segunda-feira, 7 de outubro de 2013

OS CABOCLOS


A ACALUZ - Associação Cultural Axé e Luz, a muito vem abordando temas sobre Caboclos. Quem são? De onde vem? Qual a missão de cada um? Estamos sempre renovando nossos textos com várias visões, pesquisas e estudos. Este, além dos outros, possui tópicos que merecem total atenção para o aprendizado. Aqui vemos a discussão da realidade textual(teoria) e a não realidade na prática, pois o que vemos neste estudo, são culturas tradicionais puras que estão se perdendo ao longo dos tempos; pôr em prática este estudo só reforçará o quesito a "CULTURA TEM DE SE MANTER VIVA", quando falo cultura, não me refiro somente a ela, mais na tradição de transpassar conhecimentos as gerações futuras da religião, pois, o que vemos no dia-a-dia do Umbandista é que muitas tradições estão ficando para a história e estudo de algumas pessoas que realmente se interessam. Pois, com a mistura de religiões muita coisa está se perdendo. Como Exemplo posso citar o seguinte: "Um Umbandista que resolve entrar para o Candomblé (qualquer matiz), automaticamente abandona suas tradições umbandistas, ou seja, a partir da iniciação no candomblé ele irá mudar suas regras, rotinas, tradições culturais, porém, continuará recebendo sua entidade da umbanda, realizando seus rituais, mais com outras características que não mais da tradicional religião umbanda". Pelo menos é o que temos visto em diversas visitas realizadas por esta Associação, nas mais diversas casas. Vamos ampliar esta discussão para um outro momento e citaremos outros exemplos, e que com toda certeza trará muita polêmica. Abaixo, texto de estudo sobre os caboclos e os identificadores de cada um no que tange a sua permanência e passagem nos médios incorporados...  
Quem são os Caboclos? Porque eles são escolhidos como guias-chefes dos médiuns umbandistas? O que é a linha e irradiação de um Caboclo? Onde moram os Caboclos? As diferentes apresentações e especialidades dos caboclos de cada irradiação? As atribuições dos Caboclos? Porque os Caboclos assobiam, bradam e estalam os dedos?
São os nossos amados Caboclos os legítimos representantes da Umbanda, eles se dividem em diversas tribos, de diversos lugares formando aldeias, eles vêm de todos os lugares para nos trazer paz e saúde, pois através de seus passes, de suas ervas santas conseguem curar diversos males materiais e espirituais. A morada dos caboclos é a mata, onde recebem suas oferendas, sua cor é o verde transparente para as Caboclas e verde leitoso para os Caboclos, gostam de todas as frutas, de milho, do vinho tinto (para eles representa o sangue de Cristo), gostam de tomar sumo de ervas e apreciam o coco com vinho e mel.
Existem falanges de caçadores, de guerreiros, de feiticeiros, de justiceiros; são eles trabalhadores de Umbanda e chefes de terreiros. As vezes os caboclos são confundidos com o Orixá Oxossi, mas eles são simplesmente trabalhadores da umbanda que pertencem a linha de Oxossi, embora sua irradiação possa ser de outro Orixá.
A sessão de caboclos é muito alegre, lembra as festas da tribo. Eles cantam em volta do axé da casa(em circulo) como se estivessem em volta da fogueira sagrada, como faziam em suas aldeias. Tudo para os caboclos é motivo de festa como casamento, batizado, dia de caçar, reconhecimento de mais um guerreiro, a volta de uma caçada.
Assim como os Preto-velhos, possuem grande elevação espiritual, e trabalham "incorporados" a seus médiuns na Umbanda, dando passes e consultas, em busca de sua elevação espiritual.
Estão sempre em busca de uma missão, de vencer mais uma demanda, de ajudar mais um irmão de fé. São de pouco falar, mais de muito agir, pensam muito antes de tomar uma decisão, por esse motivo eles são conselheiros e responsáveis.
Os Caboclos, de acordo, com planos pré-estabelecidos na Espiritualidade Maior, chegam até nós com alta e sublime missão de desempenhar tarefa da mais alta importância, por serem espíritos muito adiantados, esclarecidos e caridosos. Espíritos que foram médicos na Terra, cientistas, sábios, professores, enfim, pertenceram a diversas classes sociais, os Caboclos vêm auxiliar na caridade do dia a dia aos nossos irmãos enfermos, quer espiritualmente, quer materialmente. Por essas razões, na maior parte dos casos, os Caboclos são escolhidos por Oxalá para serem os Guias-Chefes dos médiuns, ou melhor, representar o Orixá de cabeça do médium Umbandista (em alguns casos os Pretos-Velhos assumem esse papel).
Na Umbanda não existe demanda de um Caboclo para Caboclo, a demanda poderá existir de um Caboclo, entidade de luz, para com um "kiumba"(Eguns, espiritos desencarnados) ou até mesmo contra um Exu, de pouca luz espiritual.
A denominação "caboclo", embora comumente designe o mestiço de branco com índio, tem, na Umbanda, significado um pouco diferente. Caboclos são as almas de todos os índios antes e depois do descobrimento e da miscigenação.
Constituem o braço forte da Umbanda, muito utilizados nas sessões de desenvolvimento mediúnico, curas (através de ervas e simpatias), desobsessões, solução de problemas psíquicos e materiais, demandas materiais e espirituais e uma série de outros serviços e atividades executados nas tendas.
Os caboclos não trabalham somente nos terreiros como alguns pensam. Eles prestam serviços também ao Kardecismo, nas chamadas sessões de "mesa branca". No panorama espiritual rente à Terra predominam espíritos ociosos, atrasados, desordeiros, semelhantes aos nossos marginais encarnados. Estes ainda respeitam a força. Os índios, que são fortíssimos, mas de almas simples, generosas e serviçais, são utilizados pelos espíritos de luz para resguardarem a sua tarefa da agressão e da bagunça. São também utilizados pelos guias, nos casos de desobsessão pois, pegam o obsessor contumaz, impertinente e teimoso, "amarrando-o" em sua tremenda força magnética e levando-o para outra região.
Os caboclos são espíritos de muita luz que assumem a forma de "índios", prestando uma homenagem à esse povo que foi massacrado pelos colonizadores. São exímios caçadores e tem profundo conhecimento das ervas e seus princípios ativos, e muitas vezes, suas receitas produzem curas inesperadas.
Como foram primitivos conhecem bem tudo que vem da terra, assim caboclos são os melhores guias para ensinar a importância das ervas e dos alimentos vindos da terra, além de sua utilização.
Usam em seus trabalhos ervas que são passadas para banhos de limpeza e chás para a parte física, ajudam na vida material com trabalhos de magia positiva, que limpam a nossa aura e proporcionam uma energia e força que irá nos auxiliar para que consigamos o objetivo que desejamos, não existem trabalhos de magia que concedam empregos e favores, isso não é verdade. O trabalho que eles desenvolvem é o de encorajar o nosso espírito e prepará-lo para que nós consigamos o nosso objetivo.
A magia praticada pelos espíritos de caboclos e pretos velhos é sempre positiva, não existe na Umbanda trabalho de magia negativa, ao contrário, a Umbanda trabalha para desfazer a magia negativa
Os caboclos de Umbanda são entidades simples e através da sua simplicidade passam credibilidade e confiança a todos que os procuram, nos seus trabalhos de magia costumam usar pemba, velas, essências, flores, ervas, frutas e charutos.
Quase sempre os caboclos vêm na irradiação do Orixá masculino da coroa do médium e as caboclas vêm na irradiação do Orixá feminino da coroa do médium; mas, eles(as) podem vir também na Irradiação do seu próprio Orixá de quando encarnados e até mesmo na irradiação do povo do Oriente.

ONDE VIVEM OS CABOCLOS?
Muitos já ouviram falar que os Caboclos quando se despedem do terreiro, onde atuam incorporados em seus médiuns, dizem que vão para a cidade de Juremá. Outros falam subir para o Humaitá, e assim por diante.
Sabemos, no entanto, que os Caboclos não voltam para as florestas como ordinariamente voltam os que lá habitam.
No espaço, onde se situam as esferas vibratórias, vivem os Caboclos agrupados, segundo a faixa vibracional de atuação, junto a psico-esfera da Terra. São verdadeiras cidades onde se cumpre o mandato que Oxalá assim determinou, colaborando com a humanidade.
É para as cidades espirituais que os Caboclos responsáveis pelos diversos terreiros levam os médiuns, dirigentes e demais trabalhadores, para aprenderem um pouco mais sobre a Umbanda.
Estas moradas possuem grandes núcleos de trabalhos diversos, onde o Caboclo faz sua evolução, contrariando o que muitos encarnados pensam (que Caboclo tudo pode, tudo sabe e tudo faz).
Os Orixás, que são emanações do pensamento do Deus-Pai, que está além da personalidade humana que lhe queiram dar as culturas terrenas, fazem descer a mais pura energia-matéria ser trabalhada pelos Caboclos no espaço-tempo das esferas que compreendem a Terra, morada provisória de alguns espíritos em evolução.
Lá, na morada de luz dos Caboclos, existem outros espíritos aprendendo o manejo das energias, das forças que estabelecerão um padrão vibratório de equilíbrio para os consulentes que vêm às tendas de caridade em busca de um conforto espiritual.
Estas "aldeias" se locomovem entre as esferas, ora estão em zonas próximas às trevas, socorrendo espíritos dementados, ora estão sobre algumas cidades do plano visível, etéreas, ou sobre o que resta de florestas preservadas pelo Homem. De lá extraem, com a ajuda dos Elementais, os remédios para a cura dos males do corpo.
Quando Incorporados, fumam charutos ou cigarrilhas e, em algumas casas, costumam usar durante as giras, penachos, arcos e flechas, lanças, etc...  Falam de forma rústica lembrando sua forma primitiva de ser, dessa forma mostram através de suas danças muita beleza, própria dessa linha.
Seus "brados", que fazem parte de uma linguagem comum entre eles, representam quase uma "senha" entre eles.  Cumprimentos e despedidas são feitas usando esses sons.
Costumamos dizer que as diferenças entre eles estão nos lugares que eles dizem pertencer.  Dando como origem ou habitat natural, assim podemos ter:
Caboclos Da Mata - Esses viveram mais próximos da civilização ou tiveram contato com elas.
Caboclos Da Mata Virgem - Esses viveram mais interiorizados nas matas, sem nenhum contato com outros povos.
Assim vários caboclos se acoplam dentro dessa divisão.
Torna-se de grande importância conhecermos esses detalhes para compreendermos porque alguns falam mais explicados que outros.  Mais ainda existe as particularidades de cada um, que permitem diferenciarmos um dos outros.
A primeira é a "especialidade" de cada um, são elas:   curandeiros, rezadeiros, guerreiros, os que cultivavam a terra (agricultores), parteiras, entre outros.
A segunda é diferença criada pela irradiação que os rege. É o Orixá para quem eles trabalham.
Quando falamos na personalidade de um caboclo ou de qualquer outro guia, estamos nos referindo a sua forma de trabalho.
A "personalidade" de um caboclo se dá pela junção de sua "origem", "especialidade" e irradiação que o rege.
E é nessa "personalidade" que centramos nossos estudos.  Assim como os Pretos-velhos, eles podem dar passe, consulta ou participarem de descarrego, contudo sua prática da caridade se dá principalmente com a manipulação (preparo de remédios feitos com ervas, emplastos, compressas e banhos em geral).
Esses guias por conhecerem bem a terra, acreditam muito no valor terapêutico das ervas e de tudo que vem da terra, por isso as usam mais que qualquer outro guia.
Desenvolveram com isso um conhecimento químico muito grande para fazer remédios naturais.

FORMAS INCORPORATIVAS E ESPECIALIDADE DOS CABOCLOS:
Caboclos De Oxum: Geralmente são suaves e costumam rodar, a incorporação acontece principalmente através do chacra cardíaco. Trabalham mais para ajuda de doenças psíquicas, como: depressão, desânimo entre outras. Dão bastante passe tanto de dispersão quanto de energização. Aconselham muito, tendem a dar consultas que façam pensar; Seus passes quase sempre são de alívio emocional.

Caboclos De Ogum: Sua incorporação é mais rápida e mais compactada ao chão, não rodam. Consultas diretas, geralmente gostam de trabalhos de ajuda profissional. Seus passes são na maioria das vezes para doar força física, para dar ânimo.

Caboclos De Yemanjá:Incorporam de forma suave, porém mais rápidos do que os de Oxum, rodam muito, chegando a deixar o médium tonto. Trabalham geralmente para desmanchar trabalhos, com passes, limpeza espiritual, conduzindo essa energia para o mar.

Caboclos De Xangô: São guias de incorporações rápidas e contidas, geralmente arriando o médium no chão. Trabalham para: emprego; causas na justiça; imóvel e realização profissional. Dão também muito passe de dispersão. São diretos para falar.

Caboclos De Nanã: Assim como os Pretos-velhos são mais raros, mas geralmente trabalham aconselhando, mostrando o karma e como ter resignação. Dão passes onde levam eguns que estão próximos. Sua incorporação igualmente é contida, pouco dançam.

Caboclos De Iansã: São rápidos e deslocam muito o médium. São diretos para falar e rápidos também, muitas das vezes pegam a pessoa de surpresa. Geralmente trabalham para empregos e assuntos de prosperidade, pois Iansã tem grande ligação com Xangô. No entanto sua maior função é o passe de dispersão (descarrego). Podem ainda trabalhar para várias finalidades, dependendo da necessidade.

Caboclos De Oxalá: Quase não trabalham dando consultas, geralmente dão passe de energização. São "compactados" para incorporar e se mantém localizado em um ponto do terreiro sem deslocar-se muito. Sua principal função é dirigir e instruir os demais Caboclos.
Caboclos De Oxóssi: São os que mais se locomovem, são rápidos e dançam muito. Trabalham com banhos e defumadores, não possuem trabalhos definidos, podem trabalhar para diversas finalidades. Esses caboclos geralmente são chefes de linha.

Caboclos De Obaluaê: São espíritos dos antigos "pajés" das tribos indígenas. Raramente trabalham incorporados, e quando o fazem, escolhem médiuns que tenham Obaluaê como primeiro Orixá. Sua incorporação parece um Preto-velho, em algumas casas locomovem-se apoiados em cajados. Movimentam-se pouco. Fazem trabalhos de magia, para vários fins.

ATRIBUIÇÕES DOS CABOCLOS
São entidades, que trabalham na caridade como verdadeiros conselheiros, nos ensinando a amar ao próximo e a natureza, são entidades que tem como missão principal o ensinamento da espiritualidade e o encorajamento da fé, pois é através da fé que tudo se consegue.

1. ASSOBIOS E BRADOS
  Quem nunca viu caboclos assobiarem ou darem aqueles brados maravilhosos, que parecem despertar alguma coisa em nós?
 Muitos pensam que são apenas uma repetição dos chamados que davam nas matas, para se comunicarem com os companheiros de tribo, quando ainda vivos. Mas não é só isso.
Os assobios traduzem sons básicos das forças da natureza. Estes sons precipitam assim como o estalar dos dedos, um impulso no corpo Astral do médium para direcioná-lo corretamente, afim de liberá-lo de certas cargas que se agregam, tais como larvas astrais, etc.
Os assobios, assim como os brados, assemelham-se à mantras; cada entidade emite um som de acordo com seu trabalho, para ajustar condições especificas que facilitem a incorporação, ou para liberarem certos bloqueios nos consulentes ou nos médiuns.

2. O ESTALAR DE DEDOS
Por que as entidades estalam os dedos, quando incorporadas?
Esta é uma das coisas que vemos e geralmente não nos perguntamos, talvez por parecer algo de importância mínima.
Nossas mãos possuem uma quantidade enorme de terminais nervosos, que se comunicam com cada um dos chacras de nosso corpo.
O estalo dos dedos se dá sobre o Monte de Vênus (parte gordinha da mão) e dentre as funções conhecidas pelas entidades, está a retomada de rotação e frequência do corpo astral; e a, descarga de energias negativas.
Refletir sobre o que aprendemos na umbanda e passar aos nossos irmãos de fé é uma das maiores metas da nossa Religião, como vimo acima, muita divergência com o dia a dia atual e nos estudos passados nas casas de umbanda. Temo dizer que fico preocupado com a perda da identidade pela mistura de religiões, temos muito a aprender, e muito mais a cuidar e zelar. Estudemos para que não percamos nossas raízes.

Por. Adriano Figueiredo Leite - Presidente da ACALUZ
Historiador - Diego Bragança de Moura

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Exú do Lodo

Essa entidade de origem afro-brasileira normalmente apresenta-se representado na forma de um homem calvo sentado à beira de lagos e pântanos, usa roupa cinza, marrom, preta e principalmente vermelha. Geralmente pode-se notar que ele apresenta um casco (como o de um cavalo) no lugar de um dos pés. 
Quando esse Exu se manifesta (por intermédio de um médium), ele está agachado como se tivesse dificuldade para se levantar, mas na realidade se locomove com rapidez. Os espíritos desta linha se apresentam curvos pois segundo os praticantes da da religião, a sua energia é pesada e todos possuem aparência de velhos. A maioria desses espíritos desta linha foram em vida Padres, Bispos, Bruxos, Magos e Feiticeiros. 
Exu do Lodo é um dos sentinelas das almas, enviado direto de Omolú (é uma entidade superior aos Exús) que trabalha na transmutação de energias, transformando o lado negativo em positivo. Motivo de usar muito a cor preta que representa a transformação. 
Ainda segundo os umbandistas quase sempre que é marcado algum trabalho para essa entidade começa uma garoa (chuva). É a resposta que ele está atento e presente. 
Boa parte dos terreiros de Umbanda se negam a trabalhar com essa entidade, pois, associam ela a energias negativas e a maldade. Muitos acreditam ser uma entidade que afunda a sua vida no lodo, leva para a “lama” os que com ela se comunicam. Já outros religiosos partem em sua defesa e explicam que existe um engano sério que algumas pessoas da própria religião costumam cometer contra essa entidade. Seus defensores dizem que o lodo é formado em ambientes úmidos que represam impurezas, ou seja numa cachoeira onde a água corre livremente não há lodo, só há lodo onde à infiltração e umidade constante que não é limpo (tais como lugares com energias negativas, essas energias se assemelhariam ao lodo). O Exu do lodo entraria nesses lugares "carregados" (como os próprios religiosos se referem) e fazem a limpeza dessas energias, tirando o lodo ruim (energia ruim) e restaurando o lodo bom e limpo (energia positiva). Mas é certo afirmar que existe bastante polêmica a respeito dessa entidade, não há um consenso sobre a bondade ou maldade desse ser entre os praticantes da religião.

O Exu do lodo está intimamente ligado a Nanã e a Iemanjá, pois sua energia telúrica se funde coma energia aquosa (pertencente a essas outras entidades). Por essas razões ele pode ser muito visto em praias, rios e lagos. 
Sobre a sua origem conta-se que ele teria sido um médico pesquisador muito conceituado em Amsterdã durante o século XVIII. Salvou a vida de muitas pessoas ricas e importantes mas sempre se recusou a tratar qualquer pessoa pobre que não tivesse dinheiro. Nunca fez caridade a pessoa alguma e só se importava com a fama e o status. Ele chegou a construir dois hospitais mas apesar da insistência de sua mãe em que ele começasse a ajudar também os mais necessitados, em momento algum dispensou qualquer atenção aos doentes que não lhe trouxessem algum benefício financeiro. Sua mãe acabou falecendo e o seu coração continuou sendo guiado pela arrogância e pelo interesse. Depois de muitos anos ele próprio veio a falecer e para sua surpresa ele acabou indo para as profundezas das regiões umbralinas (umbral corresponde ao inferno para os espíritas). Chafurdou no lodo das regiões infernais em grande sofrimento. Pois desperdiçou sua vida em interesses egoístas e mesquinhos. Mas após algum tempo de sofrimento sua mãe o socorreu e resgatou dessas regiões de sofrimento. Ele reconheceu seu erro e se arrependeu profundamente. Assim foi lhe dada nova chance de redenção e ele voltou a reencarnar. Dessa vez renasceu no Brasil, em uma família indígena. Mas veio a falecer cedo, com apenas 8 anos de idade foi mordido por uma cobra venenosa e veio a desencarnar. Novamente sua mãe o socorreu e no Plano espiritual retomou sua forma adulta (de sua antiga vida), estudou e pediu para cumprir sua missão como médico dos espíritos imundos. Dessa vez não reencarnaria, mas assumiria a forma de um Guardião do Lodo e recolheria todos aqueles que caíssem nas ilusões (todos que caíssem na lama) da vida assim como ele próprio havia caído. Assim se tornou a entidade conhecida como Exu do lodo. 
Por. Adriano Figueiredo Leite - Presidente da ACALUZ
Historiador da ACALUZ: Diego Bragança de Moura
Pesquisa: http://ocalafrio.blogspot.com.br/2013/07/exu-do-lodo 

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Caboclo Borboleta e Cabocla Juliana


A alguns anos atrás, nascia os Caboclos "Borboleta e Juliana" em minha vida, iniciado com muito carinho e muito grado na minha religião Umbanda. Sou feliz e muito honrado por ter tão belas entidades responsáveis por minha casa e minha vida. Seu Borboleta sempre muito brincalhão quando presente nos trabalhos, meu caboclo passeador nas casas por onde vou. Dona Juliana um pouco mais séria, responsável por tudo em nossa Casa de Axé. É chefa da casa e não costuma ficar muito tempo, sempre passa alguns minutos as vezes uma hora, decidimos juntar as festas e fazer somente uma. Seu Borboleta como é o caboclo que fica mais tempo e gosta mais das festas terá sua homenagem junto com sua querida irmã de fé, onde faremos uma viagem da Turquia para a Bandeira, troca de culturas e informações litúrgicas magísticas de tão belas familias - Turcos e Bandeirantes. As obrigações iniciaram hoje, na quinta já tem a Cabana do Caboclo. Vai ser um momento de muito axé e renovação espiritual com amaci para os integrantes da casa e demais convidados. O festejo terá inicio as 16h00 e término as 21h00 do dia 06/07 na Sede da ACALUZ, conforme endereço e demais informações no convite. O traje solicitado são nas cores Verde e Amarelo para Marcação. Esperamos todos os associados e membros de nossa casa, clientes e amigos. Que Deus pai possa iluminar o caminho de todos os nossos colaboradores. Muito Axé e Muita Luz. Um forte abraço a todos em nome de Dona Juliana e Sr. Borboleta.

I
Quando a Maré Vazar,
Vem ver Juliana
Vem ver Juliana aê
Vem Ver Juliana eá.

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II
Mamãe Tetê não vejo,
Arlindo e nem Tombacé
Esperança é Borboleta
O Índio é Paranajé.

Por. Adriano Figueiredo Leite - Presidente da ACALUZ.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A história de vida dos Caboclos e Guias "Verdade ou Polêmica?".

Amigos e amigas que acompanham nossas postagens, que constantemente, publicamos no blog da ACALUZ - Associação Cultural Axé e Luz.
Assumimos como missão, desenvolver e promover a preservação, valorização e divulgação dos saberes, fazeres, crenças, doutrinas e visões diferentes inerentes de nossa religião, Umbanda.
Então, como é nosso dever e missão, apresentamos abaixo um texto com uma visão bastante interessante, sobre a individualidade e exclusividade, que segundo seu autor existe entre o médium e os seus guias e espíritos. Ou seja, a ligação unilateral entre um ser encarnado e outro desencarnado, a relação quase que determinada, segundo a interpretação do autor, pelo destino misterioso do universo que uniu um ser vivo e um encantado ou desencarnado.
Leiam com atenção, reflitam sobre a temática e tire suas conclusões acerca do ponto polêmico em questão. Mas lembrem, que nossa intenção, não é defender essa ou qualquer outra visão ou teoria, como absoluta ou inquestionável. Mas, simplesmente, possibilitar o debate e a multiplicidade de interpretações e visões existentes em qualquer religião, e isso, não poderia ser diferente na umbanda.
Por. Diego Bragança de Moura - Historiador da ACALUZ.

Caros Irmãos,
“Eu estou na internet desde 1998, mas tem aproximadamente 5 anos que venho tentando falar de Umbanda na internet, mas logo assim que eu comecei procurava feito um louco, histórias do cigano que trabalho, do Exú e do Caboclo, nada encontrei. Um dia o cigano que trabalho, falou que a história dele estava começando naquele exato momento e seria aquela que eu teria que aprender, seria aquela que eu teria que propagar, dentro das Leis da Umbanda.
Eu, nem mesmo um ponto cantado tinha para cantar para o Caboclo, o Exú e para o Cigano, nem uma linha encontrei sobre eles aqui na internet, mas com muito trabalho, perseverança e doutrinação, eu fui compreendendo aquela mensagem do amigo Cigano. Hoje sei que cada Guia/Espírito é Uno, tal como nós somos, estes podem ter o mesmo nome, mas não são os mesmos de forma alguma ninguém irá trabalhar com ele após seu desencarne, poderá sim trabalhar com um espírito com o mesmo nome que chega na mesma Falange ou Legião.
Exemplo:
Eu posso trabalhar com Tranca Ruas das Almas e você também, podemos até ter os mesmos Pais e Mães de cabeça, mas, o Tranca Rua das Almas que você trabalha, não é e nunca será o mesmo que eu trabalho, mas ambos chegam na mesma vibração, na mesma energia, são das mesmas Falanges.

PERCEBA O QUE DIZ ESTE TEXTO ABAIXO:
Existem basicamente 3 fatores que fazem com que a apresentação do guia varie:
1 – São espíritos diferentes.
2 – Trabalham em Médiuns diferentes.
3 – Trabalham em Terreiros Diferentes.

1 – SÃO ESPÍRITOS DIFERENTES: Antes de tudo, cada guia que incorpora é único, cada um é um espírito em particular, com seu jeito de agir e pensar. O nome de que se utilizam é apenas um indicativo da forma, que trabalham em sua linha e irradiação. Por isso, podemos ter vários espíritos trabalhando com o mesmo nome, sem que sejam por isso, um só espírito.
É como ser um médico, um engenheiro, um professor ou qualquer outro profissional de alguma área específica. Todos possuem um conhecimento comum, além do conhecimento individual. E isso faz com que possam trabalhar de formas diferentes, mas seguindo a mesma linha geral. A mesma coisa acontece com nossos guias.

2 – O MÉDIUM: Mesmo os inconscientes, acabam interferindo, intrinsecamente na incorporação.
Entenda-se que não é uma atitude deliberada do médium, mas algo que “vaza” da personalidade do médium na incorporação. Desde que esta interferência não atrapalhe o trabalho do guia, isto é perfeitamente aceitável.

3 – TRABALHAM EM TERREIROS DIFERENTES: Se um médium continua trabalhando com o mesmo espírito, mas muda para um terreiro em que o ritual seja diferente, também é comum observarmos pequenas mudanças na apresentação e no trabalho do guia, trata-se da adaptação do guia ao novo local de trabalho.
Por isso há muitas variações na apresentação e método de trabalho dos guias. E perguntas como:
Alguém Conhece o Preto-Velho X ?
Como se apresenta o Caboclo Y ?
Informações sobre o Exu Z ?
Além de não atenderem a uma descrição fiel do guia a quem à pergunta se refere, podem aumentar o animismo ou causar insegurança.

*AUMENTAR O ANIMISMO: A pessoa lê uma descrição de que o Caboclo “Y”, não fuma charuto, e quando incorpora, fica com aquilo na cabeça, assim mesmo que o Caboclo queira pedir um charuto, pode encontrar dificuldades de romper esta barreira anímica criada pelo médium.

*CAUSAR INSEGURANÇA: O médium lê que o Exu “Z”, quando incorpora ajoelha-se no chão, aí pensa, “nossa o que eu incorporo, não ajoelha!!!” e começa a se sentir inseguro quanto a manifestação do seu guia, podendo com isso atrapalhar o seu desenvolvimento.
Resumindo, a melhor forma de conhecer seu guia, é através do tempo, do desenvolvimento e do trabalho com ele, assim, pouco a pouco, você vai se interando de como ele é, como gosta de trabalhar, etc. E vai conhecê-lo como ele verdadeiramente é!
Quem me dera eu naquela ocasião tivesse essas explicações, teria evitado muito tempo perdido, foi tudo em vão a minha procura, perguntava ao vento, perguntava o que só eu poderia responder, o que só os Guias que eu trabalhava poderia informar.
Só para demonstrar como foi difícil darei o nome do Caboclo e do Exú que trabalho. Tente achar algo sobre Eles aqui na internet.
Caboclo Bugre – Irá encontrar um ou dois Pontos Cantados e, mais nada.
Exú Quebra Osso – Talvez encontre apenas uma frase que ele era irmão de Tatá Caveira, talvez ainda um Ponto Cantado.
Graças ao bom Deus esta dificuldade só aumentou minha Fé nesses, estejam tranquilos, que tudo será revelado no momento que vocês estiverem preparados, estude, estude e estude, assim estará ajudando seus Guias e sua espiritualidade.
Estejam sempre em paz e que a alegria dos Espíritos de Luz sejam uma constante em vossas Caminhadas!

Por. Adriano Figueiredo Leite - Presidente da ACALUZ
Pesquisa e Texto de apresentação - Diego Bragança de Moura - Historiador da ACALUZ.
Texto: "Alex de Oxóssi”.

domingo, 2 de junho de 2013

Diferenças entre Umbanda, Quimbanda e Candomblé



Candomblé, Quimbanda [ou Kimbanda], Umbanda, são as principais denominações entre as religiões afro-brasileiras.
Alguns, negam a estas crenças o status de “religião”: 
1. porque não se enquadram na idéia de “religião oficial”; 
2. porque são praticadas por minorias sociais.
No Brasil, embora muito se fale do Candomblé e da Umbanda, os números oficiais, do IBGE, não deixam qualquer dúvida quanto a essa condição de minoria que é uma realidade das religiões afro-brasileiras.
No censo de 2010, em uma população que ultrapassa 160 milhões de habitantes, pouco mais de 625 mil pessoas se declararam adeptas do Candomblé e da Umbanda, embora outros tantos milhares de não-adeptos freqüentem terreiros e tendas como “clientes”.
Os dados também revelaram que existem mais Umbandistas que “candomblezistas”… [Umbanda: 397.431 ─ Candomblé: 127.582, em universo onde mulheres são a maioria... meditemos...]. Sobre os clientes, escreve Reginaldo Prandi:
“[O candomblé] …como agência de serviços mágicos… oferece ao não-devoto a possibilidade de encontrar solução para problema não resolvido por outros meios, sem maiores envolvimentos com a religião. [O cliente é] …consumidor de serviços mágicos que a religião oferece também aos não-devotos, sob pagamento… – [PRANDI, p 12]…
E sobre as religiões afro-brasileiras como minorias, comenta Prandi:
“Em 2001, Ricardo Mariano, analisando o crescimento evangélico, em sua tese de doutorado, fez uma descoberta sensacional. Descobriu que as religiões afro-brasileiras estavam perdendo fiéis… E apontou como razão o enfrentamento com as igrejas pentecostais [[os evangélicos, até porque os pastores se apropriaram de rituais do candomblé ou adaptaram esses  rituais como odescarrego, o banho com a rosa branca, os passes e juntaram tudo isso com o apelo à figura de Jesus Cristo!]. …Pode-se ver que a perda de fiéis do conjunto afro-brasileiro se deve ao encolhimento da Umbanda. Como o pequeno crescimento do Candomblé não é suficiente para compensar as perdas umbandistas, o conjunto todo se mostra, agora, debilitado e declinante diante do avanço pentecostal.” [PRANDI, p 17/18]
No imaginário popular, especialmente daqueles pouco informados sobre estas religiões, Candomblé, Kimbanda, Umbanda não “tudo a mesma coisa”, “tudo macumba!”, não reconhecendo cada uma como credo distinto, como se não houvesse diferença entre suas teologias, liturgias e origens históricas. Porém, o estudo, ainda que superficial revela que as três não se confundem; ao contrário, diferem significativamente em suas características essenciais e o único fato que têm em comum é a adoção de elementos da cultura religiosa afro-brasileira e, por brasileira, entenda-se catolicismo no molde português colonial.
Diferenças em Linha Gerais
Candomblé, Quimbanda e Umbanda distinguem-se:
1. pelas natureza das entidades cultuadas e/ou invocadas/evocadas; 
2. pelos procedimentos do culto;
3. pelos elementos culturais componentes do sincretismo; 
4. e, finalmente, pelo uso que se faz das forças metafísicas acionadas.
Considerando estes aspectos, notar-se-á, imediatamente, que o Candomblé difere da Quimbanda e da Umbanda de forma mais enfática enquanto Quimbanda e Umbanda são muito mais próximas.
No Candomblé, os cultuados, os Orixás [ou Orijás] são considerados deuses; na Quimbanda e na Umbanda, ainda que o culto também invoque e evoque Orixás, estes são considerados meros espíritos ancestrais mais antigos ao lado de numerosas outras entidades representativas de ancestrais mais modernos e/ou contemporâneos.
No Candomblé, os deuses, desde de sua origem em terras africanas, também são ancestrais porém sua antiguidade remonta a tempos imemoriais. São como os heróis e deuses gregos, grandes reis, guerreiros e personagens que viraram mitos, foram mitificados e, assim, alcançaram a condição de divindades.  O mesmo processo que originou o panteão greco-romano. Muito além da fantasia popular, os deuses gregos também foram personagens fundadores de Civilizações, de um tempo antediluviano, como Poseidon [ou Netuno] que, segundo a tradição relatada por Platão, em Crítias, foi o último rei Atlante da última grande ilha remanescente da lendária Atlântida.

Na Quimbanda e na Umbanda, os ancestrais são vistos como antepassados mesmo, pessoas mortas, homens e mulheres proeminentes e/ou sábios ou, ainda, perversos. São Espíritos que baixamno culto [evocação, sem incorporação] ou incorporam nas pessoas [invocação] a fim de atuar no mundo dos vivos.

Umbanda reivindica propósitos sempre voltados para o bem, com um discurso claramente cristão. A Quimbanda, embora seus teóricos neguem, é fortemente associada à magia negra, aos trabalhos para o mal e, além de para espíritos humanos desencarnados, como na Umbanda, também se utiliza de seres não-humanos: larvas [criações da mente dos sacerdotes-magistas], demônios [Espíritos obcessores] e elementais.
Nas palavras do místico e escritor José Romero Romeiro Abrahão:
“A Quimbanda é um culto mágico às Entidades malévolas, denominadas Exus, Quimbandeiros… Em geral, na Quimbanda só se trabalha para o mal de alguém ou então para submeter uma pessoa à vontade da outra”.

Por. Adriano Figueiredo Leite - Presidente da ACALUZ
Pesquisa: Diego Bragança de Moura - Historiador da ACALUZ
Fonte de Pesquisa:  http://umbanda-candomble.comunidades.net/index.php?pagina=1740531575

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Oferendas e Assentamentos


O que são? As OFERENDAS São atos magísticos/religiosos e os ASSENTAMENTOS são concentrações de forças e poderes magísticos dentro de um espaço limitado.

As oferendas podem ter várias finalidades, tais como:
1) Oferenda de agradecimento; 
2) Oferenda de pedido de ajuda; 
3) Oferenda de desmagiamento negativo; 
4) Oferenda de descarrego; 
5) Oferenda propiciatória; 
6) Oferenda purificadora 
7) Oferenda ritual de firmeza de forças na natureza; 
8) Oferenda ritual de assentamento de forças e poderes espirituais e dignos. 

Comentemos cada uma dessas formas de oferendas: 

1) Oferenda de agradecimento. 
Esta oferenda é feita em função do auxílio já recebido. Muitas vezes estamos envoltos em dificuldades de tal importância que nos ajoelhamos e ali, em nossa fé, invocamos Deus e algum dos seus mistérios ou divindades e pedimos-lhes que nos ajudem, que depois lhes ofertaremos algo em agradecimento. Uns fazem promessas; outros prometem uma oferenda na natureza; outros prometem dar algum auxílio aos necessitados, etc. Quando são promessas, seu cumprimento é uma questão de foro íntimo e, após cumpri-las, as pessoas sentem-se melhor e em paz com Deus e com a divindade invocada. Quando são oferendas, a pessoa que as prometeu deverá fazê-las, pois também se sentirá melhor, e com a grata sensação do dever cumprido. Em ambos os casos, o não-cumprimento do que foi prometido acarretará cobranças conscientes que, a longo prazo, acarretarão transtornos a quem prometeu e não cumpriu. Saibam que Deus e suas divindades são oniscientes e, por saberem as causas dos nossos desequilíbrios e das nossas dificuldades exigem de nós atitudes que nos reequilibrem e nos livrem das nossas dificuldades. Portanto, cumprir o que foi prometido não é dar ou fazer algo por Ele e elas, mas é fazermos algo para e por nós mesmos. Deus e as divindades não comem, mas, ao lhes ofertarmos uma “ceia ritual” estamos compartilhando nosso sucesso e nossa vitória, atribuindo-lhes o apoio para que elas acontecessem. Ali, no momento de “comemoração”, estamos dizendo de forma simbólica que sem o seu auxílio e delas não teríamos tido sucesso; estamos agradecendo-lhes; e estamos dando prova de nossa fé em seus poderes, reverenciando-os com o que lhes prometemos.

2) Oferenda de pedido de ajuda.
Esta oferenda vai desde uma vela acesa em um castiçal, pedestal ou altar até a ida a um ponto de forças da natureza, onde abrimos um espaço mágico e depositamos dentro dele os elementos mais afins com as forças e os poderes que serão invocados. Esse tipo de oferenda é muito comum entre os umbandistas que, por terem muitas forças e poderes à disposição, Ás vezes a fazem para mais de uma divindade, para obterem mais rápido a ajuda solicitada. Ela é em si um ato de fé no poder de realização das forças e dos poderes das entidades de Umbanda Sagrada. • Forças são espíritos hierarquizados. • Poderes são as divindades de Deus. As forças estão assentadas nos pontos de forças da natureza e estão à nossa direitas e à nossa esquerda. Os poderes estão assentados no alto e, nos pontos de forças da natureza, quando invocados ficam de frente para nós ouvindo e anotando mentalmente os nossos pedidos que, se forem justos e do nosso merecimento, com certeza serão realizados a nosso favor e benefício. Esse ato mágico encerra-se em si mesmo e a pessoa que o fez, só precisa aguardar.

3) Oferenda de desmagiamento negativo.
Esta oferenda deve ser feita sempre que estivermos magiados por trabalhos pesados, difíceis de serem desmanchados e anulados dentro do centro de Umbanda. Há trabalhos de magia negativa que são fáceis de ser cortados, desmanchados e anulados. Mas há outros de tal monta que, se forem mexidos, desencadeiam reatividades incontroláveis. Nesses casos, a ação recomendada é a pessoa magiada ir até a natureza e, dentro de um ponto de forças, invocar alguma(s) força espiritual ou algum(s) poder divino e confiar-lhe a neutralização e a anulação dessas magias complicadíssimas e muito perigosas. Na natureza, a força ou o poder invocado cria um campo neutralizador ao redor da magia negativa, isolando-a e envolvendo-a de tal forma que, caso aconteçam reatividades, são contidas e neutralizadas dentro do próprio campo que as envolvem. Não são poucos os médiuns ainda inexperientes ou os guias espirituais iniciantes que, no afã de ajudarem as pessoas magiadas, acabam desencadeando essas reatividades e complicando-se de tal forma que são obrigados a irem até a natureza e fazerem uma oferenda descarregadora para se livrarem dos efeitos negativos acarretados. Muitos guias espirituais e médiuns já tarimbados recomendam à pessoa magiada que ela vá direto ao ponto de forças e poderes da natureza e ali, dentro dele, faça a oferenda e invoque uma força espiritual ou um poder divino para que se tome conta da magia negativa, neutralizem-na e a desmanchem. Isso é correto, pois a explosão de uma reatividade muito intensa dentro de um centro pode afetar seus campos protetores de dentro para fora, fato este que abre buracos nele, pelos quais começam a entrar hordas de espíritos perturbadores. Há centros de Umbanda cujos campos protetores estão totalmente esburacados e seu interior é “pesadíssimo”.

4) Oferenda de descarrego.
Esta oferenda deve ser feita nos pontos de forças e de poderes da natureza para que ali aconteçam os mais variados tipos de descarregos, que vão desde espíritos desequilibrados até quebrantos e mau olhado. O descarrego não se refere só aos que projetam contra nos mental ou magisticamente, mas pode ser usado para nos livrar do que atraímos com pensamentos de baixa qualidade. Quando estamos vibrando em nosso íntimo sentimentos negativos e nossos pensamentos tornam-se confusos, nosso magnetismo mental se negativa e baixamos nossas vibrações, imediatamente começamos a nos ligar por finíssimos cordões com espíritos desequilibrados, também vítimas dos seus sentimentos negativos. Essas ligações acontecem devido à lei das afinidades, que nos ensina que semelhantes se atraem. Uma pessoa que estiver vibrando negativamente se ligará automaticamente a outras e a espíritos com o mesmo padrão vibratório. E isto só a enfraquece ainda mais porque passa a fazer parte de uma imensa rede de mentais interligados pela baixa qualidade dos seus sentimentos. È impossível transportar para dentro de um centro de Umbanda milhares de espíritos desequilibrados. Então os guias recomendam que as pessoas nessas condições negativas sejam levadas por um médium bem preparado e que, após fazer uma oferenda às forças e aos poderes do ponto de forças da natureza, faça ali, no campo de uma divindade, um descarrego completo, livrando-a de encostos e obsessores espirituais. O que é possível ser feito dentro dos centros de Umbanda os guias espirituais fazem, mas há situações tão complexas que somente descarregando tudo na natureza a pessoa ficará livre de todas as suas “ligações” com o baixo astral, e sem tumultuar o bom andamento dos trabalhos realizados dentro dos centros de Umbanda.

Por. Adriano Figueiredo Leite - Presidente da ACALUZ

sábado, 25 de maio de 2013

Visita da Santa Maria mãe de Deus, Mãe de Jesus, Nossa Mãe

Amanhã, domingo, 25 de maio, as 11h00, a ACALUZ - Associação Cultural Axé e Luz, estará recebendo a visita da Virgem Santa Maria, que estará vindo da Casa de Odé Tawandacy, onde passou um dia e uma noite, a Santa pertence a Casa de Pai Jorginho, do Conjunto Tapajó - Belém, e passará dois dias e uma noite aqui na Sede.

Na chegada, será rezada ladainha a Virgem Santa. Esperamos todos os associados e frequentadores e demais pessoas, para juntos participarmos deste momento de oração e elevação. Após o término da Ladainha haverá tambor de mina, para força, axé e muita luz a todos os participantes.


Por. Adriano Figueiredo Leite - Presidente da ACALUZ.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Cabocla Jurema


Considerada a mais popular e poderosa ritualística de Encantaria brasileira o ritual da Jurema, é no nordeste, tão popular quanto o frevo e o samba no Rio de Janeiro.
Jurema (Acácia Nigra), é a árvore sagrada dos indígenas brasileiros há milênios. Nela concentram-se todos os valores fitoterápicos e místicos de um ritual que de uma certa forma, influenciou todos os demais no Brasil inteiro. Dezenas de encantados e mestres espirituais do ritual da Jurema povoam as “Casas de Nação” (candomblés) os quais não podem negar-lhes “espaço”. A Jurema por ser um ritual totalmente brasileiro é o único que se equipara aos seus congêneres africanos por ter sua própria Raiz e Origem. A raiz, é a árvore com suas folhas, casca e raízes – A origem é Monan, deus supremo dos Tupis, Caetés, Tabajaras, Potiguás, Tapuias, Pataxós e outras nações indígenas. Seus protetores eram (até a chegada do branco), Tupan, Yara, Caapora, Curupira, Boiúna, Boiátatá, Jaguá, Rudá, Carcará e outros mais. Eram de tribos diferentes, mas cultuavam os mesmos deuses aos pés da mesma árvore: JUREMA.

Com a miscigenação entre os indígenas e o branco e entre indígenas e o negro miscigenaram-se também, suas culturas, seus arquétipos, seus usos e costumes. Com o aparecimento “caboclo” (mestiço), apareceram também os encantados resultados desta mestiçagem. O ritual da Jurema, vulgarmente chamado de “Catimbó”, devido ao uso de cachimbos durante a prática, é cercado de preparos e cuidados especiais respeitanto-se prioritariamente a ancestralidade de cada um ou da própria raiz em torno da qual realiza-se a prática. Esta por sua vez, obedece à vínculos locatícios chamados de “cidades da jurema”, cada uma com seu nome. O ritual tanto pode ser feito sobre uma mesa com pode ser feito no chão. As forma são distintas, com objetivos as vezes diferentes.
Os ingredientes e apetrechos usados nos rituais de Jurema são os seguintes:
Cachimbos confeccionados à mão de diferentes troncos de árvores Fumos feitos com folhas de tabaco misturadas com folhas de diferentes árvores (dependendo da intenção do “trabalho”) Maracá (chocalho indígena) para invocar os mestres encantados Pequenos troncos de Jurema sobre os quais acende-se velas (dependendo do número de “Cidades” as quais serão invocadas – (preferencialmente 4 cidades) Sineta de metal nobre para invocação dos Mestres - (no passado era com caxixi) 2 ou mais copos altos e largos com água Toalha vermelha ou branca se for na mesa e vermelha se for no chão.

Lenda da Jurema

Cabocla, filha valente de Tupinambá. Adotada pelo mundo, foi encontrada aos pés do arbusto da planta encantada que lhe deu o nome, e cresceu forte, bonita, com a formosura da noite e a firmeza do dia. Corajosa, a cabocla tornou-se a primeira guerreira mulher da tribo, pois a sua força e agilidade no manejo das armas e na ciência da mata, se tornara uma lenda por todo o continente; onde contadores de estórias, aos pés da fogueira, falavam da índia da pena dourada, que era a própria Mãe Divina encarnada. 


Nada causava medo na cabocla, até o dia em que ela encontrou o seu maior adversário: o amor. Jurema se apaixonou por um caboclo chamado Huascar, de uma tribo inimiga chamada Filhos do Sol, e que fora preso numa batalha. 

Os dias se passaram e o amor aumentava, pois o pior de amar não é amar sozinho e sim ser amado em retorno, pois exige do amado, uma ação em prol do amor. 

Pelo olhar, o caboclo Huascar dizia: 

"Oh doce Cabocla 
meu doce de cambucá 
minha flor cheirosa de alfazema 
tem pena deste caboclo 
o que eu te peço é tão pouco 
minha linda cabocla Jurema 
tem pena desse sofredor 
que o mal destino condenou 
me liberta dessa algema 
me tira desse dilema 
minha linda cabocla Jurema" 

Jurema que aprendera a resistir ao canto do boto, ao veneno da cascavel e da armadeira, já resistira bravamente a centenas de emboscadas e que sentia o cheiro à distância de ciladas, não conseguiu resistir ao amor que fluia do seu peito por aquele guerreiro. Observando o caboclo preso, ela viu nos olhos dele, as mil vidas que eles passaram juntos, viu seus filhos, o amor que os unia além da carne e percebeu que não foi por acaso, que ele fora o único caboclo capturado vivo, e decidiu libertá-lo, mesmo sabendo que seria expulsa da sua tribo. 

Na fuga, seu próprio povo a perseguiu, e em meio a chuva de flechas voando na direção do caboclo fugitivo, foi Jurema que caiu, salvando o seu amado e recebendo a ponta da morte que era pra ele, no seu próprio peito. 

Conta a lenda, que o caboclo Huascar voltou a Terra do Sol e fundou um império nas montanhas andinas e mandou erguer um templo chamado Matchu Pitchu em homenagem a Jurema, onde, só as mulheres da tribo habitariam e lá aprenderiam a ser guerreiras como a mulher que salvara a sua vida. E no lugar onde a Jurema caiu, nasceu uma planta robusta e muito resistente que dá flor o ano inteiro, cujo formato exótico e o tom amarelo-alaranjado intenso chamou atenção de todas as tribos, pois tudo dessa planta poderia ser utilizado, desde as sementes, até as flores e o caule; e porque as flores dessa planta estão sempre viradas para o astro maior; ela ficou conhecida como girassol.

Pesquisador. Diego Bragança de Moura - Historiador da ACALUZ
Por. Adriano Figueiredo Leite - Presidente da ACALUZ
Referências de Pesquisa:
Arquvios da ACALUZ e 
http://ensinodearuanda.blogspot.com.br/2012/10/lenda-cabocla-jurema.html

Caboclo Tupinambá





O termo Tupinambá provavelmente significa "o mais antigo" ou "o primeiro", e se refere tanto a uma grande nação de índios, da qual faziam parte, dentre outros, os tamóios , os temiminós , os tupiniquins , os potiguara , os tabajaras , os caetés , os amoipiras , os tupinás (tupinaê), os aricobés  e um grupo também chamado de Tupinambás.

Os Tupinambás como nação dominavam quase todo o litoral brasileiro e possuíam uma língua comum, que teve sua gramática organizada pelos jesuítas e passou a ser conhecida como o tupi antigo , sendo a língua raiz da língua geral paulista  e do nheengatu . Entretanto, normalmente, quando se fala em tupinambás está-se a referir às tribos que fizeram parte da Confederação dos Tamoios , cujo objectivo era lutar contra os portugueses, também conhecidos como perós .
Apesar de terem raízes comuns, as diversas tribos que compunham a nação Tupinambá lutavam constantemente entre si, movidas por um intenso desejo de vingança que resultava sempre em guerras sangrentas em que os prisioneiros eram capturados para serem devorados em rituais antropofágicos .
Em todas as tribos tupinambás era comum a observância aos heróis civilizadores, como chama Alfred Métraux  em seu livro A Religião dos Tupinambás, que eram divindades que haviam criado ou dado início à civilização indígena (Meire Humane e Pae Zomé  - mito ameríndio comum em toda a América Meridional). Também era comum a intercessão junto aos espíritos dos pajés , o uso dos maracás , chocalhos místicos cujo uso era obrigatório em qualquer cerimônia.
Atualmente existem dois núcleos de índios Tupinambá, no litoral da Bahia: Olivença, município de Ilhéus , com 20 aldeias e 3864 indígenas; e a aldeia Patiburi, município de Belmonte , com 199 pessoas.
Os tupinambás da Região Sudeste do Brasil tinham um vasto território, que se estendia desde o rio Juqueriquerê , em São Sebastião  / Caraguatatuba , no Estado de São Paulo , até o cabo de São Tomé , no estado do Rio de Janeiro .
O grosso da nação tupinambá localizava-se na baía da Guanabara  e em Cabo Frio , ou Gecay, o nome da mistura de sal e pimenta que os índios, embora não consumindo o sal, vendiam aos franceses, com os quais se aliaram quando estes estabeleceram a colônia da França Antártica  na baía de Guanabara.
As tentativas de escravização dos índios para servirem nos engenhos de cana-de-açúcar  no núcleo vicentino, levaram à união das tribos numa confederação sob o comando de Cunhambebe , chamada de Confederação dos Tamoios , englobando todas as aldeias tupinambás, desde São Paulo, Vale do Rio Paraíba  (São José dos Campos , Taubaté  e outras) até o cabo de São Tomé, com invejável poderio de guerra.
É neste ínterim que Nóbrega  e Anchieta  teriam sido levados por José Adorno de barco até Iperoig  (atual Ubatuba ), para tentar fazer as pazes. Segundo a tradição, Nóbrega voltou até São Vicente  com Cunhambebe  e o Padre José de Anchieta ficou cativo dos tupinambás em Ubatuba. Neste período, ele teria escrito o Poema da Virgem. Fatos lendários e fantásticos teriam ocorrido nesta época do cativeiro, como o milagre de Anchieta: levitar entre os índios, que horrorizados, queriam que ele dalí se retirasse pois pensavam tratar-se de um feiticeiro.
Seja como for, os padres com muita diplomacia, conseguiram desmantelar a Confederação dos Tamoios, promovendo a Paz de Iperoig , o Primeiro Tratado de Paz das Américas. Diz-se que depois de feitas as pazes, Nóbrega advertiu os índios de que, se voltassem atrás na palavra 
empenhada, seriam todos destruídos, o que de fato ocorreu. Quando os portugueses atacaram os franceses do Rio de Janeiro, estes pediram ajuda aos índios, que de fato acudiram a seus aliados. Isto levou ao extermínio dos tupinambás que moravam em aldeias em torno da Baía da Guanabara, na segunda metade do século XVI . Os que conseguiram se salvar foram os que se embrenharam nos matos com alguns franceses e os índios tupinambás de Ubatuba que, para não ajudarem e não correrem riscos, ou se embrenharam nos matos ou foram assimilados pelos colonos em Ubatuba, gerando a atual população caiçara  daquela região assim como a população cabocla do Vale do Paraíba Paulista e Fluminense.
Contudo, o golpe fatal ao fim dos tupinambás, foi o ataque ao último reduto francês em Cabo Frio, com a destruição de todas as aldeias. Tudo destruído com fogo e passado ao "fio da espada". Os sobreviventes ou se embrenharam nos matos e migraram para outras regiões ou alguns poucos ainda, no final do século XVI, podiam ser encontrados numa aldeia de índios cristãos próxima da então recém-fundada cidade do Rio de Janeiro, local onde morreu e foi enterrado o Padre Nóbrega.
Por esses motivos e por algumas declarações que denotariam em tese conivência com o extermínio indígena, é que o Padre José de Anchieta tem sido considerado muito polêmico até os dias atuais, embora noutras oportunidades, tenha declarado que se dava melhor com os Índios do que com os portugueses. Afinal, os padres jesuítas  tinham a boa intenção e boa-fé de angariar novas almas para a Igreja, no movimento conhecido como Contra-Reforma, haja vista a Reforma que havia se iniciado e espalhado pela Europa .

Pesquisador. Diego Bragança de Moura
Por. Adriano Figueiredo Leite - Presidente da ACALUZ
Fonte. Arquivos da ACALUZ.