclos, os rituais do tambor de mina, como em geral dos cultos afro-brasileiros, parece que não se prestam bem a certos tipos de análises simbólicas de rituais. Por exemplo, do tipo das propostas por Turner (1972: 12/14), sobretudo no aspecto operacional ou na maneira em que os símbolos são utilizados pelo grupo, que descrevem e comentam inúmeros detalhes dos ritos, interpretando os seus significados. Nas religiões afro-brasileiras, sendo religiões iniciáticas, a maior parte das explicações dos sentidos simbólicos dos rituais é transmitida apenas durante os rituais de iniciação e costuma ser considerada como “um fundamento” secreto, ensinado só aos iniciados. Os demais não têm acesso a este conhecimento, e nestes grupos a pergunta geralmente é vista como mera curiosidade malsã. Muitos aspectos da religião são considerados como um mistério - como também ocorre, por exemplo, no catolicismo divulgado popularmente no Brasil, com o dogma da Santíssima Trindade ou com o conceito de Divino Espírito Santo. Nas religiões afro-brasileiras muitos ensinamentos e conhecimentos são também considerados como um mistério. No tambor de mina do Maranhão é comum o costume de não se dizer nem mesmo o nome das divindades e de nomeá-las por apelidos como Pedrinha, Joãozinho, o Branco, o Moço, Rei dos Mestres, Povo da Rua etc. Dizem que as mais velhas da Casa das Minas eram muito desconfiadas e não gostavam que as mais novas ouvissem suas conversas e que muitas vezes, para não serem entendidas, elas conversavam entre si em língua africana ou com muitas palavras jeje. As mais novas dizem mesmo que, devido a todo este segredo, muitos conhecimentos do grupo foram perdidos, ou não foram transmitidos. Elas comentam que nem tudo se pode dizer e que os negros, como os maçons, nunca dizem tudo o que sabem, pois saber é poder. Elas dizem que conhecem o significado dos cânticos, pois as mais velhas ensinaram, mas é um segredo que não pode ser revelado a todos. As palavras ditas nos rituais também são secretas, pois muitas servem para chamar as divindades. Se por um lado o grande número de segredos fez talvez com que o grupo perdesse certos conhecimentos, por outro lado, trata-se de uma estratégia de preservação do grupo e do que lhe é mais caro e importante, e, portanto, de uma estratégia de resistência cultural. Ao mesmo tempo, a preservação ciosa dos segredos parece que é um dos fatores responsáveis pelo grande prestígio da Casa das Minas no meio religioso afro-maranhense, pois ela é tida como a casa que mais preserva as tradições dos antepassados africanos no Maranhão.

Constatamos, pois, que na Casa das Minas a religião é preservada como uma estratégia de resistência do grupo, que por um lado resiste a inovações, não aceitando que as filhas-de-santo recebam caboclos e, ao mesmo tempo, que se adapta a certas circunstâncias, aceitando a colaboração de amigos na arrecadação de fundos para as festas, ou aceitando verbas públicas para a execução de consertos no prédio, pois a casa já passa a ser considerada como fazendo parte das tradições culturais da cidade. Em alguns aspectos há, portanto, uma estratégia de adaptação às circunstâncias, semelhante, por exemplo, à estratégia do socialismo de algumas modernas nações da África, em que convivem elementos do capitalismo e do socialismo. Trata-se de uma estratégia de procura de diálogo, de aceitação de algumas idéias do outro, procurando preservar alguns princípios mais profundos. É uma estratégia desenvolvida pelos dominados. Ao nível da consciência dos membros do grupo, a casa não muda, embora, ao nível da realidade, possam ser constatadas algumas mudanças pelo próprio grupo, como, por exemplo, a perda de certos rituais e a tentativa de reavê-los por uma inovação tradicionalista de uma volta à África, por exemplo. Pode vir a ocorrer na Casa das Minas o que ocorreu com a capoeira, que perdeu muito de suas características populares de espontaneidade, por interferência da política cultural do governo, que modificou inclusive sua filosofia (Areias, 1983: 68).   


Fontes:
Tambor de Mina: Texto de Renata Amaral (contatos: www.maraca.art.br/pedradamemoria / www.acervobarca.com.br / www.ponto.mus.br )
Bibliografia: A Casa Fanti-Ashanti e seu Alaxé / Euclides Menezes Ferreira. - São Luís : Ed. Alcântara, 1987
Desceu na Guma / Mundicarmo Ferretti. - São Luís : EDUFMA, 2000
Contatos: Casa Fanti-Ashanti - Rua Militar, 1158 - Cruzeiro do Anil - São Luís - Maranhão
Casa das Minas : Do texto de Sérgio Figueiredo Ferreti / Universidade Federal do Maranhão in Negro Brasileiro Negro organizado por Joel Rufino dos Santos. - Revista do Patrimônio Histórico e ArtísticoNacional, 1997

Por. Adriano Figueiredo Leite - Presidente da ACALUZ
Profº. Diego Bragança de Moura - Historiador da ACALUZ 

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Cabocla Herondina, uma Turca em Terras do Pará

Apresentação

A Associação Cultural Axé e Luz (ACALUZ) trás nesta terceira postagem um estudo mais abrangente da CABOCLA HERONDINA. Uma visão cultural de Família. Legado deixado em vida e que perpassou para encantaria como forma de aprendizado para raiz de cada estudo feito através das entidades turcas e do tempo compreendido entre vida e encante. Pela primeira vez estamos divulgando um vídeo em nosso site, que facilitará o estudo e aprendizagem. 

TAMBOR DE MINA FRAGMENTOS DE SUA ORIGEM


Em 1049, no Oriente, a primeira cruzada massacra os Turcos e toma Jerusalém, O Sultão Darsalam que significa “casa da Paz”, derrotado, envia suas três filhas: Mariana, Herondina e Jarina para África, em asilo na Mauritânia, as princesas, entretanto, nunca chegaram a África, pois a passagem pelo Estreito de Gibraltar, entraram numa dimensão diferente dos Encantados e foram parar na foz do rio Amazonas, chegando na aldeia do Caboclo velho, indígena onde Sumé um Encantado branco, que morava na aldeia a muito tempo vai embora prometendo voltar se fosse preciso Herondina encanta-se com a natureza e assumi a Jurema, assim tornando-se uma divindade turca Pindorama, forma-se assim o primeiro anel da cobra grande. As princesas vão até o baixo Maranhão e encontram Dom Sebastião, aquele mesmo que dizem que morreu na batalha de alcácer-quibir nas Cruzadas, o qual oferece a hospitalidade portuguesa à Turquia, uma vez que, Pindorama era colônia de Portugal, forma então segundo anel da cobra grande. 

Em 1719, Darsalam (que prometera lutar pelo seu povo foge para África atrás de suas filhas ou correndo e o mesmo fenômeno do Encantamento indo parar após quatro meses de sono na aldeia de caboclo velho). Vê os orixás e voduns (assim são chamados Encantados na Amazônia) acompanhando os escravos. Um vodun que estava à frente e que entrava nos terreiros para mostrar que as divindades africanas não deviam atender apenas ao povo africano, foi escolhido para fazer um filho numa escrava, cujo a cria chamou-se Anastácia, a qual fundou o primeiro tambor de mina de São Luís. 

Em 1889 para unificar o atendimento a todas as raças, convoca-se uma reunião com todos os Encantados de todas as etnias e Darsalam ver todas as raças reunidas dançando. Fechando desse modo o terceiro anel da grande cobra, Darsalam não ficou no Brasil, voltou para a Turquia onde de seu Palácio, até hoje, zela pelo seu povo. 

Como vimos, das filhas do Sultão Toy Darsalam, Herondina sobressai como a mais guerreira, independente e atrevida. Sua entrada na encantaria deu-se juntamente com a primeira leva de Turcos em busca de abrigo seguro nas terras da Mauritânia. Esta viagem nunca chegou ao destino, sendo eles levados ao portal tridimensional da encantaria. Ao chegar às terras encantadas brasileiras, não duvidou, embrenhou-se nas matas e foi a primeira turca a se ajuremar, ou seja, deixar os padrões turcos e se apossar da vivencia dos juremeiros. 

Já, nas terras encantadas de El Rei Dom Sebastião, nos Lençóis Maranhenses, a vida de ajuremada não se adaptou mais aos comportamentos de fidalguia, que provocou sua ida para o Reino de Dom João, Rei Junkal, que liderava guerreiros valentes bantus, encantados no oceano. No Junkal, Dona Herondina encontrou seu verdadeiro paraíso, de posse de uma grande região convive com os temerosos Fulupas, os surrupiras africanos, e seus animais sagrados: as misteriosas onças pintadas. Devido sua rebeldia, na época em que estava na África, seu pai o Sultão Dar Sa Allan, o teria deixado durante um longo período na aldeia de Camundá, cujas terras estão hoje na República Popular de Angola.

Os turcos continuaram com seus postos nas cidades do litoral. O conto do Maranhão, é que o Sultão Turco Darsalam, mantinha a esperança de reconquista das regiões perdidas. Sultão Darsalam resolve manter a chama do Sultanato salva com suas Filhas, as princesas Turcas (conhecidas no Brasil): Princesa Mariana – Princesa Herondina – Princesa Jarina. 

Que foram embarcadas para um reino amigo, na Mauritânia, mas nunca chegaram e os emissários esperaram por dias, meses e anos. 

Pela viagem conta-se que as princesas passaram pelo estreito de Gibraltar, conhecido como um portal sagrado a outras esferas, deixando o mundo real e material para entrar no mundo encantado. No “Rio das Amazonas”, foram despertadas do sono profundo, e encontraram a sacerdotisa Tapuya que chorava a perca de seus filhos: 

“Minhas lágrimas são o Rio.... Eu sou a barreira do Mar (Marajó), Eu sou a Pororoca, defendo meu povo contra a maldade que chega do mar, mas vocês princesas turcas podem entrar nestas Terras, (Recepção da Pororoca). 

Os contadores dizem que elas entraram em uma região elevada onde quem entra jamais pode sair. 

Estes portais e dimensões existem no popular do Maranhão em: 
• Matas 
• Espelhos de água 
• Rochas 
• Cavernas 
• Vários locais e países 

Ninguém sabe o local certo, que pode mudar a todo instante quando assim deseja. 

Alguns estudiosos do Brasil, se baseiam na existência de alguns fatos históricos que afirmam que, no início de 1500 o Espanhol Vicente de Pison, visitou o litoral atlântico do Pará e levou uma grande quantidade de escravos indígenas para a Europa, talvez por estes motivos a Sacerdotisa indígena que recebeu as Princesas Turcas, chorava e chora até hoje transformada em Pororoca. 

Entre os povos da Amazônia representa a Pororoca “Defesa contra estrangeiros”, estes que desejam invadir a cultura e a influência da mata. 

Conta-se que a Princesa Jarina, não estava contente com as matas do Pará e se escondeu na Corte de El Rei Dom Sebastião de Portugal, Mariana voltou ao mar para as esquadras de guerra e Herondina embrenhou-se na mata por ter se identificado com a cultura indígena. 
Entre a lenda e a realidade cultural se encontra as misturas e verdades históricas. 

O Palácio de Dom Sebastião, se encontra a 160 Km de São Luís no arquipélago de Maiaú. 

Sua festa se dá exatamente no dia em que raiou na crôa de cada filho desta linda entidade cabocla; nós cultuamos Dona Herondina no dia 05 de julho de cada ano. Suas cores são a da Turquia, Verde, Amarela e Vermelha, os cabos são verdes e as cristalinas grenás. 

Cantiga - I

No mar tem flores tem rosário de nossa senhora (bis)
Arueira de São Benedito 
Cabocla Herondina chegou nesta hora (bis) 

Mundicarmo Ferret em sua dissertação de doutorado, Desceu na Guma, nos fala que conforme história contada em São Paulo pela Cabocla Mariana, incorporada em Pai Francelino de Xapanã(in memoria), o Rei da Turquia vendo-se quase derrotado em uma batalha, mandou preparar um navio para levar para longe três de suas filhas: Mariana, a mais velha, Jarina, a mais nova e outra cujo nome preferiu não revelar (supostamente Herondina). O navio teve sua rota desviada devido a uma tempestade e naufragou antes de chegar em porto seguro (ou Porto Seguro?). As princesas turcas foram salvas por Rei Sebastião. Jarina, como era muito nova, ficou com ele e passou a ser conhecida como sua filha. Mariana, a mais velha, sendo muito ‘revoltosa’ e acostumada a acompanhar o pai nas batalhas, organizou uma esquadra e voltou para a Turquia mas, chegando lá, recebeu a notícia do fim da guerra e derrota do seu povo - daí a música: 

Cantiga - II
“Fala Vodun, Senhor João de Imbarabaia. 
Prenderam o turco, nosso rei de Imbarabaia. 
Vodun chorou e no romper do dia. 
Desceu na guma, Imperador Rei da Turquia.” (existem várias versões). 

Uma Homenagem da ACALUZ ao Babá Tayandô - Belém do Pará. Que divulgou esta história para o Mundo. Abaixo veremos um vídeo produzido e narrado por ele.

CONHECENDO UM POUCO MAIS DA VIAGEM DOS TURCOS ATÉ A CHEGADA AO BRASIL EM TERRAS DE ENCANTARIA. 

Conta a história que Rei da Turquia era o mais cotado para assumir o comando de um grande império mas, como não era romano, não foi aceito, os romanos, achavam que ele não podia ser rei e os turcos se revoltaram. Começou uma grande disputa entre ele, a família dele e a de Dom Manuel, que era romano. A guerra demorou muitos anos e envolveu muita gente. Havia Dom Francisco, Dom Felipe... Os turcos ganhavam, perdiam, perdiam, ganhavam... Rei da Turquia tinha uma irmã e uma filha muito envolvidas também na guerra. A irmã dele (Floripes) se “perdeu” e ligou-se a grupos diferentes, casou com Guy de Borgonha. A filha era Dodô, Rainha Douro, que era conhecida pelos outros como Joana d’Arc. Ela era vidente - sabia das coisas e avisava o pai e a tia - mas foi acusada de bruxaria. Na guerra, muitos que não eram da família foram ligando-se ao Rei da Turquia e este recebeu todos os que lutaram com ele como filhos. Ao todo, Rei da Turquia teve três famílias: Ferrabrás (a legítima), Borgonha e Ramos. Segundo Pai Euclides (FERREIRA, E. 1989:2), a primeira delas é chefiada pela Rainha Douro (sua filha), a Borgonha é chefiada pela Princesa Floripes (sua irmã), e a Ramos é chefiada por Caboclo Velho. Mas todos os turcos obedecem a seu irmão mais velho, Guerreiro de Alexandria, como também a Tabajara de Alexandria que, atualmente, como ‘invisível’ é o responsável pelo Terreiro da Turquia, no lugar de seu pai (pois, além de ser recebido pelo zelador da casa, assumiu o comando do terreiro após a morte de sua fundadora, que recebia o Rei da Turquia). O Rei da Turquia veio para águas maranhenses no navio encantado de Dom João - de quem era primo. O navio aportou em São Luís e ele foi dar uma volta pelo Outeiro da Cruz (marco da batalha em que os holandeses foram expulsos do Maranhão). Quando voltou, viu que fora atraiçoado por Dom João e que o navio já zarpara. Ficando ali, passou algum tempo andando pelo Outeiro da Cruz (bairro de onde o terreiro da Turquia nunca saiu, apesar de ter mudado de lugar três vezes) e depois afastou-se bastante. Continuando a andar, o Rei da Turquia chegou à aldeia de Caboclo Velho, o índio Sapequara, no Baixo-Amazonas. A aldeia estava em festa e ele gostou muito, achou a festa muito bonita. Caboclo Velho convidou-o a juntar-se a eles e Rei da Turquia resolveu ficar ali com todo o seu grupo. Depois, para serem mais bem aceitos na aldeia, muitos turcos adotaram nomes indígenas - Ubirajara, Tabajara, Jaguarema, Iracema... (Antes eram Francisco, Bartolomeu, Felipe). Rei da Turquia e Caboclo Velho tornaram-se muito amigos, quase irmãos, e cada um adotou filhos do outro. Por isso muitos pensam que eles são irmãos. 

Caboclo Velho já ‘bradava’ nos terreiros de São Luís e os turcos entraram na Mina com ele, como caboclos, apesar de não serem propriamente caboclos. Depois de algum tempo, Rei da Turquia e Dom João encontraram-se (ali?) e tornaram-se amigos - no Terreiro da Turquia um batizou filho do outro, tornando-se duplamente compadres. Numa outra versão do mesmo “mito”, o Rei da Turquia veio com Dom João, mas os dois saíram para um passeio e chegando na aldeia de Caboclo Velho, que estava em festa, o Rei da Turquia gostou da festa e ficou lá, enquanto Dom João foi embora. Conta-se também em São Luís que Dom João foi com Dom José a uma festa na aldeia e o segundo gostou muito da festa e foi entrando enquanto o outro foi embora só - é por isso que Dom José passou a vir (na Mina) como caboclo e Dom João como gentil (C.P. - Casa Fanti-Ashanti - Entrev. 07/1988). Segundo Pai Euclides, o Rei da Turquia tinha três esposas, uma em cada lugar em que guerreou, mas só se costuma falar o nome de uma delas, o da Rainha Leonor. As outras, segundo o mesmo informante, são ligadas ao seu lado português e francês (pois é primo de Dom João e Dom Luís). 



Cantiga - III
“Estava em terra de Mouro, Rei do Mar me chamou. Quem faltou na guma, Rainha Leonor”. 
(FERREIRA, E. 1985:47). 

Como Douro - a filha mais velha do Rei da Turquia, a quem seus filhos mais novos chamavam de mãe - é Joana d’Arc, não é difícil concluir que uma daquelas suas esposas, sobre quem nunca se fala, é francesa. Mas há quem afirme na Mina maranhense que Douro é irmã e não filha do Rei da Turquia. Fala-se também em terreiros maranhenses que a outra esposa do Rei da Turquia é Maria de Alexandria, e que esta é lembrada em uma de suas doutrinas cantadas no Maranhão de forma diferente da que é conhecida em terreiros de paraenses: 

Cantiga - IV
“Para vodum, Senhor João Marambaia, 
Mataram o turco, ficou o rei do Paraguaia... 
Turco chorou, no romper do dia. 
Mataram o turco, senhora Dona Maria”. 

É possível que, para alguns ‘mineiros’, a Dona Maria que aparece na letra da ‘doutrina’ apresentada não seja Maria de Alexandria e sim Mariana, filha do Rei da Turquia que vem também na Mina do Pará como Maria de Mariá (SILVA,A.V. 1976:221). 

Embora haja acordo entre os ‘mineiros’ em relação ao número de famílias do Rei da Turquia, alguns, como Pai Jorge (OLIVEIRA, J. 1989:47), falam que o nome delas é Ferrabrás, Ramos e Mouro (e não Borgonha) e outros como, muito ligada ao Terreiro da Turquia, dizem que as três famílias daquele turco são: Alexandria (e não Ferrabrás), Ramos e Borgonha. Segundo Pai Euclides, talvez os turcos não revelem seus verdadeiros nomes por causa de suas ligações com o paganismo. São conhecidos por nomes que falam de sua origem ou de suas façanhas, A adoção de nomes indígenas foi uma prática muito adotada no Brasil, próximo à sua independência de Portugal, e tem alguma coisa a ver com o romantismo da época. 

Fizemos este adendo ao texto para destacar que as filhas do rei da Turquia, na verdade são adotadas pela Rainha Douro, sendo filhas de um único pai, mas de mães diferentes, tentamos de alguma maneira tentar localizar as supostas mães, e chegamos em três mães, Rainha Leonor (esposa do Rei da Turquia), Rainha Douro (mãe de criação, irmã do Rei da Turquia, a única que podemos afirmar que é mãe de fato, já que criou todos e todas) e Maria de Alexandria, supostamente Maria Padilha Cigana, esposa do Rei da Turquia de origem Cigana e Francesa, Mãe de Herondina apenas. Por este motivo temos uma doutrina que lembra seu lado Padilha, Exu Mulher: 

Cantiga - V
Herondina é moça má 
Deu três gargalhadas no céu... 
Deu três, deu três, deu três gargalhadas no céu.


#ACALUZ 

Ref. 

1.     www.acaluz.com  - 2013 as 16h00 – Adriano Figueiredo, Toy  Nochê Vodun Kaleuan – Nagô Gentil;
2.     David Thomaz Alcântara – Vodunon Tambor de Mina Nagô – 2018 as 11h00.
3.     Mundicarmo Ferretti - Desceu na Guma:  O caboclo do Tambor de Mina no processo de mudança de um terreiro  de São Luís: a Casa Fanti-Ashanti – 1996.
4.     https://www.semeadura.com/news/a-encantaria-amazonica-na-umbanda-parte-ii:-as-tr%C3%AAs-irm%C3%A3s-da-lingua-ferina – 2018 as 18h00.
5.     MOURA, Glória. Batuque no quilombo. Brasilia: FUNTEVÊ, 1988. Nascentes Negras da Música Brasileira - vídeo.
6.     OLIVEIRA, Edilson M. Terreiro de Mina Dois Irmãos, antigo Tambor de Santa Bárbara: histórico. Belém: [(s.n.)], 1990. Distribuído no centenário no terreiro.
7.     OLIVEIRA, Jorge Itaci de. Orixás e voduns nos terreiros de Mina. São Luís: VCR Produções e Publicidades, 1989.
8.     OLIVEIRA, Waldir F. e COSTA LIMA, Vivaldo da (Org.). Cartas de Edson Carneiro a Artur Ramos: de 4/1/1936 a 6/12/ 1938. São Paulo: Ed. Corrupio, 1987.
9.     PEREIRA, Manoel Nunes. A Casa das Minas: contribuição ao estudo das sobrevivências do culto dos voduns, do panteão Daomeano, no Estado do Maranhão-Brasil. 2.ed., Petrópolis: Vozes, 1979. Edição original de 1947. PRANDI.

terça-feira, 25 de junho de 2019

DOENÇA CHAMADA MACUMBA


A doença mais comum nos dias de hoje:
”A síndrome da macumba”.

Sintoma 1: Falta de fé

O seu diagnóstico próprio: MACUMBA!

A realidade: Não reza, não se envolve de fato a vida espiritual.

Sintoma 2: Casamento em crise

O seu diagnóstico próprio: MACUMBA!

A realidade: Não respeita o cônjuge, olha mais para a grama do vizinho do que para a própria, não dá carinho, amor, atenção nem respeito ao parceiro(a).

Sintoma 3: Crise financeira

O seu diagnóstico próprio: MACUMBA!

A realidade: Gasta mais do que ganha!

Sintoma 4: Não tem amigos, vive sozinho(a)

O seu diagnóstico próprio: MACUMBA, INVEJA, FEITIÇO.

A realidade: Não tem humildade, é arrogante, não sabe se relacionar com as pessoas, não tem a capacidade de ouvir o ponto de vista do outro.

Sintoma 5: Teve “recaída” nos antigos vícios

Diagnóstico próprio: MACUMBA!

A realidade: Nunca saiu!

Sintoma 6: Foi multado

Diagnóstico próprio:MACUMBA E INVEJA PORQUE COMPROU UM CARRO NOVO.

A realidade: Não respeitou a lei do trânsito.

Sintoma 7: Caiu no bueiro andando pela rua.

Diagnóstico próprio: MACUMBA E DEMANDA DO INIMIGO.

A realidade: Estava ocupado(a) demais olhando o WhatsApp, o Facebook e o Instagram, não olhou para qual direção estava caminhando.

Sintoma 8: Perdeu o emprego.

Diagnóstico próprio: MACUMBA E INVEJA

A realidade: Não chegava nenhum dia da semana no horário, não mostrava serviço, não dava um sorriso, não tinha iniciativa.
Existem diversos outros sintomas, mas o diagnóstico na boca de algumas pessoas sempre é o mesmo: “MACUMBA”.

A razão pela qual algumas pessoas não evoluem é essa, esperar que o mundo faça as coisas automaticamente no lugar deles e que o universo viva a os mimar, os poupando dos sacrifícios, dos compromissos, das lutas que se deve enfrentar para alcançar o que se almeja!

“Macumba” hoje em dia faz tudo.. desfaz casamento, faz perder emprego, faz a pessoa não ter caminho...

Mas NUNCA faz o bem!
É triste mas não vejo muito na boca dessas mesmas pessoas agradecendo ao Orixá sem pedir nada em troca!

Nunca vi na boca dessas pessoas uma oração sincera, por mais simples que seja pedindo força para enfrentar uma dificuldade ao invés de dizer que são coitadinhas e que “inimigos” estão a demandar contra eles.

A doença da preguiça, do comodismo e da falta de respeito com a religião está demais. Por essas e por outras, temos cada vez mais pessoas com a síndrome da macumba! E pior, alguns zeladores e terreiros alimentando esses vícios e essa doença em nome do dinheiro e da falta de vergonha na cara!

A vida é difícil para todos!
Mas é importante ressaltar que temos 100% responsabilidade pela nossa vida e pelo caminho que trilhamos. Afinal a escolha, a decisão sobre qual estrada pegar é sempre nossa!

Graças a Olorun a porcentagem de doentes contaminados com a síndrome da macumba é bem pouca em comparação a grande maioria que leva a vida a sério e a espiritualidade também!

Mas ainda assim, para alguns é preciso tentar parar com isso e ter a coragem de encarar o espelho e mudar. E simplesmente encarar a realidade da vida e parar de acusar, pôr a culpa na tal síndrome da MACUMBA.

segunda-feira, 10 de junho de 2019

SEGREDO DAS VELAS



VELAS E SUAS DEFORMAÇÕES

MINHA VELA BORRADA O QUE ISSO QUER DIZER?

A Umbanda é uma religião que trabalha com energia, portanto, ela pode se movimentar de ponta a ponta, de forma neutra ou intencionada. Sendo intencionada, podemos identificá-la como positiva ou negativa, recebida ou negada, desviada, redirecionada, etc.

Se formos olhar a definição de dicionário, "energia" nada mais é do que a capacidade de um corpo, objeto ou molécula realizar seu trabalho. Se formos pensar em "energia de vela", seria a capacidade que a vela tem de executar o seu trabalho (quebra demanda, proteção, maldade, reversão, desvio, anulação, potencialização, cobrança, correção, direcionamento, etc).

Muitas pessoas que acendem velas se perguntam: "Olha como minha vela ficou", o que isso quer dizer? Para responder essa pergunta primeiro é necessário levantar quais variáveis borram uma vela. Sua vela pode borrar por estar exposta ao vento (ventilador, janela aberta, porta aberta, alguém que passou correndo, etc), pode borrar pela má qualidade da cera, pode apagar várias vezes pela má qualidade de um pavio, etc.

Durante a preparação da vela, previamente à ignição, o pavio é saturado com o combustível na forma sólida. O calor do fósforo ou outra fonte de fogo vai derreter e vaporizar uma pequena porção de combustível que, no estado gasoso vai combinar-se com o oxigênio da atmosfera para formar a chama.

A chama vai então providenciar calor suficiente para manter a vela acesa, numa típica reação em cadeia auto-sustentável: o calor da chama derrete a superfície do combustível sólido, liquefazendo-o e fazendo-o deslocar-se em direção ao pavio e subi-lo, por capilaridade. O líquido passará, com o calor, para o estado gasoso, que vai ser consumido pela chama.

Antes de pensar que tudo é espiritual, é necessário isolar as variáveis físicas presentes no ambiente. A vela nada mais é do que um pedaço de pavio envolvido geralmente em parafina para produção de luz (mais um tipo de energia). Na Umbanda a vela em si não faz bem ou mau, mas a intenção que colocamos na vela se agrega a esse corpo dando a ele a capacidade de executar o seu trabalho, sua missão, seu objetivo final. Ela pode borrar por cumprir sua missão ou por ter sido impedido de cumpri-la.

COMO AS VELAS SÃO TESTADAS ANTES DE SEREM VENDIDAS?
Antes de serem comercializadas os lotes de vela são testados quanto a qualidade da chama, parafina, pavio, etc. Por isso a escolha de uma boa vela é crucial para saber o que os borrões da sua vela querem dizer.

COMO UMA VELA QUEIMA?
Quando ascendemos o pavio, se forma uma partícula inicial de carbono. As partículas de carbono sofrem ignição e se incandescem (mantém e formam o resto da chama acessa). O calor produzido pela chama vaporiza a cera em moléculas de hidrogênio e de carbono. Esse é o movimento científico, o previsto para que aconteça, o previsto por quem inventou a vela, o previsto por físicos e químicos.

POR QUE HÁ VARIAÇÕES EM COMO A VELA QUEIMA?
Dado a eliminação das variáveis físicas presentes no local (vento, qualidade da vela, etc), se houver variações é alta a probabilidade de que a vela tenha sofrido interferências do plano espiritual, seja para o bem, seja para o mau.

O QUE AS VARIAÇÕES DE VELA QUEREM NOS DIZER?
1) Não sobrou nada:
Quando não se sobra nada da vela significa que TODA aquela energia foi usada, seja pelo propósito da vela ou seja por algum vampiro espiritual. A melhor forma de alafiar o que aconteceu é com seu guia de trabalho ou mentor de sua confiança.

2) Vela apaga toda hora:
Pode ser a má qualidade do pavio ou condições de vento. Caso não seja, pode ser algum egun, quiumba ou zombeteiro atrapalhando o trabalho, como pode ser o guia/mentor negando a vela. Um mentor pode negar sua vela se não for a cor do seu mistério (exemplo, vela preta para anjo de guarda), pode negar porque seu pedido não é do seu merecimento ou motivo semelhante. Neste caso é indicado conversar com ele e pedir orientação do que você deve fazer.

3) Vela queimou até a metade:
O trabalho pode vir em uma linha de trabalho aceita e durante o período de combustão sofrer influências do plano físico (vento) ou espiritual (atrapalharam o trabalho da vela). O que fazer com essa vela (acender de novo? Jogar fora? despachar? colocar no ponto?) depende da orientação e doutrina da sua casa.

4) Vela borrou toda:
Uma vela borrada pode ter vários significados, pode traduzir que você e o guia estavam precisando daquela energia e ali já quebrou toda demanda. Pode significar que a qualidade da parafina é ruim. Pode significar que durante o seu pedido tentaram atrapalhar o trabalho, etc.

5) Vela fez 2 chamas:
A vela que se divide em duas chamas geralmente está trazendo a força de um outro companheiro espiritual.

6) Desenhos nas velas borradas: É comum nas velas borradas a aparição de desenhos, bem como rostos, corações, cachoeiras, paisagens, nuvens, etc. Eles podem ser mensagens do plano espiritual mostrando cuidado, alafiando perguntas, esclarecendo dúvidas, avisando preságios, etc.

7) Vela que tombou: As vezes pela falta de firmeza no solo, a vela pode tombar sozinha. Agora quando bem firmada e ela tomba é nítido que tem alguém ou alguma coisa tentando atrapalhar o trabalho.

8 ) Vela começou a estralar ou sair faísca:
Muito comum nas velas de xango e de esquerda. Isso significa que a magia do fogo está ali, que o Orxiá ou guia está trabalhando a todo vapor para seu pedido a ponto de aquecer o processo de combustão tão forte que gera outros eventos físicos, como sons e estralos.

9) A chama ficou pequenininha:
Comum em velas de sete dias com pavio de má qualidade. Salvo essa variável, o autor da vela pode estar sendo alvo de magia negra e demanda a ponto dos quiumbas presentes absorverem parte da luz antes mesmo dela chegar a seu destino.

10) A chama ficou gigante:
Orixá ou guia respondendo perfeitamente elevando a energia e agilizando o processo de transformar parafina em ar ou em borrão. O guia recebeu o trabalho e está agilizando o processo a ponto de uma vela que dura 1 a 4 horas queimar em minutos.

11) Na chama da vela aparece uma espécie de vulcão ou lava:
Comum em velas de ciganos, velas douradas e prateadas. Estes elementos aceleram o processo de combustão de forma que a vela fique bem recebida pelo guia ou Orixá.

12) Vela borrou e quebrou o prato:
Alta probabilidade de estar cortando demandas contra você. Antes o prato do que você. Pode ter certeza que todo um trabalho feito (seja corte ou dentro de cemitério) quando isso acontece é alta a probabilidade dos seus guias estarem tomando as suas dores e atuam para quebrar o que foi mandado. "O que vem sem ser pedido, volta sem ser mandado".

A DIREÇÃO DAS CHAMAS ME DIZEM ALGUMA COISA?

Sim! Rubens Sarasceni no livro "Magia divina das velas" fala sobre cada direção da chama da vela. Elas podem ser comuns em alguns tronos (Lei, Ordem, Justiça, etc) e podem ter significado.

A) Chama em formato Cruz:
O formato em cruz é muito comum em entidades das almas, linha das almas, falange das almas, trabalhos de Oxalá, etc.

No livro do Rubens podemos explorar todos os tipos de chama: espiral, ciclone, reta, cruz, dupla, etc.

CONCLUSÃO

Não há receitas mágicas ou traduções prontas porque o plano espiritual é mutável. O que serve para um não serve para o outro. Cada casa tem a sua doutrina e cada guia o seu mistério. A melhor forma de interpretar o que aconteceu com uma vela é com seu guia espiritual, com seus pais de santo ou com guias de sua confiança. Umbanda é fundamento e é preciso estudar!
#ACALUZ


segunda-feira, 3 de junho de 2019

COMO KIUMBAS, EGUNS E DEMANDAS AGEM EM NOSSAS VIDAS?


A Umbanda e as religiões espíritas acreditam que o plano espiritual tem influência sobre o plano físico e vice versa. Neste cenário existe a presença da carga (Demanda), dos Kiumbas e dos Eguns.

Kiumbas são espíritos maldosos e mau intencionados que atingiram certo grau evolutivo, porém, preferem usar sua força e conhecimento para o mau. São os mercenários do plano espiritual. Se vendem pela maldade ou por pagamentos. Kiumbas podem até chegar a ser "Exu pagões", exus sem doutrina que fazem a própria lei. 

Já os eguns são espíritos sofredores que vagam em busca da sua luz, podem causar algum estrago ou esgotamento. Por fim, a demanda pode acontecer através de Egun, Kiumba ou trabalho demandado. É importante ressaltar que o Egun de Umbanda não tem nada haver com Egun Egun de Candomblé cuja relação é diretamente ligada com antepassados. Cada casa tem a sua doutrina, é importante entende-la pois ela não está acima de textos de internet. 

COMO KIUMBAS, EGUNS E DEMANDAS AGEM EM NOSSAS VIDAS?

Essa atuação negativa do plano espiritual pode agir da seguinte forma:

- Acompanha o vivo sugando e drenando sua energia física, psicológica, mental e espiritual;
- Tranca caminhos de emprego e recursos fazendo aumentar as dívidas;
- Interfere na rotina tirando ou trazendo carga excessiva de sono, fome, problemas de saúde, etc.
- Afeta animais e plantas ao redor da pessoa;
- Atrai risco de vida;
- Diminui o tempo de vida útil de bens como (carro, casa, vestuário, etc);
- Faz com que a pessoa tenha pesadelos e veja vultos;
- Coisas quebram com facilidade;
- Coisas começam a não dar certo;
- Falta de ar e aperto no coração;
- Paramos no tempo (não conseguimos estudar, manter-se em bons empregos, etc) o mundo avança e a gente continua parado no tempo;
- Quem está solteiro fica com várias pessoas e se sente vazio/incompleto;
- Quem está casado ou namorando briga sem motivos;
- A Raiva, ingratidão e outros sentimentos negativos tomam conta da gente;
- Pessoa pode ganhar ou perder peso com velocidade acelerada;
- Aumentam as olheiras;
- Pode acontecer queda de cabelo e mau hálito constante;
- Problemas no estômago ou outros problemas de saúde sem causa médica aparente;
- Atraí risco de acidentes e assaltos;
- Aumenta a irritabilidade;
- Aumenta o estresse;
- Nossas velas de defesa começam a ficar borradas ou ter dificuldade para acender.
- Temos a sensação de estar sendo observados;
- Ouvimos vozes;
- Há perda de memória;
- Desperdiçamos energia vital com assuntos desnecessários;
- Traz dores acumuladas em pontos específicos como pescoço, cabeça, costas, etc.
- Traz sentimentos negativos como vontade de chorar, etc.
- Atraímos problemas para o emprego, inclusive podendo perdê-lo.
- Acentua-se o gosto por álcool e drogas.
- Quem tem animais de estimação ou plantas podem perdê-los.

Em demandas mais específicas, dependerá dos elementos que foram utilizados, como foi utilizado, quem foi que atuou (Egun, Kiumba, Zombeteiro, Exu Pagão, etc).

Como enfrentar demandas?

Procure sempre o terreiro de sua confiança e onde você se sinta bem. Em todo tempo de trevas, a luz e o merecimento das nossas atitudes sempre nortearam as vitórias.

Nada melhor do que enfrentar nossos medos e problemas, agir com fé, força e determinação.

#ACALUZ 

sábado, 25 de maio de 2019

PEDALANDO PARA A ESPIRITUALIDADE


Me chamo Diogo Luiz, e faço parte de uma equipe de pedal (pedalar de bicicleta por mera aventura, esporte e lazer), moro em Belém do Pará, e sempre temos atividades noturnas, e as vezes diurnas.

Um belo dia, sai para pedalar com dois amigos, Júnior e Patrick, decidimos pedalar no parque do UTINGA, lá chegando, por volta das 16h00, saímos da trilha principal e decidimos aventurar.
Segundo um de meus amigos, a trilha iria dar na beira de um rio ou igarapé, nem ele sabia explicar ao certo. E eu, claro! Super ansioso para nadar, já que fazia muito calor e as pedaladas tinham de ser recompensadas de alguma maneira.

Mas algo de muito estranho aconteceu no caminho. Sentimento de vigília, como se alguém estivesse nos vigiando, depois de muito susto no caminho, algo correu entre a estrada de uma mata para outra, gritos constantes. Por ser um parque ecológico, achei que podiam ser turistas passeando ou fazendo trilha. Mas, aí que a coisa fica pior, paramos para observar o que tinha entrado na mata, e somente eu vi o vulto ligeiro sumindo no meio do mato. Pensei em voltar, mas eles disseram que era coisa da minha cabeça, e decidimos que não era nada de mais. 

Continuamos, porém, fomos caminhando, empurrando as bicicletas, pois, já estávamos próximos do rio/Igarapé. Quando de repente surge um homem vestindo vermelho e preto bem atrás de nós a mais ou menos uns 20m, e ficou parado nos olhando, e entrou na mata...  E mais uma vez, somente eu que via e mostrava aos outros, e eles ficavam rindo de mim.

Mesmo com muita preocupação continuamos, e quando chegamos na beira do tal rio, veio a recompensa. Não pensei duas vezes, nem tirei a roupa, pulei de roupa e tudo.

Mas, algo de errado não estava certo naquele passeio.

Começou a cair a noite, e na floresta escurece muito rápido, então decidimos pedalar o mais rápido possível. No caminho de retorno as mesmas situações, gritos, assobios, pessoas chamando para pararmos... 

Quando chegamos de volta ao parque do Utinga (no asfalto), pude ver aquele homem, na beira da estrada, que antes tinha visto, trajando preto e vermelho. Fazendo sinal com a mão para mim, como se me conhecesse, como se quisesse me alcançar e falar algo. Ao chegar em casa, dores de cabeça, tonturas, enjoos, sustos constantes, como se tivesse alguém atrás de mim o tempo todo, perda de sono. Liguei para meu amigo Adriano Figueiredo da ACALUZ, que tem um terreiro, contei os fatos aqui narrados. E prontamente me disse que iria ter Ritual de Tambor na sede da ACALUZ, localizada em Belém, no distrito de Icoaraci. E que eu podia participar. 

Não pensei duas vezes, ele disse para eu levar roupas claras, se possível na cor branca, para eu tomar banho de descargas e falar com as entidades que estivessem presentes no ritual.

E para minha surpresa e de todos. Após o banho, e o passe que me foi dado, eu simplesmente apaguei. E segundo os participantes do ritual, disseram que cai no chão, por volta das 17h30 e só retornei a consciência as 21h30.

E que segundo eles, um belo encantado se manifestou, conversou, brincou, sorriu, e disse que minha hora havia chegado, que eu tinha uma missão a cumprir e tinha de aceitar. Não me lembro de muita coisa, ou me lembro de nada, apenas sei o que me foi relatado, e aquilo que foi permitido pelo Caboclo dirigente da ACALUZ que estava ali presente.

Nunca imaginei em toda minha vida que eu era médium, que eu tinha caboclo ou entidades, nem sei ainda como falar, foi uma sensação que nem sei explicar. Meu corpo estava em choque, como se estivesse com o dedo na tomada e milhares de volts  circulando em meu corpo.

O homem que vi sorrindo na mata era meu guardião, e veio na ACALUZ, dar às boas vindas a todos, e hoje faço parte da corrente de filho e associado da ACALUZ e sou muito grato pelo aprendizado e os cuidados a mim direcionados.

Já passei por rituais de iniciação, AMACI, tenho meu anjo firmado, minhas contas e rosários. Sou feliz, estou feliz. E precisou uma aventura na floresta para descobri minha mediunidade. Para descobri que tenho uma missão a cumprir nesta terra, e que não nasci em vão. Que preciso ajudar o próximo espiritualmente a caminhar neste vale chamado terra. Se você é médium, siga sua missão, descubra seu proposito e siga em frente. Posso dizer a todos, que naquele dia eu estava Pedalando para a Espiritualidade. E Aqui cheguei, e vou ficar.

Axé e luz a todos.

Narrado pelo Personagem Diogo Luis filho de santo do Terreiro da ACALUZ.
REVISÃO: Diogo Miranda - Colaborador da ACALUZ 

segunda-feira, 20 de maio de 2019

RITUAIS E UMBANDA MATRIZ


A Umbanda é uma religião que como qualquer outra, possui rituais e elementos que constroem sua liturgia e demonstram sua cultura religiosa. Para os que vão pela primeira vez, em um centro ou terreiro umbandista, esses ritos e fundamentos podem parecer estranhos, mais se verificarmos e entendermos um pouco seus significados percebemos fazerem parte do contexto religioso no qual os umbandistas estão inseridos.

Em tópicos de postagens anteriores dissemos que na Umbanda não existe um código doutrinário ou livro sagrado que regulamente as ações uniformemente, ou seja, não tem nenhum modelo fixo a ser seguido ou poder central que regulamente essas questões determinando quais rituais ou elementos devem ser usados nos trabalhos espirituais. Essas orientações na maioria das vezes são oriundas dos próprios Guias Espirituais que fazem o trabalho de Dirigentes Espirituais ou Doutrinadores dos métodos empregados em cada grupamento mediúnico, portanto, cada centro, terreiro ou tenda de Umbanda pratica e utiliza os elementos conforme sua cultura, fazendo com que a Umbanda seja democrática e universalista.

As comparações que muitas vezes fazemos, entre os métodos utilizados entre os terreiros de Umbanda quando não são depreciativas servem-nos apenas como matéria de estudo da diversidade ritualística, pensamos que as diferenças e particularidades têm que ser respeitadas, quando não gostamos de algo, temos á total livre escolha de não compartilharmos, mas não temos o direito de julgarmos, compararmos ou difamarmos este ou aquele terreiro.

O uso de elementos para o auxílio na cura de doenças do corpo físico ou outros campos de atuação que os guias de Umbanda podem utilizar para auxiliarem seus consulentes, não substitui o tratamento realizado pelos médicos e medicamentos, apenas são uma forma auxiliar espiritualista de tratamento. Abordaremos os rituais e elementos utilizados dentro da gira de Umbanda, segundo nossos aprendizados e vivências das perspectivas práticas, com intuito de esclarecer seus conceitos e fundamentos de forma simples e objetiva.

A questão Rito-Litúrgica:
Trataremos das questões rotineiras e práticas das giras de Umbanda, os Rituais máximos como Batizados, Amaci, Iniciações para aspirantados, Casamentos e ritos fúnebres, reservaremos para futura postagem.

Orações:

Através das preces e orações que fazemos ao iniciarmos os trabalhos, conduzimos mesmo que imperceptivelmente os nossos pensamentos para Deus, ou para coisas boas, esse componente é importantíssimo para a concentração da corrente mediúnica que realizarão os trabalhos, dão a sustentação energética necessária para o grupo. As orações e preces realizadas ao término dos trabalhos servem para que possamos pedir a proteção ao voltarmos á nossas casas e agradecermos a presença dos espíritos amigos que se fizeram presentes.

Defumação:
Serve para limpeza ou purificação dos nossos corpos físicos e espirituais, realizado através da queima de ervas e essências em carvão em brasa, no instrumento chamado Turíbulo ou Defumador. A defumação também contribui para limpeza energética da casa fortalecendo as boas energias e fluidos, geralmente é realizada antes do início dos trabalhos acompanhado de pontos cantados. 

Pontos Cantados:
Chamamos de pontos cantados, todas as músicas que falam dos Orixás e Guias Espirituais, são geralmente cantados e tocados por atabaques e por médiuns que camboneiam durante os atendimentos, sua principal função assim como as orações é a sustentação energética do ambiente durante os trabalhos além de facilitar a conexão entre médiuns e espíritos, harmonizando os fenômenos de incorporação. A música é utilizada em todas as religiões, pois remetem a alegria e a energia que transmitimos de nossa fé.


Pontos Riscados:
Os pontos riscados são feitos pelas entidades, que “riscam” com pembas símbolos cabalísticos onde representam sua linha de atuação, é a representação gráfica de uma hierarquia de trabalho. Podem ser riscados também pontos de forças energéticos que os utilizam como um radar de energias para limpeza e renovação das forças do ambiente e pessoas. Utilizam também em oferendas, assentamentos e firmações. As interpretações, assim como as utilizações variam bastante de terreiro em terreiro, fato que deve ser respeitado, mas acreditamos que esse recurso pode ser um canalizador de energia utilizado como método de trabalho de nossos amigos espíritos, não somente como recurso visual e gráfico. 


São os mais recomendados pelos Guias Espirituais para todas as pessoas, pois as essências de ervas frescas, minerais ou outros elementos exercem uma função terapêutica em nossos espíritos nos limpando de cascas e larvais astrais e sutilizando nossas vibrações com a natureza e os Orixás. Como todo tratamento é realizado conforme nosso merecimento não esperemos milagres dos banhos, lembremos sempre que eles são agentes que contribuem para nossa melhoria sobretudo de limpeza espiritual e devem ser feitos sempre que receitados e tomados periodicamente.


A oferenda é um fundamento de rito bastante utilizado. As oferendas tem a função de ligação espiritual ou energética, de nós humanos encarnados com os Guias e Orixás, é o ato de oferecermos flores, frutas, bebidas, fumos, alguns tipos de alimentos preparados, velas entre tantos que são elementos de origem mineral, vegetal e animal, em agradecimentos, pedidos, quebras de demandas, aberturas de caminhos, rituais de firmezas e assentamentos. Esses elementos são absorvidos e decantados pelas entidades estreitando os laços existentes. É importante que saibamos que o conceito que o Orixá ou Guia Espiritual, “come e bebe” sua oferenda é preconceituoso e ultrapassado, pois entendemos que eles possuem métodos de manipulação das energias que emanam dos elementos e com essas energias realizam as curas e tratamentos espirituais no qual estamos autorizados á receber, dentro das leis de justiça, ação e reação para nosso auxilio.

Cruzamentos e/ou Benzimentos de elementos:
O ato de “Cruzar” elementos é o momento em que estamos diante dos Guias Espirituais ou Orixás e confiamos á eles objetos de utilização pessoal, que podem ser camisas, guias, colares, pulseiras, colônias e essências para serem consagrados e receberem seu axé (energia) de proteção ou cura. A expressão “Cruzar” é utilizada nos terreiros com bastante frequência e vem de CRUZ, que simboliza o Cristo. Um bom exemplo do que é “Cruzar”, é o sinal da cruz que fazemos em nós mesmos ao passarmos em frente uma Igreja, por exemplo, estamos reconhecendo uma das casas de Deus nesse momento, mesmo não sendo católicos além de ser um cruzamento é um costume cultural.

Fluidificação de água:
Acontece em várias das vertentes de Umbanda, Mentores e guias incorporados em seus médiuns. A água é magnetizada alterando sua constituição e somando os sentidos de cura e tratamento. A prática é muito conhecida nos centros espíritas, sendo objeto de estudos que já comprovaram cientificamente que a água magnetizada ou benzida em centros e terreiros tem suas propriedades alteradas ou melhoradas com fim terapêutico.

Elementos de Trabalho

No livro “Umbanda Pé no Chão” de Norberto Peixoto ditado pelo espírito de Ramatís, a definição utilizada para Congá ou Altar é de Atratator, Condensador, Escoador, Expansor, Transformador e Alimentador, entendemos que esta definição resume que os altares são os pontos de forças físicos dentro dos terreiros feitos para os Guias e Orixás, onde suas funções vão além de enfeitar, são a segurança e alicerce vibratório para que as energias do ambiente sejam absorvidas depois transformadas e escoadas para outras dimensões. Sua constituição é feita de imagens de Santos, Orixás, Guias, velas, pedras, cristais e outros apetrechos e objetos dependendo da casa.

Imagens:
As imagens que compõem os Congás são cruzadas e imantadas, ou seja, receberam o devido preparo de ser o ponto de força energético dos Guias e Orixás, que na linguagem popular conhecemos como o firmamento. Essas imagens são em sua maioria de gesso, porém podemos ver algumas em resina ou madeira.

Podemos realizar através delas o ato de iluminarmos, é ponto para que as pessoas firmem seus pensamentos e possam fazer orações. As velas possuem os elementos fogo, ar e terra que são princípios de nossa natureza e onde os Orixás se fazem presentes. O uso de velas não é particularidade da Umbanda, pois sua utilização acompanha a história dos Homens e das Religiões.

As guias e colares são feitas de contas de cristal, miçangas, pedras ou outros elementos conforme orientação do Guia e tem a função ritualística de representar a energia e força (axé) dos Orixás, fazendo a segurança energética dos Chakras dos Médiuns. Podem ser recomendadas para uso fora do ambiente religioso, porém sua utilização implica em muito respeito e zelo por parte de quem usa.

A roupa para o trabalho mediúnico de Umbanda são camisas e calças brancas, outras cores em tonalidades claras também são comuns. Para a assistência não há nenhuma imposição para uso desta ou daquela roupa, deve-se respeitar o livre arbítrio e as possibilidades materiais das pessoas, porém o uso de roupas brancas ou em tons coloridos claros é recomendado para todos. A orientação para que os médiuns umbandistas utilizassem roupas brancas é oriunda do “Caboclo das Sete Encruzilhadas”, desde 1.908, mais essa orientação não é espontânea e aleatória possui fundamentos, que vão ao encontro com a história da humanidade entre filosofias religiosas, políticas e científicas que correlacionam à cor branca com o sagrado ou a pureza dos seres. Provado inclusive no campo científico por “Isaac Newton” que a cor branca que reflete do Sol contém elementos de outras cores que formam o arco íris, se fizermos um comparativo com os Orixás teremos Oxalá com o simbolismo de cor branca, que irradia todas as outras cores que seriam os outros Orixás.

Charutos, Cachimbos, Cigarros e fumos em geral:
São elementos de base vegetal que quando são queimados e exalados pelas entidades, serve de apoio para seus trabalhos, à combustão dos vegetais que eles contêm fazem uma espécie de defumação com elementos etéreos, ou seja, como elementos energéticos e magnetizadores ajudando na limpeza e reordenação dos Chakras dos consulentes. O uso desses elementos é alvo de muito preconceito e má interpretação, temos que ter o discernimento para entendermos seu fundamento e para verificarmos se o Guia utiliza para fins terapêuticos ou se ele usa o tempo que esta em incorporado apenas para fumar, esquecendo-se de seu trabalho e responsabilidade.

Bebidas:
As bebidas obedecem à mesma condição dos cigarros e charutos, são agentes condensadores, que auxiliam os Guias á realizarem limpeza de corpos e espíritos e desintegram trabalhos de magias e feitiçarias de finalidade geralmente maldosa. Seu uso também deve receber atenção e promover estudos em sua volta, para que a Umbanda e seus falangeiros não sejam confundidos com pessoas de religião que são viciados em álcool.
#ACALUZ

Referências:
Umbanda Pé no Chão.
Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada.
Material de apoio do curso livre de Teologia de Umbanda - Umbanda EAD.