sábado, 17 de novembro de 2018

BORI




Da fusão da palavra Bó, que em Ioruba significa oferenda, com Ori, que quer dizer cabeça, surge o termo Bori, que literalmente traduzido significa “ Oferenda à Cabeça”. Do ponto de vista da interpretação do ritual, pode-se afirmar que o Bori é uma iniciação à religião, na realidade, a grande iniciação, sem a qual nenhum noviço pode passar pelos rituais de raspagem, ou seja, pela iniciação ao sacerdócio. Sendo assim, quem deu Bori é (Iésè órìsà).



Cada pessoa, antes de nascer escolhe o seu Ori, o seu princípio individual, a sua cabeça. Ele revela que cada ser humano é único, tendo escolhido as suas próprias potencialidades. Odú é o caminho pelo qual se chega à plena realização de Orí, portanto não se pode cobiçar as conquistas dos outros. Cada um, como ensina Orunmilá – Ifá, deve ser grande no seu próprio caminho, pois, embora se escolha o Orí antes de nascer na Terra, os caminhos vão sendo traçados ao longo da vida.

Exú, por exemplo, mostra-nos a encruzilhada, ou seja, revela que temos vários caminhos a escolher. Ponderar e escolher a trajetória mais adequada é a tarefa que cabe a cada Orí, por isso, o equilíbrio e a clareza são fundamentais na hora da decisão e é por intermédio do Bori que tudo é adquirido.

Os mais antigos souberam que Ajalá é o Orixá funfun responsável pela criação de Orí. Desta forma, ensinaram-nos que Oxalá deve ser sempre evocado na cerimônia de Bori. Iemanjá é a mãe da individualidade, e por essa razão está diretamente relacionada com Orí, sendo imprescindível a sua participação no ritual.

A própria cabeça é a síntese dos caminhos entrecruzados. A individualidade e a iniciação (que são únicas e acabam, muitas vezes, configurando-se como sinônimos) começam no Orí, que ao mesmo tempo aponta para as quatro direções.

OJUORI – A TESTA
ICOCO ORI – A NUCA
OPA OTUM – O LADO DIREITO
OPA OSSI – O LADO ESQUERDO

Desta mesma forma, a Terra também é dividida em quatro pontos: norte, sul, este e oeste; o centro é a referencia, logo, todas as pessoas se devem colocar como o centro do mundo, tendo à sua volta os quatro pontos cardeais: os caminhos a escolher e a seguir. A cabeça é uma síntese do mundo, com todas as possibilidades e contradições.

Em África, Orí é considerado um Deus, aliás, o primeiro que deve ser cultuado, mas é também, juntamente com o sopro da vida (emi) e o organismo (ese), um conceito fundamental para compreender os rituais relacionados com a vida, como o Axexê (asesé). Nota-se a importância destes elementos, sobretudo o Orí, pelos Orikis com que são invocados.

O Bori prepara a cabeça para que o Orixá se possa manifestar plenamente. Entre as oferendas que são feitas ao Orí algumas merecem menção especial.
É o caso da galinha de Angola, chamada Etun ou Konkém no Candomblé; ela é o maior símbolo de individualização e representa a própria iniciação. A Etun é adoxu (adosú), ou seja, é feita nos mistérios do Orixá. Ela já nasce com Exú, por isso se relaciona com o começo e com o fim, com a vida e a morte, por isso está no Bori e no Axexê.

O peixe representa as potencialidades, pois a imensidão do oceano é a sua casa e a liberdade o seu próprio caminho. As comidas brancas, principalmente os grãos, evocam fertilidade e fartura. Flores, que aguardam a germinação, e frutas, os produtos da flor germinada, simbolizam a fartura e a riqueza.

O pombo branco é o maior símbolo do poder criador, portanto não pode faltar. A noz cola, isto é, o obi é sempre o primeiro alimento oferecido a Ori; é a boa semente que se planta e se espera que dê bons frutos.

Todos os elementos que constituem a oferenda à cabeça exprimem desejos comuns a todas as pessoas: paz, tranquilidade, saúde, prosperidade, riqueza, boa sorte, amor, longevidade, mas cabe ao Orí de cada um eleger as prioridades e, uma vez cultuado como deve ser, proporciona-as aos seus filhos.
#ACALUZ
NUNCA SE ESQUEÇA: ORIXÁ COMEÇA COM ORÍ.

Por. Adriano Figueiredo - Presidente da ACALUZ
Diego Bragança de Moura - Historiador da ACALUZ
ACALUZ, todos os direitos reservados. 

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

TEM UM FEITIÇO NA MINHA PORTA!


Quando falamos de assuntos que envolvem o campo sobrenatural, místico e mágico, um dos temas que mais desperta interesse, fascinação e, porque não dizer, medos - são os que abordam sobre feitiços e feitiçarias. 
Em nosso site da ACALUZ, a publicação "FEITIÇO DO SAPO", tem atraído mais visualizações, curtidas e, por consequência, centenas de mensagens repletas de relatos, pedidos de mais publicações relacionadas com a temática e milhares de dúvidas sobre o fato; de como funciona ou ocorre; do que se trata e; é claro, sobre a possibilidades de os próprios duvidosos terem sido vítimas de feitiços. Tal interesse pode ser entendido se pensarmos tratar-se de um tema, que para muitos, estar para além do campo lógico, científico e racional. Encontra-se em uma esfera onde explicações metodológicas, teóricas e os axiomas não adquirem força ou aceitação de quem busca uma resposta para algo que não assume uma forma conhecida ou um sentido lógico. Por isso, apesar dos avanços tecnológicos, científicos, das inúmeras refutações desenvolvidas e dos diversos estudos que visam desconstruir e romper com visões que não se enquadram em leis, normas e regras pré-estabelecidas pelo mundo acadêmico ortodoxo e conservador. Mesmo assim, as inquirições e "expedições" em busca de respostas para tais questões não cessam, pelo contrário, ganham mais força e muito mais dúvidas a cada pergunta feita e a cada resposta oferecida. Isso porque, como foi dito, anteriormente, não se conforma a regras e normas pré-definidas, não possui respostas prontas e soluções uniformizadas e engessadas. Cada caso é um caso, com suas origens, intensidades, por quês e porquês.

MAS O QUE VEM A SER UM FEITIÇO?
A palavra feitiço em sua origem etimológica vem do latim "facticius", que significa "artificial; não-natural". Atualmente, segundo o dicionário Aurélio, a palavra feitiço assume o sentido de "malefício de feiticeiro; bruxaria." Com as explorações e domínios impositivos dos europeus, em especial, dos portugueses sobre as civilizações da costa litorânea oeste do continente africano, o termo "feitiço" foi absorvido pelos povos nativos, que alteraram, através do uso, a pronúncia para "fetixu". Já os franceses no século XIX, deram nova forma ao vocábulo "fétiche", "objeto ao qual se atribui um valor ou sentido sobrenatural" ou "objeto ou parte do corpo em que se busca a emanação de uma excitação ou energia de valor erótico." Daí a ideia de se defender e acreditar que se faz feitiços com peças de roupas, objetos pessoais, nomes de pessoas e partes do corpo, como: cabelo, unha e pele.
Se analisarmos a fundo cada sentido atribuído a palavra "feitiço" por diferentes sociedades ao longo do tempo. Perceberemos que todas colocam-o no campo sobrenatural, do inexplicável, de algo que independe de nossas vontades ou resistências. Aquilo que não é algo natural, sólido, concreto, mas sim, artificial, que necessita da interferência humana para ter origem e lhe atribuir um sentido.
Quando falamos em sentido, estamos nos referindo a uma visão errônea e, de certa forma, consolida de atribuir ao feitiço, apenas e somente, um caráter maléfico, destrutivo e demoníaco. Como falamos, o feitiço, a energia emanada ou desejo direcionado a algo ou alguém, que com tanta força despejada e aplicada pode interferir de alguma forma naquilo que se visa ter ou destruir. Tudo isso, só irá possuir e assumir um sentido positivo ou negativo, a partir de quem recorre a tais expedientes. Ou seja, dependerá do individuo que de forma isolada ou recorrendo a alguém que possa realizar certo ritual, apresentará a energia positiva ou negativa originária, depositada por alguém sobre o desejo esperado. Nesse sentido, as entidades, forças da natureza e demais elementos envolvidos na prática de um feitiço, atuam apenas como elos de ligação, canais de contato entre o ser humano, as energias cósmicas e os alvos dos seus interesses. Em outras palavras, o "bem" ou o "mal", o "positivo" ou o "negativo", o "bom" ou o "ruim", o "certo" ou o "errado", não estará no feitiço em si, mas naquele que o solicitou e desejou.
Em se tratando em tipos de feitiços mais conhecidos, podemos citar vários, com diferentes sentidos, intensões, intensidades e finalidades:

1. FEITIÇO DE AMOR: Feitiço de amor diz respeito a todo tipo de mágica utilizada para, de alguma forma, despertar o amor ou a paixão entre pessoas, sem uso de atividade direta de conquista. A magia amorosa pode ser feita em muitas formas, variando conforme as épocas e lugares. Podem ser Feitas através de variados trabalhos com diversos elementos, tais como, peça de roupa, frutas, mel, sangue, velas...

2. FEITIÇO PARA OBTER EMPREGO: Conseguir um bom trabalho e rápido, já viu que não é fácil. Por quê não pedir uma ajudinha com uma simpatia ou oração poderosa para arrumar. Existe milhares de trabalhos a serem realizados e com presteza de que vai dar certo. Vai do mais simples com banhos e velas, ao mais complexo, com ebós e materiais diversos.

3. FEITIÇO PARA EQUILIBRAR A ENERGIA INDIVIDUAL E PESSOAL: Será que um vizinho pode fazer mal a energia de nossa casa, empresa ou a nossa energia pessoal? A resposta é sim. Às vezes, a energia negativa pode aparecer em sua casa, ficando difícil a escapatória. Desequilibrando sua vida pessoal, seus negócios, sua relação amorosa, a vida em família. Para tanto existem também milhares de trabalhos a serem feitos, que vai do mais simples ao mais complexo.

4. FEITIÇO PARA DESTRUIR UMA RELAÇÃO DE AMOR: As vezes pensamos que não existe pessoas para realizar tais atos, mas é o que mais tem. São pessoas que não se conformam com a vida que levam, com a perda, ou muita das vezes por inveja da felicidade alheia. E estas pessoas estão dispostas a fazer o impossível para destruir a vida das outras. As vezes são pessoas que convivem diariamente em nosso meio, ou as vezes são pessoas que achávamos que eram nossas amigas e se afastaram, e estão vibrando com energia ruim para destruir nossa vida.
O que temos que ter em mente que independente do nome que se der: feitiço, trabalho, ebó, despacho ou bruxaria. Ou do sentido, energia e intensão que se deposite em tal ou tais ações que busquem alterar os cursos da vida e a ordem natural das coisas. Todos terão o poder de gerar consequências nas existências de quem solicita as interferências sobrenaturais e quem será o alvo dessas interferências. Por isso, aquela máxima dos cultos afroameríndios deve ser sempre lembrada:

#ACALUZ 

"TUDO O QUE VOCÊ DESEJA E FAZ PARA OS OUTROS, DE BEM OU DE RUIM, VOLTARÁ EM DOBRO PARA VOCÊ."

Ou ainda...
"A GENTE SÓ COLHE AQUILO QUE PLANTA." Nesse ou no outro mundo.

Por. Diego Bragança de Moura - Historiador da ACALUZ
Revisão: Adriano Figueiredo Leite - Presidente da ACALUZ.

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

INCORPORAÇÃO E TIPOS DE MEDIUNIDADES


Os pesquisadores da ACALUZAssociação Cultural Axé e Luz acreditam que a INCORPORAÇÃO vem se tornando ao longo do tempo um assunto que ninguém aborda, muitas vezes por medo de falar a verdade, por medo de ferir aos outros e na grande maioria das vezes medo de saber que a verdade vai contra aquilo que muitos vêm praticando há anos.
Usaremos como base a incorporação com Òrísás. Para um médium ter uma boa incorporação é necessário que a energia do Òrísà ou entidade tome o corpo do médium em 80%, sendo assim ainda sobrariam 20% que fica responsável pelos órgãos vitais do ser humano, ou seja, a respiração, a visão, a audição e os movimentos, que são utilizados pela energia conduzida. Em uma incorporação que fica 50% a energia conduzida (Òrísà ou Entidade) e 50% a energia condutora (Médium) é notório que esse  médium não está tendo uma boa incorporação. É aonde entra a  interferência do médium, falando aquilo que acha correto ou aquilo que  tem vontade de falar e por alguém motivo não fala.
É fato que ninguém se incorpora totalmente com Òrísà, já que seria impossível, pois não há ser humano que seja puro o suficiente para que um Òrísà use seu  corpo. A energia do Òrísà depositada no corpo de um médium não é a total energia de um Òrísà. Um filho de Iyemonjá tem forças para segurar as águas do mar? Um filho de Òsún tem força para segurar as águas do rio?
Um filho de Iyansà tem força para segurar um vendaval? A resposta para todas as perguntas é não, então uma incorporação com 100% da energia do Òrísà seria como um filho de Iyansà segurar o vendaval. Cada médium recebe a quantidade de energia que seu corpo suporta para preencher os 80% que ficam disponíveis para o Òrísà.
Existem regras básicas para que um médium tenha uma boa incorporação. Uma pessoa que vestirá seu Òrísà em uma festa domingo, sem sombra de dúvidas deve ter um preparo. Se essa pessoa sai no sábado, vai para uma boate, bebe a noite toda, tem relações sexuais, e chega em casa às 15:00hrs para vestir o Òrísà às 18:00hrs, fica notório que essa pessoa não receberá nem a metade da energia que deveria receber. Porém se essa mesma pessoa ficasse em casa, repousando, essa pessoa receberia a energia que necessita. Há outro fator na incorporação que é importante ressaltar, que é a força da energia recebida. A energia perde força conforme o tempo, um sirè dura geralmente em torno de 6 horas, dentro dessas 6 horas o Òrísà de uma pessoa que ainda é Iyawò, passará várias vezes, é claro que quando esse Òrísà passar pela última vez no sirè já não será mais com a mesma força que passou da primeira vez, isso ocorre devido ao corpo físico da energia condutora ou médium ficar cansado, com a fraqueza do corpo do
médium a energia do Òrísà também vai perdendo força.
Quando uma pessoa está virada com Òrísà, as pessoas afirmam que a mesma não pode sentir dores ou necessidade de água, que é uma verdadeira ignorância. Camuflado por baixo da energia está um ser humano que necessita de água, as dores de fato ficam mais neutralizadas, isso acontece já que os sinais vitais do médium estão em apena 20%. Em uma festa de Esú muitos incorporam visando a bebida que tem para beber, esses médiuns após 20 minutos de festa, quando já beberam no mínimo 03 copos de champanhe, cachaça ou qualquer outra bebida a força da entidade já cai, justamente pelo fato do médium estar visando somente a bebida, a partir de então o médium passa a influenciar a entidade, até que a entidade vai se afastando cada vez mais, porém o médium que só visa a bebida permanece dizendo que está incorporado, aonde fala coisas que magoam pessoas, e perde ainda mais a credibilidade aos olhos das pessoas.
É uma covardia do médium que utiliza uma entidade para falar aquilo que lhe convém. Entidades essas muitas que muitas vezes vem a Terra com o propósito de fazer o bem, de prestar uma caridade e ajudar aqueles que necessitam. Para uma boa incorporação basta a boa vontade e a concentração do médium.
A palavra médium muitas vezes é mal interpretada, pois muitos a confundem com conceitos errados e acham até coisas de “outro mundo”, condenando até algumas pessoas de se expressarem com estes dons. Na verdade Ser Médium é ser antes de tudo Transmissor e Receptor. 
Temos um bom exemplo no rádio, que recebe as ondas em forma de frequência e que as transforma e transmite em forma de som para que todos possam ouvir. A televisão é um exemplo mais amplo ainda, pois além do som, transmite ainda as imagens. Nem o radio e nem a televisão são donos das frequências em forma de onda que recebem e transmitem. Estes objetos são nada mais que receptores e transmissores de alguma coisa, que no caso são as ondas em formas de frequências.
Pois bem, o médium tem um papel similar a estes objetos, analisando-se por comparação, pois o ser humano quando usa sua mediunidade para algum tipo de comunicação, está sendo naquele momento o canal de ligação entre o mundo espiritual (recebendo a comunicação) e o mundo material (transmitindo a comunicação).
Parece fácil, se levarmos em consideração que este dom pode ser desenvolvido por qualquer ser humano. Sabemos que a Dualidade está presente em nosso mundo e assim sendo, junto com ela está o lado ruim que sempre insiste em estar presente e é por este motivo que existe a necessidade de estarmos atentos. Quando falo Dualidade, me refiro a ambos os lados, ou seja, tanto no Material como no Espiritual.
Estar atento significa estarmos em equilíbrio conosco, pois costumo dizer aos meus amigos: “Tudo que é demais não presta e por melhor que seja ou pareça ser, nos fará mal”. O equilíbrio tem que estar constante em nossa vida, em todos os sentidos possíveis: social, espiritual, esportivo, familiar, moral, etc...
Pois para darmos algo a alguém, ou servirmos de canal, antes de tudo temos que estar muito bem conosco, porque senão atrapalharemos e influenciaremos nas comunicações, sendo o elo e este elo sempre tem que estar forte. Se houver problemas no elo, ambos os lados da comunicação sofrerão consequências.
Ser Médium parece bonito, bom e fácil, mas naquele momento de comunicação existe um desgaste natural de energias (um vai e vem) onde as nossas próprias energias estão no jogo e não é difícil de deduzir que se não houver o preparo e o equilíbrio, nós, mais do que ninguém, sentiremos um abalo em nossas estruturas (material, energética, mental e espiritual).
         Diria que um bom Médium deve praticar 24 horas seu dom, seja ele qual for, pois bem sabemos que a mediunidade pode se expressar de varias maneiras.
Será que 24 horas é muito?
Praticar a caridade é a melhor forma de abrirmos nossos canais para as boas energias e boas comunicações e digo que esta pratica nos fortalece e engrandece muito. Quanto mais doamos, mais recebemos.

Para concluir a Incorporação precisamos frisar sobre os tipos de mediunidade:
1. MÉDIUM CONSCIENTE: É aquele em que a manifestação não toma por completo seus sentidos, independentemente do tipo de entidade que esteja se manifestando (Preto-Velho, Caboclo, Orixá). Ele escuta, enxerga, mas não tem controle sobre seus sentidos.

2. MÉDIUM CONSCIENTE DE FORMA PARCIAL: Parte dos acontecimentos ficam registrados outros não, a entidade se encarrega de limpar sua memória. A maior parte dos médiuns está neste nível.

3. MÉDIUM INCONSCIENTE: Acontece de forma mais limitada, são raros os casos, pois envolve todo um aspecto físico, emocional e significa que este conseguiu um controle do seu interior, entrando em transe completo.

NÃO NOS ESQUEÇAMOS DE UM PONTO MUITO IMPORTANTE:
Quando exercitamos a nossa mediunidade para servir de elo ou instrumento para um ser espiritual (entidade, mentor, guia, protetor, etc...) são eles que atuam por nosso intermédio e ajudam as pessoas e portanto não somos donos deste poder... E é muito comum se escutar por ai: meu guia fez isto, eu fiz aquilo, etc...
                                               
Resumindo:
A humildade é a principal característica de um Bom Médium...
Pratique a Caridade...
Seja Honesto... 
Teremos que prestar contas de nossos atos...
Ame e viva a vida...

A Mediunidade é compromisso assumido na Espiritualidade, antes mesmo de se reencarnar. É como se deixássemos uma autorização ao mundo espiritual para que, quando chegada a hora certa, possamos servir de "elo de comunicação" (instrumento) para os espíritos poderem se comunicar.
Porque então, tantas vezes a mediunidade não é praticada? Algumas vezes porque esse compromisso é esquecido ou camuflado perante uma sociedade que geralmente olha a Umbanda com grande preconceito.
Mediunidade para a maioria dos Umbandistas é sinônimo de muita luta, resignação e sacrifício; por outro lado, ao longo da caminhada, nos proporciona uma imensa certeza do dever cumprido. Os Médiuns de Umbanda são aqueles que vem com seu perispírito preparado para ser instrumento de comunicação, orientação ou cura nos trabalhos Umbandistas. Citaremos agora alguns "tipo" de médiuns:

1. Médium de Comunicação: São aqueles que incorporam na Umbanda. Caboclos, Pretos-Velhos, Exus, Baianos e outros tipos de Entidades como por exemplo entidades da Linha do Oriente, da cura (José de Arimatéia). Sua função é procurar o aprimoramento para ser bons instrumentos, evoluindo cada dia, tentando se afastar de seus erros, vícios, atitudes de maldade, inveja, orgulho e vaidade.

2. Médiuns de Orientação: São os que têm facilidade no esclarecimento de pessoas dentro do trabalho de Umbanda. Alguns jamais incorporam, porém, são usados para orientar e encaminhar Entidades Espirituais no trabalho de "transporte" devido ao seu preparo moral e espiritual já trazidos de outras vidas. Sua função é não se deixar abater diante de situações difíceis dentro do trabalho, doando energia quando necessário àqueles que estiverem precisando.

3. Médiuns de Cura: São aqueles que além de trabalhar com suas entidades habituais, podem ser usados em casos de doenças, por entidades curadoras que através do médium atuam sobre o doente. Sua função é dar condições para a entidade usufruir de sua energia para recuperação e alívio da enfermidade. Essa energia depois é reposta naturalmente.

4. Médiuns em Desenvolvimento: Algumas pessoas chegam ao Centro por "amor" outras pela "dor" e outras ainda pela "obsessão".

Todos devem ter consciência e responsabilidade para saber que antes de se assumir um lugar nos trabalhos de uma Casa de Umbanda, é preciso ter maturidade; ou seja, procurar aprender antes e praticar depois; para que quando a caridade seja praticada, exista responsabilidade e não aconteça o entra e sai de médiuns, tão frequentes nos terreiros.
Quando um médium ingressa num terreiro, é um elo a mais que se liga na corrente mediúnica da casa, e passa a ter deveres e obrigações, tais como: equilibrar-se ao máximo para que a corrente não perca o equilíbrio, pois quando um elo se quebra, todos caem juntos; aproveitar as giras para troca de energia com suas entidades (com a prática passa a sentir e reconhecer suas vibrações); fazer banhos de defesa no dia do trabalho, acompanhado de vela para o Anjo de Guarda; não comer carne no dia do trabalho; não praticar atos sexuais 24 horas antes do trabalho; vir com roupa branca designada pela casa; vir sem "badulaques", tais como: relógios, brincos, pulseiras, anéis, tiaras, correntes, fivelas, etc. (as entidades precisam apenas dos médiuns, não de seus enfeites); vir sem maquiagem; seguir o regulamento da casa, como horários entre outros; quando incorporar, ser responsável pelo material utilizado pelo "seu" guia, como velas, guias, etc.
Os que chegam pela "dor", ou seja, chegam através de algum problema que atrapalha sua vida, seu trabalho ou sua saúde, devem ser tratados até que se sintam curados do problema que os afligia e ai então, se tiverem disposição e vontade, podem fazer parte da corrente, primeiro estudando os trabalhos, analisando e tendo a certeza que é o que realmente quer.
Por último, os médiuns que chegam através da obsessão precisam ser cuidadosamente orientados, tratados e energizados, bem como a entidade obsessora. Com o tempo, quando houver o afastamento da entidade, fatalmente haverá a melhora do médium e aí chega a hora da recomposição da energia perdida, principalmente atuando nos chacras e na aura do paciente. Na Umbanda um dos tratamentos de desobsessão é feito através do "transporte" que consiste em transferir a entidade que acompanha o paciente para um médium preparado que dê condições para a entidade se manifestar.
“Geralmente” o primeiro passo para o médium dentro do trabalho de Umbanda é ser "cambono", ou seja, ajudar a entidade que está atendendo as pessoas.
Quando um médium está cambonando deve entender que mesmo que o caboclo (preto-velho, criança ou exu) esteja conversando com outras pessoas durante o trabalho, a entidade continua atuando nele, ajudando no seu desenvolvimento. Pouco a pouco, com o passar do tempo, os médiuns que forem de incorporação começarão a sentir as vibrações das entidades que começam a se aproximar da sua mente e do seu corpo. Alguns se assustam, outros se retraem, outros começam a inventar passos para a entidade, e aí começa um período de enorme insegurança para o médium em desenvolvimento. Os questionamentos começam: "Será que sou eu ou a entidade?" Essa é a pergunta mais freqüente na iniciação dos médiuns, porque mesmo sentindo que realmente existe uma força maior junto dele, ele não entende como pode ouvir, ou ver, ou saber o que está sendo feito. Ora, seria muito fácil se simplesmente a consciência sumisse e as entidades trabalhassem sozinhas. Mas onde estaria a responsabilidade do médium? Como iria evoluir? Como iria aprender? Na Umbanda a maioria dos médiuns têm consciência do que se passa; alguns tem semiconsciência e raríssimos são inconscientes.
Os que ouvem e vêem o que sentem durante o trabalho, no começo se sentem inseguros; mas com o passar do tempo, a maior prova que se tem da presença da entidade é o resultado do trabalho junto aos pacientes. Qual a fórmula mágica que o médium consciente tem para agir corretamente e não mistificar? Veja esses conselhos: "Seja sincero, Luz e Caridade com você mesmo; se você não se enganar, não enganará ninguém". Coloque no seu subconsciente que não é você que vai trabalhar e sim a entidade. Libere sua energia em favor desse trabalho e seja um bom instrumento. Não queira passar na frente dos caboclos e colocar a "sua" vontade em prática. Não queira imitar outros médiuns, você tem sua individualidade e sua entidade também. Exemplo: não é porque uma entidade chega e ajoelha que todos precisam fazer o mesmo. Cada entidade tem sua própria personalidade. Cabe ao médium deixar que ela se manifeste.
Os médiuns semiconscientes são aqueles que às vezes ouvem, as vezes veem. Precisam ter equilíbrio para não atrapalhar a comunicação. Interessante é que na quase totalidade das vezes ao término do trabalho guardam somente frases soltas, incoerentes, não se lembrando dos casos que atendeu ou que mirongas prescreveu.
Os médiuns inconscientes são aqueles que não ouvem, não veem, ou seja, não tem nenhum controle na comunicação.
São médiuns que tem muita dificuldade no seu desenvolvimento pois quando são "puxados" na gira, sentem como se estivessem caindo num buraco fundo, e se apavoram. Por não ter controle na comunicação, não são aconselhados para tipos de trabalho de desobsessão como o "transporte".
Existem também os que possuem a vidência, a audiência, a intuição (às vezes por pensamentos, às vezes por sonhos), o transporte (médiuns que saem do corpo físico e vão para outros lugares), de efeitos físicos, de materialização, etc.
A mediunidade, quando desenvolvida num terreiro de Umbanda onde a seriedade e a responsabilidade são fatores constantes, tem um caminho muito bonito; mas quando isto não acontece, existe um grande perigo deste médium ficar completamente desequilibrado chegando muitas vezes até a obsessão. Outro fator de muito perigo é a incorporação sozinho, em casa (fora do Congá). Existe uma grande possibilidade de, com o passar do tempo, o médium pensar que está incorporando um Caboclo e na verdade ser outro tipo de entidade (mistificador ou zombeteiro).
Quanto às vibrações que sentimos no desenvolvimento, podemos dar um aspecto geral, lembrando que não é regra:
1. Caboclos de Xangô: vibração nas mãos e pernas. Peso como se fosse maior que o médium. Impressão de força.

2. Caboclos de Oxóssi: vibração na região da nuca. Geralmente chegam quietos. Trazem vibrações de firmeza.

3. Caboclos de Ogum: geralmente chegam com grito de guerra. Caboclos mais agitados, com gestos menos suaves.

4. Caboclos de Iemanjá: começam balançando o corpo do médium, como as águas do mar. As caboclas dançam e giram limpando as vibrações negativas das pessoas e do ambiente. Emitem energia através das mãos, no balançar dos dedos. Trazem paz.

5. Pretos-Velhos (Iofá, Yorimá): vibração nas costas, que se curvam e pesam. Pernas e mãos tremem.

6. Crianças (Cosme e Damião, Yori): vibração de alegria. Vontade de rir, cantar. Alegria por estar ali.

Os banhos de defesa ajudam muito no desenvolvimento mediúnico, desde que usados com precaução. Cada erva tem sua força e sua magia. Cada energia serve para determinado objetivo.
Por isso os banhos não devem ser feitos sem orientação. Existem banhos que podem ser jogados da cabeça aos pés, enquanto outros somente do pescoço para baixo.
Na altura da nuca de cada médium, existe uma glândula (ponto) chamado hipófise, que é a responsável pelo desenvolvimento mediúnico. É o ponto de intercâmbio direto com a Espiritualidade. Nesse ponto, os caboclos trabalham quando vão puxar ou repulsar uma entidade - juntamente com o chacra frontal (testa).
Quando um médium é mal orientado e joga na cabeça qualquer tipo de banho (inclusive banhos fortes de descargo) pode desequilibrar totalmente a energia do perispírito levando o médium ao desgaste físico e mental, ficando muitas vezes doente.
Os banhos devem ser orientados pelas entidades para atingir bons resultados. Alguns podem até ser feitos quando se tem oportunidade, como por exemplo, o banho de cachoeira e o de mar.
Nós, médiuns da Umbanda, devemos respeitar e amar as entidades que trabalham nessa linha e nessa Casa, porque não é por acaso que um grupo se encontra; nem de entidades e nem de médiuns.
Muitas vezes nos parece difícil, quase impossível continuar a marcha; mas ZAMBI nunca nos dará uma cruz mais pesada do que possamos suportar.
Que Oxalá nos una, que os Orixás nos abençoem e que nossos Caboclos e Pretos - Velhos nos orientem até nossa volta para Aruanda.
Axé e Luz.

Texto 01: A Incorporação ACALUZ
Texto 02: Diferentes tipos de médiuns - enviado por Jackeline Caldart – Luz de Aruanda Sul
Revisão e Adaptação:
ACALUZ – Adriano Figueiredo: Presidente e 
Diego Bragança de Moura – Historiador da ACALUZ.