quinta-feira, 13 de junho de 2013

A história de vida dos Caboclos e Guias "Verdade ou Polêmica?".

Amigos e amigas que acompanham nossas postagens, que constantemente, publicamos no blog da ACALUZ - Associação Cultural Axé e Luz.
Assumimos como missão, desenvolver e promover a preservação, valorização e divulgação dos saberes, fazeres, crenças, doutrinas e visões diferentes inerentes de nossa religião, Umbanda.
Então, como é nosso dever e missão, apresentamos abaixo um texto com uma visão bastante interessante, sobre a individualidade e exclusividade, que segundo seu autor existe entre o médium e os seus guias e espíritos. Ou seja, a ligação unilateral entre um ser encarnado e outro desencarnado, a relação quase que determinada, segundo a interpretação do autor, pelo destino misterioso do universo que uniu um ser vivo e um encantado ou desencarnado.
Leiam com atenção, reflitam sobre a temática e tire suas conclusões acerca do ponto polêmico em questão. Mas lembrem, que nossa intenção, não é defender essa ou qualquer outra visão ou teoria, como absoluta ou inquestionável. Mas, simplesmente, possibilitar o debate e a multiplicidade de interpretações e visões existentes em qualquer religião, e isso, não poderia ser diferente na umbanda.
Por. Diego Bragança de Moura - Historiador da ACALUZ.

Caros Irmãos,
“Eu estou na internet desde 1998, mas tem aproximadamente 5 anos que venho tentando falar de Umbanda na internet, mas logo assim que eu comecei procurava feito um louco, histórias do cigano que trabalho, do Exú e do Caboclo, nada encontrei. Um dia o cigano que trabalho, falou que a história dele estava começando naquele exato momento e seria aquela que eu teria que aprender, seria aquela que eu teria que propagar, dentro das Leis da Umbanda.
Eu, nem mesmo um ponto cantado tinha para cantar para o Caboclo, o Exú e para o Cigano, nem uma linha encontrei sobre eles aqui na internet, mas com muito trabalho, perseverança e doutrinação, eu fui compreendendo aquela mensagem do amigo Cigano. Hoje sei que cada Guia/Espírito é Uno, tal como nós somos, estes podem ter o mesmo nome, mas não são os mesmos de forma alguma ninguém irá trabalhar com ele após seu desencarne, poderá sim trabalhar com um espírito com o mesmo nome que chega na mesma Falange ou Legião.
Exemplo:
Eu posso trabalhar com Tranca Ruas das Almas e você também, podemos até ter os mesmos Pais e Mães de cabeça, mas, o Tranca Rua das Almas que você trabalha, não é e nunca será o mesmo que eu trabalho, mas ambos chegam na mesma vibração, na mesma energia, são das mesmas Falanges.

PERCEBA O QUE DIZ ESTE TEXTO ABAIXO:
Existem basicamente 3 fatores que fazem com que a apresentação do guia varie:
1 – São espíritos diferentes.
2 – Trabalham em Médiuns diferentes.
3 – Trabalham em Terreiros Diferentes.

1 – SÃO ESPÍRITOS DIFERENTES: Antes de tudo, cada guia que incorpora é único, cada um é um espírito em particular, com seu jeito de agir e pensar. O nome de que se utilizam é apenas um indicativo da forma, que trabalham em sua linha e irradiação. Por isso, podemos ter vários espíritos trabalhando com o mesmo nome, sem que sejam por isso, um só espírito.
É como ser um médico, um engenheiro, um professor ou qualquer outro profissional de alguma área específica. Todos possuem um conhecimento comum, além do conhecimento individual. E isso faz com que possam trabalhar de formas diferentes, mas seguindo a mesma linha geral. A mesma coisa acontece com nossos guias.

2 – O MÉDIUM: Mesmo os inconscientes, acabam interferindo, intrinsecamente na incorporação.
Entenda-se que não é uma atitude deliberada do médium, mas algo que “vaza” da personalidade do médium na incorporação. Desde que esta interferência não atrapalhe o trabalho do guia, isto é perfeitamente aceitável.

3 – TRABALHAM EM TERREIROS DIFERENTES: Se um médium continua trabalhando com o mesmo espírito, mas muda para um terreiro em que o ritual seja diferente, também é comum observarmos pequenas mudanças na apresentação e no trabalho do guia, trata-se da adaptação do guia ao novo local de trabalho.
Por isso há muitas variações na apresentação e método de trabalho dos guias. E perguntas como:
Alguém Conhece o Preto-Velho X ?
Como se apresenta o Caboclo Y ?
Informações sobre o Exu Z ?
Além de não atenderem a uma descrição fiel do guia a quem à pergunta se refere, podem aumentar o animismo ou causar insegurança.

*AUMENTAR O ANIMISMO: A pessoa lê uma descrição de que o Caboclo “Y”, não fuma charuto, e quando incorpora, fica com aquilo na cabeça, assim mesmo que o Caboclo queira pedir um charuto, pode encontrar dificuldades de romper esta barreira anímica criada pelo médium.

*CAUSAR INSEGURANÇA: O médium lê que o Exu “Z”, quando incorpora ajoelha-se no chão, aí pensa, “nossa o que eu incorporo, não ajoelha!!!” e começa a se sentir inseguro quanto a manifestação do seu guia, podendo com isso atrapalhar o seu desenvolvimento.
Resumindo, a melhor forma de conhecer seu guia, é através do tempo, do desenvolvimento e do trabalho com ele, assim, pouco a pouco, você vai se interando de como ele é, como gosta de trabalhar, etc. E vai conhecê-lo como ele verdadeiramente é!
Quem me dera eu naquela ocasião tivesse essas explicações, teria evitado muito tempo perdido, foi tudo em vão a minha procura, perguntava ao vento, perguntava o que só eu poderia responder, o que só os Guias que eu trabalhava poderia informar.
Só para demonstrar como foi difícil darei o nome do Caboclo e do Exú que trabalho. Tente achar algo sobre Eles aqui na internet.
Caboclo Bugre – Irá encontrar um ou dois Pontos Cantados e, mais nada.
Exú Quebra Osso – Talvez encontre apenas uma frase que ele era irmão de Tatá Caveira, talvez ainda um Ponto Cantado.
Graças ao bom Deus esta dificuldade só aumentou minha Fé nesses, estejam tranquilos, que tudo será revelado no momento que vocês estiverem preparados, estude, estude e estude, assim estará ajudando seus Guias e sua espiritualidade.
Estejam sempre em paz e que a alegria dos Espíritos de Luz sejam uma constante em vossas Caminhadas!

Por. Adriano Figueiredo Leite - Presidente da ACALUZ
Pesquisa e Texto de apresentação - Diego Bragança de Moura - Historiador da ACALUZ.
Texto: "Alex de Oxóssi”.

domingo, 2 de junho de 2013

Diferenças entre Umbanda, Quimbanda e Candomblé



Candomblé, Quimbanda [ou Kimbanda], Umbanda, são as principais denominações entre as religiões afro-brasileiras.
Alguns, negam a estas crenças o status de “religião”: 
1. porque não se enquadram na idéia de “religião oficial”; 
2. porque são praticadas por minorias sociais.
No Brasil, embora muito se fale do Candomblé e da Umbanda, os números oficiais, do IBGE, não deixam qualquer dúvida quanto a essa condição de minoria que é uma realidade das religiões afro-brasileiras.
No censo de 2010, em uma população que ultrapassa 160 milhões de habitantes, pouco mais de 625 mil pessoas se declararam adeptas do Candomblé e da Umbanda, embora outros tantos milhares de não-adeptos freqüentem terreiros e tendas como “clientes”.
Os dados também revelaram que existem mais Umbandistas que “candomblezistas”… [Umbanda: 397.431 ─ Candomblé: 127.582, em universo onde mulheres são a maioria... meditemos...]. Sobre os clientes, escreve Reginaldo Prandi:
“[O candomblé] …como agência de serviços mágicos… oferece ao não-devoto a possibilidade de encontrar solução para problema não resolvido por outros meios, sem maiores envolvimentos com a religião. [O cliente é] …consumidor de serviços mágicos que a religião oferece também aos não-devotos, sob pagamento… – [PRANDI, p 12]…
E sobre as religiões afro-brasileiras como minorias, comenta Prandi:
“Em 2001, Ricardo Mariano, analisando o crescimento evangélico, em sua tese de doutorado, fez uma descoberta sensacional. Descobriu que as religiões afro-brasileiras estavam perdendo fiéis… E apontou como razão o enfrentamento com as igrejas pentecostais [[os evangélicos, até porque os pastores se apropriaram de rituais do candomblé ou adaptaram esses  rituais como odescarrego, o banho com a rosa branca, os passes e juntaram tudo isso com o apelo à figura de Jesus Cristo!]. …Pode-se ver que a perda de fiéis do conjunto afro-brasileiro se deve ao encolhimento da Umbanda. Como o pequeno crescimento do Candomblé não é suficiente para compensar as perdas umbandistas, o conjunto todo se mostra, agora, debilitado e declinante diante do avanço pentecostal.” [PRANDI, p 17/18]
No imaginário popular, especialmente daqueles pouco informados sobre estas religiões, Candomblé, Kimbanda, Umbanda não “tudo a mesma coisa”, “tudo macumba!”, não reconhecendo cada uma como credo distinto, como se não houvesse diferença entre suas teologias, liturgias e origens históricas. Porém, o estudo, ainda que superficial revela que as três não se confundem; ao contrário, diferem significativamente em suas características essenciais e o único fato que têm em comum é a adoção de elementos da cultura religiosa afro-brasileira e, por brasileira, entenda-se catolicismo no molde português colonial.
Diferenças em Linha Gerais
Candomblé, Quimbanda e Umbanda distinguem-se:
1. pelas natureza das entidades cultuadas e/ou invocadas/evocadas; 
2. pelos procedimentos do culto;
3. pelos elementos culturais componentes do sincretismo; 
4. e, finalmente, pelo uso que se faz das forças metafísicas acionadas.
Considerando estes aspectos, notar-se-á, imediatamente, que o Candomblé difere da Quimbanda e da Umbanda de forma mais enfática enquanto Quimbanda e Umbanda são muito mais próximas.
No Candomblé, os cultuados, os Orixás [ou Orijás] são considerados deuses; na Quimbanda e na Umbanda, ainda que o culto também invoque e evoque Orixás, estes são considerados meros espíritos ancestrais mais antigos ao lado de numerosas outras entidades representativas de ancestrais mais modernos e/ou contemporâneos.
No Candomblé, os deuses, desde de sua origem em terras africanas, também são ancestrais porém sua antiguidade remonta a tempos imemoriais. São como os heróis e deuses gregos, grandes reis, guerreiros e personagens que viraram mitos, foram mitificados e, assim, alcançaram a condição de divindades.  O mesmo processo que originou o panteão greco-romano. Muito além da fantasia popular, os deuses gregos também foram personagens fundadores de Civilizações, de um tempo antediluviano, como Poseidon [ou Netuno] que, segundo a tradição relatada por Platão, em Crítias, foi o último rei Atlante da última grande ilha remanescente da lendária Atlântida.

Na Quimbanda e na Umbanda, os ancestrais são vistos como antepassados mesmo, pessoas mortas, homens e mulheres proeminentes e/ou sábios ou, ainda, perversos. São Espíritos que baixamno culto [evocação, sem incorporação] ou incorporam nas pessoas [invocação] a fim de atuar no mundo dos vivos.

Umbanda reivindica propósitos sempre voltados para o bem, com um discurso claramente cristão. A Quimbanda, embora seus teóricos neguem, é fortemente associada à magia negra, aos trabalhos para o mal e, além de para espíritos humanos desencarnados, como na Umbanda, também se utiliza de seres não-humanos: larvas [criações da mente dos sacerdotes-magistas], demônios [Espíritos obcessores] e elementais.
Nas palavras do místico e escritor José Romero Romeiro Abrahão:
“A Quimbanda é um culto mágico às Entidades malévolas, denominadas Exus, Quimbandeiros… Em geral, na Quimbanda só se trabalha para o mal de alguém ou então para submeter uma pessoa à vontade da outra”.

Por. Adriano Figueiredo Leite - Presidente da ACALUZ
Pesquisa: Diego Bragança de Moura - Historiador da ACALUZ
Fonte de Pesquisa:  http://umbanda-candomble.comunidades.net/index.php?pagina=1740531575