sexta-feira, 23 de abril de 2010

Defumação

DEFUMADOR
A principal função da defumação realizada tanto na Umbanda quanto nas demais seitas religiosas através dos tempos, desde a Antiguidade, é com a queima de ervas e resinas, modificar a energia existente no ambiente para equilibrá-lo de acordo com a necessidade.
Pode-se chamar a defumação de magia, de ritual, de liberação da energia contida nos elementos vegetais. Todos esses conceitos estão corretos.
O defumador deve ser feito com carvão em brasas, incenso, alecrim e alfazema, ou outras ervas específicas para cada finalidade.
Quando há o contato da brasa com o elemento vegetal utilizado, libera-se determinada energia, capaz de desagregar miasmas e larvas astrais presentes em grande parte dos ambientes terrenos, produzidos por nossos pensamentos e desejos, que normalmente encontram-se em desequilíbrio, provocado pela raiva, ciúme, inveja, rancor, ódio, orgulho ou mágoa.
Por isso mesmo são utilizadas ervas diversas para fins específicos, que ao serem queimadas produzem o efeito de energizar e harmonizar pessoas e ambientes, removendo do plano astral as energias deletérias e nocivas que ali se encontram, formando verdadeiras barreiras fluídicas para afastar espíritos inferiores por determinado tempo. Desta forma, passado certo tempo, deve a defumação novamente ser realizada com o mesmo intuito, uma vez que pelo poder de nossos pensamentos pouco elevados, em pouco tempo, espíritos atrasados novamente poderão ser atraídos pelo ambiente vibratório inferior que podemos voltar a criar, tudo obedecendo a Lei de Afinidade Espiritual. Nunca devemos esquecer o ensinamento do Mestre Jesus para evitar estes acontecimentos: “Orai e vigiai”.
Agregando este trabalho de elaboração mental de pensamentos positivos a um bom trabalho de defumação, pode-se evitar muitas das vezes, acontecimentos desagradáveis provocados por energias negativas produzidas por nossos pensamentos ou por espíritos que possamos ter atraído por nossas ações impensadas.
Portanto, na casa onde habitamos devemos sempre realizar a defumação, principalmente se é uma pessoa que desenvolve um trabalho espiritual, mediúnico, ou no caso do umbandista, que mantém suas firmezas e instrumentos litúrgicos de culto à sua crença.
Na Umbanda, a defumação é realizada no início dos trabalhos, realizando a limpeza do ambiente, do corpo de médiuns e dos assistentes. Dependendo dos trabalhos realizados, deve-se limpar o ambiente com a defumação mais de uma vez ao longo do dia, para atrair e facilitar o trabalho que esteja sendo realizado pelas entidades.

Como é realizado o processo de defumação: Deve ser feito para retirar primeiro a energia negativa do ambiente, preenchendo-o com energia positiva. As ervas e resinas utilizadas, juntamente com a brasa irão “queimar”, retirar do ambiente as energias negativas, tornando-o um ambiente estéril, pronto a receber a vibração das ervas utilizadas para atraírem energias positivas. Esta segunda defumação é realizada com um defumador definido como “doce”. É de se ressaltar que o processo deve seguir essas duas fases, uma vez que apenas havendo a retirada da energia negativa, esterilizando o ambiente, este fica desprovido de qualquer energia, seja positiva ou negativa, gerando um ambiente propício à invasão de qualquer tipo de energia, boa ou ruim. O processo deve ser completo, retirando o que atrapalhava, e em seguida como que “convidando” os espíritos superiores, com o defumador doce, a trazerem a benção dos Orixás, Caboclos, e Pretos Velhos, ou demais entidades para aquele ambiente.

PONTOS DE DEFUMAÇÃO
Jurema deu as ervas
ai Ogum deu beijoim
Pai Oxalá mandou
Defumar você, eu vim
Esta fumaça santa
Ela vai lhe proteger
De tudo que for mal
Que alguém possa lhe fazer
===========================
Deu um vento lá nas matas
Jogou as folhas no chão
E os caboclos estão apanhando
Pra fazer defumação
Como cheira a Umbanda
A Umbanda a cheira
Cheira arruda e guiné
Alfazema e Alecrim
===========================
To defumando
To defumando
A casa do Bom Jesus da Lapa
Nossa Senhora incensou a Jesus Cristo
Jesus Cristo incensou os filhos seus
Eu incenso
Eu incenso essa casa
Pro mal sair e a felicidade entrar
Eu incenso
Eu incenso essa casa
Na fé de Oxóssi, de Ogum e de Oxalá
==========================
A Umbanda queimou, cheirou guiné
Vamos defumar filhos de fé
A Umbanda queimou, cheirou guiné
Vamos defumar filhos de fé
Defuma eu Babá
Defuma eu Babalaô
Defuma eu Babá
Defuma eu Babalaô
========================
Defuma com as ervas da Jurema
Defuma com arruda e guiné
Alecrim, benjoim e alfazema
Vamos defumar filhos de fé
========================
Defuma, defuma
Defuma, defuma, defuma
São Jorge defuma
Seus filhos de fé
========================
Corre gira Pai Ogum
Filhos quer se defumar
Umbanda tem fundamento
É preciso preparar
Com arruda e guiné,
Alecrim e alfazema
Defumar filhos de fé
Com as ervas da Jurema

Por. Adriano Figueiredo Leite - Presidente da ACALUZ
Pesquisa e Entrevista de Diego Bragança de Moura - Historiador da ACALUZ
http://www.genuinaumbanda.com.br/defumador.htm

Linhagem dos Caboclos e Guias

ENTIDADES E FALANGES
Entidade é o nome dado a todos os espíritos que estão em determinada faixa de vibração astral que atuam dentro da Umbanda. Conforme seu grau de evolução espiritual, esses espíritos são levados a fazer parte de uma falange (agrupamento de espíritos), a fim de atuarem, aprenderem e evoluírem espiritualmente. Lá eles permanecem até a possível volta para uma reencarnação ou a evolução para um plano espiritual superior.
São as entidades que incorporam nos rituais de Umbanda, uma vez que os Orixás não incorporam. A função das entidades pertencentes às falanges é justamente vir à Terra e executar o trabalho ordenado pelo Orixá. São as entidades os portadores da força divina que correspondem aos Orixás.
As entidades que trabalham na Umbanda se apresentam em dois graus hierárquicos, a saber:
- Guias (que podem ou não ser chefes de falange ou de legião)
- Protetores.
A cada falange corresponde a vibração original de um Orixá. As outras seis falanges deste Orixá correspondem ao cruzamento de sua energia original com a dos demais. Um exemplo de como ocorre esse cruzamento entre as linhas de Umbanda é a linha de Ogum Beira-Mar, que vem a ser o cruzamento da linha de Ogum com a de Iemanjá.

Quando um médium trabalha com uma determinada entidade, ele não trabalha com um único espírito. O que ocorre é que todos os espíritos que constituem determinada falange atuam numa única faixa vibratória com a qual penetram na faixa vibratória do médium,. Em outras palavras, os espíritos não trabalham isoladamente, mas "em falange", todos numa única vibração. Isso explica porque podemos encontrar entidades de mesmo nome atuando em locais diferentes à mesma hora, ou até mesmo no mesmo local. As entidades trabalham em multiplicidade, cada uma conservando o nome e as características do chefe da falange que compõem.

Embora não seja muito comum, é possível acontecer que um mesmo espírito, embora seja uma só vibração, venha em diversas falanges, com diferentes nomes, conforme sua missão espiritual. Um espírito de certo grau de evolução pode se desdobrar na vibração, ou seja, aumentá-la ou diminuí-la, obviamente que dentro de um certo limite preestabelecido. Desta forma, essa entidade pode se apresentar ora numa faixa, ora em outra. Por exemplo: Se ela atua normalmente sob a linha do Oriente, pode num desdobramento de vibração, apresentar-se na forma de um caboclo, embora conserve também suas características essenciais.

Isso ocorre em virtude de uma despersonalização do espírito, ou seja, ele se despoja das características individuais de suas encarnações, já que as entidades de umbanda estão acima de uma identidade individual. Não utilizando, portanto, as entidades os nomes de batismo na Terra, já que há muito transcenderam sua individualidade.

Existe ainda uma outra subdivisão, que diz respeito à faixa etária das entidades. Desse modo, temos as crianças, os adultos e os velhos. Por exemplo: podemos ter uma criança de Xangô, um Caboclo de Oxossi e um Preto Velho de Oxalá.

Outro tipo de entidade que se apresenta na Umbanda são os Exus, agentes mágicos que trabalham transmutando a magia no plano astral, os quais, infelizmente, são muitas vezes conhecidos erroneamente com conotações pejorativas.

As entidades, conforme sua faixa vibratória, dividem-se em várias falanges:

OS CABOCLOS
São entidades, em sua maioria, de indígenas desencarnados que, depois de centenas de anos no plano astral, resolveram abraçar o novo movimento religioso de Umbanda. Trabalham na caridade como verdadeiros conselheiros, ensinando o amor ao próximo e a natureza, tendo como missão principal o ensinamento da espiritualidade e o encorajamento da fé.
Os Caboclos trouxeram para a Umbanda toda a magia dos Pajés, a defumação pelos charutos e cachimbos, e o poder milagroso das ervas que são passadas para banhos de limpeza e chás para a parte física; ajudam na vida material com trabalhos de magia positiva, limpam a nossa aura e proporcionam uma energia de força que irá auxiliar e encorajar o nosso espírito preparando-o para que consigamos o nosso objetivo.
Os Caboclos de Umbanda são entidades simples e através da sua simplicidade passam credibilidade e confiança a todos que os procuram, seus pontos riscados, grafia sagrada dos Orixás, traduzem uma forte magia, é através desses pontos que são feitas limpezas e evocações de elementais e Orixás para diversos fins.
Nos seus trabalhos de magia costumam usar pembas, (giz de várias cores imantados na energia de cada Orixá), velas, geralmente de cera, essências, flores, ervas, frutas, charutos e incenso.

Sua saudação: "Okê Caboclo, Okê Bambi Ôcrim"

OS PRETOS VELHOS
A linha é um todo, com suas características gerais, mas diferenças ocorrem porque os Pretos-Velhos são trabalhadores de Orixás e trazem para sua forma de trabalho a essência da irradiação do Orixá para quem eles trabalham.
Usam ervas em seus trabalhos de magia e principalmente para rezar as pessoas. Da mesma forma que os Caboclos, os Pretos Velhos usam cachimbos para limpeza espiritual, jogando sua fumaça sobre a pessoa que esta recebendo o passe e limpando a aura de larvas astrais e energias negativas.
Essas diferenças são evidenciadas na incorporação e também na maneira de trabalhar e especialidade deles. Para exemplificar, separaremos abaixo por Orixás:

Pretos-Velhos De Ogum
São mais rápidos na sua forma incorporativa e sem muita paciência com o médium e as vezes com outras pessoas que estão cambonando e até consulentes.São diretos na sua maneira de falar, não enfeitam muito suas mensagens, as vezes parece que estão brigando, para dar mesmo o efeito de “choque”, mais são no fundo extremamente bondosos tanto para com seu médium e para as outras pessoas.São especialistas em consultas encorajadoras, ou seja, encorajando e dando segurança para aqueles indecisos e “medrosos”. É fácil pensar nessa característica pois Ogum é um Orixá considerado corajoso.

Pretos-Velhos De Oxum
São mais lentos na forma de incorporar e até falar. Passam para o médium uma serenidade inconfundível. Não são tão diretos para falar, enfeitam o máximo a conversa para que uma verdade dolorosa possa ser escutada de forma mais amena, pois a finalidade não é “chocar” e sim, fazer com que a pessoa reflita sobre o assunto que está sendo falado.
São especialistas em reflexão, nunca se sai de uma consulta de um Preto-Velho de Oxum sem um minuto que seja de pensamento interior. Às vezes é comum sair até mais confuso do que quando entrou, mas é necessário para a evolução daquela pessoa.

Pretos-Velhos De Xangô
Sua incorporação é rápida como as de Ogum. Assim como os caboclos de Xangô, trabalham para causas de prosperidade sólida, bens como casa própria, processo na justiça e realizações profissionais. Passam seriedade em cada palavra dita. Cobram bastante de seus médiuns e consulentes.

Pretos-Velhos De Iansã
São rápidos na sua forma de incorporar e falar. Assim como os de Ogum, não possuem também muita paciência para com as pessoas. Essa rapidez é facilmente entendida, pela força da natureza que os rege, e é essa mesma força lhes permite uma grande variedade de assuntos com os quais ele trata, devido a diversidade que existe dentro desse único Orixá.
Geralmente suas consultas são de impacto, trazendo mudança rápida de pensamento para a pessoa. São especialistas também em ensinar diretrizes para alcançar objetivos, seja pessoal, profissional ou até espiritual.
Entretanto, é bom lembrar que sua maior função é o descarrego. É limpar o ambiente, o consulente e demais médiuns do terreiro, de eguns ou espíritos de parentes e amigos que já se foram, e que ainda não se conformaram com a partida permanecendo muito próximos dessas pessoas.

Pretos-Velhos De Oxossi
São os mais brincalhões, suas incorporações são alegres e um pouco rápidas. Esses Pretos-Velhos geralmente falam com várias pessoas ao mesmo tempo. Possuem uma especialidade: A de receitar remédios naturais, para o corpo e a alma, assim como emplastros, banhos e compressas, defumadores, chás, etc… São verdadeiros químicos em seus tocos. - Afinal não podiam ser diferentes, pois são alunos do maior “químico” - Oxossi.

Pretos-Velhos De Nanã
São raros, sua maneira de incorporação é de forma mais envelhecida ainda. Lenta e muito pesada. Enfatizando ainda mais a idade avançada. Falam rígido, com seriedade profunda. Não brincam nas suas consultas e prezam sempre o respeito, tanto do médium quanto do consulente, e pessoas a volta como: cambonos e pessoas do terreiro em geral e principalmente do pai ou da mãe de santo.
Cobram muito do seu médium, não admitem roupas curtas ou transparentes. Seu julgamento é severo. Não admite injustiça. Costumam se afastar dos médiuns que consideram de “moral fraca”. Mais prezam demais a gratidão, de uma forma geral. Podem optar por ficar numa casa, se seu médium quiser sair, se julgar que a casa é boa, digna e honrada.
É difícil a relação com esses guias, principalmente quanto há discordância, ou seja, não são muito abertos a negociação no momento da consulta.
São especialistas em conselhos que formem moral, e entendimento do nosso karma, pois isso sem dúvida é a sua função. Atuam também como os de Inhasã e Obaluaiê, conduzindo Eguns.

Pretos-Velhos De Obaluaiê
São simples em sua forma de incorporar e falar. Exigem muito de seus médiuns, tanto na postura quanto na moral. Defendem quem é certo ou quem está certo, independente de quem seja, mesmo que para isso ganhem a antipatia dos outros.
Agarram-se a seus “filhos” com total dedicação e carinho, não deixando, no entanto, de cobrar e corrigir também. Pois entendem que a correção é uma forma de amar.
Devido à elevação e a antiguidade do Orixá para o qual eles trabalham, acabam transformando suas consultas em conselhos totalmente diferenciados dos demais Pretos-Velhos. Ou seja, se adaptam a qualquer assunto e falam deles exatamente com a precisão do momento.
Como trabalha para Obaluaiê, e este é o “dono das almas”, esses Pretos-Velhos são geralmente chefes de linha e assim explica-se a facilidade para trabalhar para vários assuntos.
Sua “visão” é de longo alcance para diversos assuntos, tornando-os capazes de traçar projetos distantes e longos para seus consulentes. Tanto pessoal como profissional e até espiritual.
Assim exigem também fiel cumprimento de suas normas, para que seus projetos não saiam errado. Para tanto, os filhos que os seguem, devem fazer passo a passo tudo que lhes for pedido, apenas confiando nesses Pretos-Velhos. Gostam de contar histórias para enriquecer de conhecimento o médium e as pessoas a volta.

Pretos-Velhos De Yemanjá
São belos em suas incorporações, contudo mantendo uma enorme simplicidade. Sua fala é doce e meiga. Sua especialidade maior é sem dúvida os conselhos sobre laços espirituais e familiares.
Gostam também de trabalhar para fertilidade de um modo geral, e especialmente para as mulheres que desejam engravidar. Utilizando o movimento das ondas do mar, são excelentes para descarregos e passes.

Pretos-Velhos De Oxalá
São bastante lentos na forma de incorporar, tornam-se belos principalmente pela simplicidade contida em seus gestos. Raramente dão consulta, sua maior especialidade é dirigir e instruir os demais Pretos-Velhos. Cobram bastante de seus médiuns, principalmente no que diz respeito a prática de caridade, bom corpontamento moral dentro e fora do terreiro, ausência de vícios, humildade; enfim o cultivo das virtudes mais elevadas.

(Fonte: Sociedade Espiritualista Mata Virgem)

 
Alguns Pretos-Velhos conhecidos:
Pai Cambinda (ou Cambina)
Pai Roberto, Pai Cipriano e Mestre Luiz
Pai João D'Angola (também de Minas)
Pai Congo
Pai José D'Angola
Pai Benguela
Pai Jerônimo
Pai Francisco
Pai Guiné
Pai Joaquim (também da Costa)
Pai Antônio
Pai Serafim
Pai Firmino D'Angola
Pai Serapião
Pai Fabrício das Almas
Pai Benedito (também de Guiné)
Pai Julião
Pai Jobim
Pai Jacó
Pai Serapião
Pai Caetano
Pai Tomaz
Pai Tomé
Pai Malaquias
Pai Jobá
Pai Dindó
Vovó Maria Conga
Vovó Manuela
Vovó Chica da Costa D'Africa
Vovó Cambinda (ou Cambina)
Vovó Ana
Vovó Maria Redonda
Vovó Catarina
Vovó Luiza
Vovó Rita do Cruzeiro das Almas
Vovó Gabriela
Vovó Quitéria
Vovó Mariana
Vovó Maria da Serra
Vovó Maria de Minas
Vovó Rosa da Bahia
Vovó Maria do Rosário
Vovó Benedita

Obs: O tratamento poderá ser substituído por Vovô ou Tio, por Tia.

OS BOIADEIROS
São espíritos de vaqueiros, posseiros, capatazes, cangaceiros e espíritos afins.
Sabem que a prática da caridade os levará a evolução, trabalham incorporados na Umbanda, Quimbanda e Candomblé.
Fazem parte da linha de caboclos, mais na verdade são bem diferentes em suas funções.
Formam uma linha mais recente de espíritos, pois já viveram mais com a modernidade do que os caboclos, que foram povos primitivos. Esses espíritos já conviveram em sua ultima encarnação com a invenção da roda, do ferro, das armas de fogo e com a prática da magia na terra.
Saber que boiadeiros conheceram e utilizaram essas invenções nos ajuda muito para os diferenciarmos dos caboclos.
São rudes nas suas incorporações, com gestos velozes e pouco harmoniosos.
Sua maior finalidade não é a consulta como os Preto-velhos, nem os passes e muito menos as receitas de remédios como os caboclos, e sim o "dispersar de energia" aderida a corpos, paredes e objetos.
É de extrema importância essa função, pois enquanto os outros guias podem se preocupar com o teor das consultas e dos passes, existe essa linha "sempre" atenta a qualquer alteração de energia local (entrada de espíritos).
Quando bradam alto e rápido, com tom de ordem, estão na verdade ordenando a espíritos que entraram no local a se retirar. Assim, "limpam" o ambiente para que a prática da caridade continue sem alterações, já que a presença desses espíritos muitas vezes interfere nas consultas de médiuns conscientes.
Esses espíritos atendem a boiadeiros pela demonstração de coragem que os mesmos lhes passam e são levados por eles para locais próprios de doutrina.
Outra grande função de um boiadeiro é manter a disciplina das pessoas dentro de um terreiro, sejam elas médiuns da casa ou consulentes.
Costumam proteger demais seus médiuns nas situações perigosas. São verdadeiros conselheiros e castigam quem prejudica um médium que ele goste. "Gostar" para um boiadeiro, é ver no seu médium coragem, lealdade e honestidade, aí sim é considerado por ele "filho". Pois ser filho de boiadeiro não é só tê-lo na coroa.
Trabalham também para Orixás, mais mesmo assim, não mudam sua finalidade de trabalho e são muito parecidos na sua forma de incorporar e falar, ou seja, a energia emanada pelo Orixá para quem trabalha é apenas um critério interno e obrigatório dentro do próprio "Ori" - pois na verdade todos são braços de Omulú.
Exemplificando essa idéia: Um boiadeiro que trabalhe para Ogum é praticamente igual a um que trabalhe para Oxossi, apenas cumprem ordens de Orixás diferentes, não absorvendo, no entanto, as características deles.
Dentro dessa linha, a diversidade encontra-se na idade dos boiadeiros. Existem boiadeiros mais velhos, outros mais novos, e costumam dizer que pertencem a locais diferentes, como regiões por exemplo: Nordeste, Sul, Centro-Oeste, etc...
Dentre muitos Boiadeiros, citamos: Boiadeiro na Jurema, Lajedo, Boiadeiro do Rio, Carreiro, Boiadeiro do Ingá, Navizala, Boiadeiro de Imbaúba, João Boiadeiro, Boiadeiro Chapéu de Couro, Boiadeiro Juremá, Zé Mineiro e Boiadeiro do Chapadão, etc ...
Sua saudação: "Xetro Marrumbaxêtro", "Minakêto Navizála"

AS CRIANÇAS
As almas de crianças que comparecem nos Terreiros de Umbanda são criaturas infantis que desencarnaram em tenra idade. Estas entidades são a verdadeira expressão da alegria e da honestidade. Dessa forma, apesar da aparência frágil, são verdadeiros magos e conseguem atingir o seu objetivo com uma força imensa.
As almas das Crianças desencarnadas e habitantes de planos astrais ligados à Umbanda estão em correlação direta com os princípios que regem o Orixá Ibeji de pureza e inocência, não tendo o seu caráter contaminado por hábitos ou vícios inferiores.
É uma falange de espíritos que assumem em forma e modos, a mentalidade infantil. Como no plano material, também no plano espiritual, a criança não se governa, tem sempre que ser tutelada. Normalmente, as Crianças de Umbanda vêem acompanhadas de um Preto-Velho que tem a responsabilidade por seu comportamento durante as Giras. As festas em homenagem ao Orixá Ibeji são feitas com muita alegria, doces, comidas, bolos, brinquedos e brincadeiras.
É a única linha em que a comida de santo - Amalá, leva tempero especial - açúcar. É conhecido nos terreiros de Nação e Candomblé, como êres. Na representação nos pontos riscados, a Criança na Umbanda é livre para utilizar o que melhor lhe aprouver. A linha de Ibeji é tão independente quanto à linha de Exu.
Os pedidos feitos às Crianças nos rituais de Umbanda são uma tradição. As Crianças, na maioria das vezes, atendem aos pedidos feitos, tendo uma força muito grande no Plano Astral para que consigam, juntamente com as outras entidades da Umbanda que os consulentes tenham seus pedidos satisfeitos.
As Crianças não gostam de desmanchar demandas, nem de trabalhar nas desobsessões. Trabalham nas consultas, onde enquanto essa se desenrola trabalham modificando e equilibrando a vibração do consulente, regenerando os pontos de entrada de energia do corpo humano.
Tais entidades demonstram em suas atitudes sua pureza, mas identificam as falhas e os vícios dos encarnados. Não se calam em suas consultas e, mesmo em sua estrutura infantil, têm mais poder do que imaginamos. Mas como não são levadas muito a sério, o seu poder de ação fica oculto, são conselheiros e curadores, por isso foram associadas à Cosme e Damião, curadores que trabalhavam com a magia dos elementos.

OS EXUS
Seu trabalho é dirigido, principalmente à defesa dos seus médiuns e a defesa do terreiro, porém, são muito procurados para resolver os problemas da vida sentimental e material. Exu é guardião, é caminho entre a luz e as trevas, e cobrador perante à Justiça cármica.
Costumam trabalhar com velas, charutos, cigarros, bebidas fortes, punhais em seus pontos riscados, pembas brancas, pretas e vermelhas . Devido ao seu temperamento forte e alegre costumam atrair bastante os consulentes , principalmente porque quando falam que vão ajudar certamente o farão.

Os Exús nas sete linhas de Umbanda:
Linha de Ogum: Exu Tranca Ruas das Almas, Exu tranca Ruas de Embaré, Exu Tranca Ruas das Sete Encruzilhadas, Exu Veludo, Exu Sete Encruzilhadas, Exu sete Facas, Exu da Mangueira e outros.

Linha de Oxossi: Exu Marabô, Exu Tronqueira, Exu Mangueira e outros.

Linha de Xangô: Exu Marabô Toquinho, Exu Labareda, Exu do Lodo, Exu Pedra Negra e outros.

Linha de Yorimá: Exu Caveira, Exu Tata Caveira, Exu 7 covas, Exu Bananeira, Exu Mulambo, Exu 7 porteira e outros.

Linha de Oxalá: Exu Tiriri, Exu Veludinho, Exu Gira Mundo, Exu Sete Encruzilhadas e outros.

Linha de Yemanja: Todas as Pombagiras.

Linha de Yori: Todos os Exus mirins.
Nota: Em razão da complexidade da entidade Exu, esse site reserva um capítulo a parte relativo a esses guardiões da espiritualidade.

OS CIGANOS
São entidades oriundas de um povo muito rico de histórias e lendas, de espíritos que viveram nos séculos XIII, XIV, XV e XVI. Têm, na sua origem, o trabalho com a natureza, a subsistência através do que plantavam e o desapego as coisas materiais. A presença dessas entidades é rara, mas quando chegam trazem com eles todos os mistérios da magia.
Trabalham também com as energias do Oriente, com cristais, incensos, pedras energéticas, com as cores, com os quatro sagrados elementos da natureza.
Santa Sarah Kali é a orientadora do Povo Cigano nos trabalhos espirituais, não ocorrendo qualquer sincretismo com outra religião, uma vez que sua função é de orientação.
Os Ciganos não trabalham a serviço de um Orixá específico por isso não são guardiões de um terreiro. Essa linha trabalha em paralelo e conjugada com as demais, onde o seu compromisso primeiro é com a caridade e não com nenhuma outra linha específica. Os Ciganos são protetores e não guardiões. Podem trabalhar dentro da linha de Exu; porém sem função de chefia e de guarda. Já os Exus Ciganos e Pombo Giras Ciganas são exus e pombo giras como outros quaisquer exercendo todas as funções que qualquer exu e pombo gira exercem. Em resumo: cigano é uma coisa, exu cigano é outra. Eles têm funções diferentes, embora a mesma origem cigana.
Encontramos falanges diversas chefiadas por Ciganos diversos, em planos de atuação diversos. Dentre os mais conhecidos, podemos citar os Ciganos Pablo,Wlademir, Ramires, Juan, Pedrovick, Artemio, Hiago, Igor,Vitor e tanto outros, e, da mesma forma, as Ciganas como Esmeralda, Carmem, Salomé, Carmensita, Rosita, Madalena, Yasmin, Maria Dolores, Zaria, Sunakana, Sulamita, Wlavira, Liarin, Sarita e muitas outras também.
Para a falange de Ciganos, se possível, deve ser mantido um altar separado do altar geral, o que não quer dizer que não se possa cultuá-lo no altar normal. Esse altar deve manter imagens, o incenso apropriado, uma taça com água e outra com vinho, mantendo a pedra da cor de preferência do Cigano em um suporte de alumínio.

MARINHEIROS
Os Marinheiros trabalham na linha de Iemanjá e Oxum (povo d'áqua) e sua mensagem é de esperança e força, numa alusão de que devemos desbravar o mundo exterior e o desconhecido dentro de nós, lutando para mantermos a fé e a confiança.
São chefiados por uma entidade conhecida por Tarimá. São espíritos de pessoas que em vida foram marinheiros. São muito brincalhões, o plano espiritual superior os evoca para descarga pesada do templo, desta forma a eles podemos pedir coisas simples, eles não são muito dados a falar ou dar consultas.
Seu trabalho é realizado em descarregos, consultas, passes, no desenvolvimento dos médiuns e em outros trabalhos que possam envolver demandas. Na realidade estes abnegados servidores da lei são verdadeiros “magos que atuam nos mistérios aquáticos” e com uma forma de atuação única dentro dos domínios da umbanda. Como magos, trazem para nós, a possibilidade de nos libertarmos de nossos entraves.
A descarga de um terreiro uma vez efetuada será enviada ao fundo mar com todos os fluidos nocivos que dela provem. Os marinheiros são destruidores de feitiços, cortam ou anulam todo mal e embaraço que possa estar dentro de um templo, ou ainda, próximo aos seus freqüentadores.
Nunca andam sozinhos, quando em guerra unem-se em legiões, fazendo valer o principio de que a união faz a força, o que os torna imbatíveis nesse sentido. Alguns representantes mais conhecidos: Maria do Cais, Chico do Mar, Zé Pescador, Seu Marinheiro Japonês, Seu Iriande, Seu Gererê e Seu Martim Pescador.

EXU-MIRIM
É mais uma falange trabalhando junto com Exu e Pomba-gira para a proteção e sustentação dos trabalhos das casas de Umbanda, realizando trabalhos de limpeza astral, cura, quebras de demandas, etc. Também chamado de Criança de Encruzo, no caso masculino e, de Pombagira-menina, em sua manifestação feminina.
Pode-se dizer que os Exus e Pomba giras estão para os Exus-Mirins como os Preto-velhos estão para as crianças da Linha de Cosme e Damião. Têm como qualidade sua irreverência e com seu jeito travesso, resolvem mal-entendidos e desmancham feitiços, abrindo caminhos. São espíritos de muita força e graduação, mas sempre atendendo aos Orixás Maiores, que irão dar a ordem de bloquear a vida da pessoa e dar um basta nos erros que está cometendo. Assim como os Exus e Pomba-Giras, são portadores dos mistérios dos Orixás.
A criança de Encruzo ou Exu-Mirim atua como elemento regressor para o espírito em desequilíbrio, assim como Exu atua como elemento vitalizador.
Atuam nas diversas linhas da Umbanda, carregando nomes análogos ao dos Exus, conforme a linha em que atuam, como por exemplo, Caveirinha, Covinha, Calunguinha, Porteirinha (calunga), Pimentinha, Labareda, Faísca, Malagueta (fogo), Lodinho, Ondinha, Prainha (água), entre muitos e muitos outros.

Por. Adriano Figueiredo Leite - Presidente da ACALUZ
Pesquisa. Diego Bragança de Moura