segunda-feira, 11 de julho de 2016

Apenas Pensando...


Cada Religião e/ou Nação dos cultos de origem ou influência afro, tem seus modos de cultuarem suas divindades e seus dialetos próprios, que são responsáveis por denominar os elementos sobrenaturais e físicos que compõem cada crença. Porém, podemos observar que, em certa medida, as diferentes formas e maneiras de culto misturam e assimilam, de forma mais visível ou não, práticas, saberes, fazeres e filosofias de diversas religiões (afros ou não), em seus modos de exercerem suas crenças e fé. A mesma constatação pode ser identificada no falar, ou seja, no vocabulário presente em todos os rituais e práticas religiosas, que ao longo da história sofreu e vem sofrendo interferências e contribuições de línguas, dialetos e modos de  comunicação de origens diversas do continente africano. Essas assimilações e novas formas de identificação e reconhecimento de elementos religiosos através dos verbetes diversos de origem africana, deve-se muito a própria forma como os negros escravizados foram de maneira compulsória sequestrados e trazidos para o Brasil em navios negreiros, onde grupos de regiões e tribos diversas, falantes de inúmeras línguas e dialetos tiveram que desenvolver novas modos de comunicação verbal, gestual e simbólica, mesclado as múltiplas manifestações linguísticas existentes. O que também foi determinante para a constituição de novas formas de culto aos ancestrais e deuses do panteão africano em terras tupiniquins. Pois, como apenas trouxeram de sua terra mãe suas memórias e experiências, como forma de resistência e valorização de suas culturas religiosas e filosóficas, estabeleceram novas práticas religiosas associando, mesclando, absorvendo ou readaptando suas crenças com elementos distintos dos originais, mas que no final das contas visavam garantir a manutenção e sobrevivência dos elos entre homens, mulheres e suas divindades.  Fato que justifica as "misturas" e presenças distintas nas formas de cultuar determinadas crenças de origem e/ou imfluência afro, o que pode ser percebido  até no nosso dia a dia, no que tange ao modo de falar e os significados que cada palavra para formas e práticas diferentes, além nas formas de preparo de procedimentos característicos em cada religião ou culto, como: nas formas de degustar alguns alimentos, nos preparos dos mesmos, na organização, montagem, estruturação, composição e formas de apresentações das obrigações, oferendas, preceitos e demais práticas sagradas.
O que temos que ter em mente é que cada Religião tem seus modos e regras a serem seguidas que podemos chamar de "TABU" e/ou procedimentos ritualísticos próprios.
Nesse caso podemos dizer que a Umbanda é uma Religião organizada e, por isso, podemos afirmar com toda convicção que: "TEM FUNDAMENTO EM TUDO O QUE FAZ". Posso até destacar sem medo que ela não precisa de muitos apetrechos e adereços para realizar um culto, uma seção. Basta uma vela e um copo com água e você já faz seu ritual, seja ele de cura ou de magiamento. Isso se deve a um princípio básico da Umbanda, a HUMILDADE, ou seja, na própria forma de se praticar a Umbanda, seus elementos materiais se demonstram simples, pois o que importa é a fé dos envolvidos e os objetivos que se pretende alcançar: caridade e humildade.
Outras vertentes religiosas, porém, precisam de vários objetos, utensílios e alimentos até mesmo de nosso cotidiano para realizar um trabalho de magia. Então, a diferença na forma de culto e no modo de falar encontramos também NO QUE CULTUAR e COMO CULTUAR. Cada um através de seus ensinamentos com seus zeladores, aprende, aprimora e repassa aos seus. Dai vemos que Umbanda, além dos Caboclos brasileiros, cultua os orixás chefes de falanges, as famosas energias da Natureza e suas lendárias "estórias/histórias" que são contadas diariamente nos terreiros.
O Candomblé Cultua os Orixás, seguidos dos Encantados e Caboclos, mas que tem como prioridade os Orixás, os Deuses Ancestrais Divinizados. Usa uma vasta gama de conhecimentos passados através da Oralidade dentro do Culto. E se utiliza de muitos materiais da Natureza, alimentos diversos e tantas coisas que fogem a nossa imaginação.  
O Culto ao Egungun, cultua o Espirito de um "Babalorixá desencarnado". Um Egun Ancestral, ou melhor dizendo, CULTO AOS MORTOS ANCESTRAIS DA RELIGIÃO. Tendo regras de participação e sendo exclusivo e fechado a seus membros.
Os jogos divinatórios, apesar do que muitos pensam, não pertencem a nenhum médium, e nem exclusivamente todos os jogos venham a pertencer a uma unica Religião ou Nação ou Ceita, ou seja, não é toda "Nação" que deve utilizar, exclusivamente, todos os métodos de jogos divinatórios existentes, cada uma tem o seu e o modo de receber o jogo requer preceito e mérito. Anos de estudo e prática para não ser mais um jogador com uma placa na porta e ainda dizendo que TRÁS  DE VOLTA O AMOR EM 24H.
As vezes pensanos que pensar também ofende. Mas na verdade nos faz refletir sobre para onde vamos... Pois, de onde viemos tá difícil.
Em suma, podemos entender que não importa se uma religião cultua os deuses ou entidades diferentemente de uma outra. Mas sim, se aquela ou aquelas formas de culto são realizadas com fé, dedicação, respeito, preparo e devoção. A dispulta de ego e fama dentro de certas casas de axé e em muitos zeladores e zeladoras de santo ou orixá, ou entidades, tem levado os cultos afro-indígenas a um certo descrédito e avanço de formas diversas de preconceito e discriminação. Pois a fé e os reais dogmas e filosofias existentes dentro de cada religião são deixados de lado: humildade, fé e respeito. Diante disso, devemos saber respeitar quem de sua forma própria, ou de sua conduta religiosa de raíz possui seu axé (força, bênçãos, energia) e buscar sempre evoluir, positivamente, dentro de nossas próprias crenças e formas de ver a vida e todos ao nosso redor.

Por Adriano Figueiredo - Presidente da ACALUZ e
Diego Bragança de Moura - Historiador da ACALUZ
https://www.facebook.com/diegobragancademoura
Instagran: @diegobragancademoura
Twitter: @diegobraganca_
Foto ilustrativa retirada do Site: http://www.conexaojornalismo.com.br/ - Eric Andriolo e Douglas Mota

Nenhum comentário: