quinta-feira, 16 de junho de 2016

Santo Errado/Orixá Errado

Sempre recebemos perguntas do tipo, mas a que me chamou atenção foi esta. Aproveitei e dei uma estudada e achei uma resposta, preferi nem elaborar uma, achei esta perfeita.

Pergunta: Sou feita no santo a 4 anos e agora descobri que meu pai de santo me fez errado, fui jogar buzios com outro pai de santo e ele me disse que sou de Oyá e não de Oxum a qual fiz o santo, oque fazer ?

Resposta:
Minha amiga acho que está tudo errado mesmo....
"Quanto mais eu rezo mais assombração me aparece". Vamos analisar tudo isso:
Ora se você fez o santo para Oxum a 4 anos, na feitura Oxum respondeu com certeza, durante estes 4 anos Oxum continuou a responder e ai de uma hora para outra você decide ir em um outro local, jogar com uma outra pessoa e que te diz que seu santo esta errado.
Vamos dar um credito a esta loucura, vamos acreditar então que está errado realmente, e ai me surgem algumas perguntas:

1. Se o santo esta errado, quem respondeu na hora de sua feitura, Oxum ou Oyá?
2. Durante todos estes anos você vem cultuando Oxum pra nada, e o pior, Oyá que seria então a verdadeira dona do Ori só ficou ali , olhando.
3. Será que Dona Oxum permitiria então uma feitura de uma filha que não é dela?
4. E Oyá, permitiria que sua filha fosse feita para outro orixá?
E se caso não tivesse sido o orixá a responder durante estes anos, um belo de um fingimento rolou ai né?
Sem contar o fato de ter ido atrás de outro babalorisá para confirmar oque estava sendo feito a 4 anos.
Se o orixá está errado ele não responderia, se responde é por que esta certo.
Pode haver ai alguma situação falta de conhecimento para o culto, podemos imaginar uma serie de fatores, agora se concluirmos que é mesmo o santo errado ai podemos concluir que teve o EKE.
A partir do momento que o filho de santo passa a desconfiar dos preceitos de sua casa, passa a desconfiar de seu Pai ou Mãe de santo, gente pega as suas coisinhas faça sua mala e vá embora.
Afinal queremos todos acreditar que o sacerdote ali representado pela Mãe ou pai de santo só realiza realmente os preceito a qual são conhecedores.
Se não concordo com a maneira que é conduzido tal preceito, se não concordo com a maneira que a casa é regida, se começo a discordar das atitudes dos sacerdotes supremos daquela casa, isso indica que devo me retirar.
Vou procurar algo melhor. É bem melhor do que ficar me desgastando com aquilo que não concordo.
#ACALUZ

Por. Adriano Figueiredo - Presidente da ACALUZ
Historiador da ACALUZ - Diego Bragança de Moura.
http://babalotegisun.blogspot.com.br/2015_11_01_archive.html
https://ocandomble.com/os-orixas/ 

terça-feira, 14 de junho de 2016

Bater Cabeça no Chão


O estudo do batimento de cabeça é fonte de revelação espiritual profunda, duradoura, de transformação. Todas as coisas que estão sob a terra possuem maior profundidade do que aparentam. Basta saber olhar. Basta saber ouvir. São micro iluminações diárias. 
Tudo tem um propósito. Até o caos é proposital. Se até o caos tem sua razão de existir, por que um gesto tão simples quanto encostar a testa no chão não teria? A profundidade das coisas da vida é percebida somente pelas pessoas que enxergam. Não as que olham, mas as que enxergam. Um cego pode enxergar isto. Aquele que vê não precisa entender. Já viu e assim, existe. Aquele que escuta está no processo do entender. Aquele que vê está no processo do contemplar. Aquele que vê diz: - “Não sei o que é, mas eu estava lá e existe”. Aquele que escuta diz: - “Ouvi dizer e entendi que isto é assim. Não sei se existe, mas foi assim que aprendi”. Aquele que vê e escuta diz: - “Ensinaram-me desta forma. Eu vivi isto e digo que é real”. Aprender a ver e aprender a escutar. Faces de uma mesma moeda chamada de vida terrena, uma fase da vida do espírito imortal que somos a caminho do destino final, Deus. 
A linguagem do ver e a linguagem do ouvir é mais profunda e guarda segredos. Todo segredo guarda sua chave da revelação. Cada chave da revelação é feita do mais reluzente ouro e está guardada em cada pessoa de modo diferente. Não há caminho universal de acesso e não há localização pré-determinada. Só a devoção às palavras de Deus (Olorum) encontra eco junto às chaves da revelação. O praticante atento segue a vibração da voz de Olorum junto ouro espiritual (grande valor sagrado) que dá forma as chaves da revelação. É um caminho. Ninguém pode percorrer este caminho senão o próprio praticante. Andar pelo caminho da iluminação do espírito é opcional assim como é a semeadura de nosso futuro. A semeadura é opcional, mas a colheita é obrigatória. O que tua alma colherá no momento futuro? 

O ATO
Encostar a cabeça no chão, as mãos voltadas para cima na altura da cabeça, o corpo estendido no chão ou de joelhos, encostar o lado direito e o lado esquerdo, levantar-se. Ritual simples a quem olha. Ato profundo de fé para quem enxerga. Entrego uma pausa neste momento para um ato revelatório. 
Muito falamos dos médiuns videntes e nos admiramos com as suas visões do mundo espiritual. Energias que fluem, espíritos que aparecem e histórias lindas da percepção mediúnica. Eu também trabalho para poder enxergar melhor de forma mediúnica. Tinha esta capacidade superexposta na infância e perdi ao longo do tempo por algum motivo ainda não revelado. Vasculhando este tipo de mediunidade encontrei outra porta a ser aberta. São incríveis as infinitas possibilidades que Deus oferece àquele que procura com vontade pelo labirinto da fé. Encontrei uma porta pequena. Não havia nada escrito em sua face. A porta era lisa e de madeira. Maçaneta dourada. Cor preta. Abri esta porta e forte luz veio de dentro ofuscando a visão por instante e revelando um infinito do outro lado. Não havia chão para pisar ou caminho a seguir. Não havia acima ou abaixo, esquerda ou direita. Só um céu de nuvens por onde quer que olhemos. Tento tatear com os pés para saber se não é uma ilusão. Talvez, uma ponte oculta estivesse a um passo de distância, mas nada encontrei. Por que passar por ali se há tantas outras a verificar? – pensei. Contudo, a existência é assim. São inúmeras encarnações a percorrer e em cada uma delas só um caminho a seguir. Não sabemos o porquê estamos a seguir aquele caminho. Aquele caminho que seguimos nos parece ser o único que importa e é o único que entendemos e interessa. Estes são os sete caminhos de Deus. Quando superados os sete caminhos nossa alma estará pronta para o próximo nível de existência. Como esta porta foi a única que se revelou interessante e barrou minha evolução, caí em seu infinito azul e branco. Por que estou contando esta história? Para que você entenda uma coisa; só há uma forma de progredir. A esta única forma damos o nome de entrega. Analise a palavra entrega sob todos os aspectos e nada encontrará. 

Analise o desenho das letras e a origem da tinta e nada encontrará. É só uma palavra. Deus não está na palavra. Deus está no eco que a palavra produz em nós mesmos. Fecho este parêntese para retornar ao tema. 
Passamos por longa jornada até este momento e somente por isso, teremos a capacidade de compreender o batimento de cabeça. 

O que envolve o ato de bater cabeça? 

Ao bater a cabeça no solo sagrado demonstramos esta entrega, bem como depositamos nossos corpos, físico e espirituais, na conta de investimento de Deus para render amor, luz e caridade a mim e a todos que necessito ajudar. Ali, naquele momento, os poderes de Deus e dos Orixás e as forças das entidades, nossas e do terreiro, varrem nosso ser por completo nos inundando de luz espiritual. Nosso corpo é descarregado, lavado, energizado e dá um novo passo ao preparo de ajuda ao próximo e a si mesmo. Caráter de humildade e entrega, servidão e serviço caritativo. 
Não são explicações científicas. Sou objeto de estudo aqui e não o pesquisador. Entrego o laboratório e os instrumentos a quem de direito e entrego meu templo pessoal, que é meu corpo, à Deus. Bato cabeça para saudar e também para me preparar para a gira. Toda a energia daquele chão sagrado trabalha junto comigo. Entra pela coroa, que está virada para o congá, passa por todos os meus chacras e sai pelos pés. Renova tudo o que ali está presente e equilibra. Entro em contato com meus antepassados que no chão foram enterrados e com Deus e os Orixás, que estão entronados no congá. Curvo-me a Deus, levanto e saúdo meus irmãos com: Salve a todos! – mostrando minha toalha de bater cabeça como se entregasse a eles também minha força para ajuda-los no trabalho de hoje. 
Esta é uma singela contribuição a todos sobre minha visão do ato de bater cabeça. Axé! 

Por. Adriano Figueiredo - Presidente da ACALUZ
Historiador da ACALUZ - Diego Bragança de Moura.

Texto da Apostila de Estudos: Adérito Simões 
Pai de santo do Templo Sete Montanhas do Brasil
Site: www.aderitosimoes.com.br 
http://sramary.blogspot.com.br/2010/05/ritual-de-bate-cabeca.html
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