1. Processo Mediúnico:
A mediunidade, nos Terreiros de Umbanda, é vista como uma faculdade natural existente em todo ser vivo. É através da mediunidade que fazemos a síntese da Luz contida nos cinco sentidos básicos. De acordo com o nível de desenvolvimento, a mediunidade nos permite constatar outras formas de sínteses desde que afinadas com a nossa freqüência vibratória. A este fenômeno dá-se o nome de incorporação. As incorporações são consideradas, nos Rituais de Umbanda da ACALUZ, um ato de comunhão com a Luz Essencial, e não uma substituição temporária do "espírito".
Essa comunhão é possível porque a Luz Essencial, considerada na Umbanda como a Substância Original, não é composta. E por não ser composta, pode perfeitamente ocupar o mesmo lugar no espaço e ao mesmo tempo com qualquer outra substância física ou etérea. Porém, é necessário que as incorporações ocorram com o aval do médium, em lugares e momentos adequados, e não aleatoriamente. Incorporações "incontroláveis", que colocam em risco a integridade física ou moral do médium, podem estar associadas a diferentes níveis de desequilíbrio. Nestes casos, as iniciações contam com o apoio ritualístico e o aconselhamento especializado.
A Mediunidade é tida, por alguns estudiosos, como um sistema único, capaz de se manifestar de diversas formas. Diante dessa diversificação da mediunidade, a ACALUZ é prudente ao qualificá-las. As qualidades da Mediunidade se caracterizam pela forma da manifestação ou mecanismo utilizado, e não pela sua intensidade. Incorporação, Vidência, Psicografia, Premonição e Intuição são algumas qualidades bastante conhecidas entre as religiões mediúnicas. Do ponto de vista iniciático, cada tipo de mediunidade exige ritos apropriados e orientações específicas. É, no mínimo, contraproducente estabelecer o mesmo método para iniciações envolvendo mediunidades distintas. Nos Ritos de Umbanda da Associação, as Iniciações Mediúnicas concentram-se na mediunidade de incorporação. Outras qualidades são cuidadosamente estudadas e seus médiuns encaminhados a centros idôneos e compatíveis ao tipo da mediunidade.
A Associação adotou a idade mínima de 16 anos para as iniciações mediúnicas. O fato deve-se ao cuidado do Terreiro em não interferir na formação psicológica e emocional de suas crianças na passagem para a adolescência. Isto não significa que o desenvolvimento mediúnico seja nocivo, desde que bem direcionado e apoiado por uma boa filosofia. Os cuidados do Templo se referem às responsabilidades ritualísticas e sociais implícitas nas iniciações. Tais compromissos seriam excessivos e desnecessários aos jovens, uma vez que a iniciação filosófica e os ritos preparatórios podem perfeitamente suprir o tempo de espera.
2. Processo Ritualístico:
O ritual intra-uterino, no qual iniciamos a vida neste mundo, estará sempre presente em nossa memória e por toda vida se repetirá. Tal qual um processo iniciático, a gestação nos impele a refletir sobre ritos da natureza e seus efeitos sobre nossa evolução. Sons, cores, movimentos, ritmos, espaços, fazem de cada momento oportuno um espetáculo único. É, sem dúvida, um grande ritual iniciático. É como se toda humanidade estivesse integrada num só Ritual. É a dança Sagrada de Deus que, na cadência da Vida, nos faz existir.
Diante da grandiosidade de existir e perceber a própria existência, só nos resta compreender a dinâmica das diferenças. É preciso Ser o contraste para perceber a coincidência. É preciso Morrer para Renascer. É preciso sentir para pensar em sentir novamente. As iniciações que a Vida nos oferece também abundam em preceitos e fundamentos. São ritos iniciáticos comprometidos exclusivamente com as transformações e mutações da Natureza. Construir e destruir para reconstruir. Esta é a regra do mundo. Isto é não ao conformismo.
Imitar os feitos da Natureza e tentar repeti-los de forma ordenada, sempre foi e será uma positiva e eterna paixão do Homem. As grandes conquistas e descobertas aconteceram a partir das observações de fenômenos naturais. As técnicas utilizadas nas navegações marítimas e aéreas, os cantos, as danças, são alguns exemplos que demonstram a importância dos rituais da Natureza em todas as épocas e para todos os fins. A Umbanda, na condição de religião natural, não necessariamente naturalista, tem o compromisso de instruir seus adeptos a encontrar na Natureza as energias indispensáveis a uma vida espiritualmente saudável. Porém, isto não se faz apenas com a intenção. É preciso ritualizar. "Seguir o curso dos rios". "Ouvir as pedras e Ver a Palavra de Deus".
Na ACALUZ, as Iniciações ritualísticas acontecem em três etapas. A primeira visa a integração do iniciando com a Natureza através de exercícios elementares voltados ao desenvolvimento da sensibilidade. A segunda propõe uma série de actividades ritualísticas destinadas ao desenvolvimento da capacidade de estabelecer, com as diferentes Linhas, uma relação vibratória equilibrada. Finalmente, a terceira etapa refere-se a um programa teórico, associado a práticas, no qual o iniciando aprende a dirigir e realizar diferentes ritos.
Por Adriano Figueiredo Leite e Diego Bragança de Moura
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