terça-feira, 19 de maio de 2009

Festival de Quadrilhas Juninas de Petrópolis em Cachoeira do Ararí

A ACALUZ - Associação Cultural Axé e Luz, iniciou os preparativos para o VI Festival Junino de Cachoeira do Arari/Ilha de Marajó-Pará, festival este que já é tradicional no encerramento da Quadra junina nos Campos do Marajó. Será na Casa de Show Malocaxeira nos dias 25, 26, 27 e 28 de junho, fazendo parte da programação a noite do Boi Bumbá, Oficinas culturais dos saberes e fazeres populares na festa junina, Arrastão da Cultura, Concurso de Quadrilha, Miss e Show com Banda regional. Não deixe de fazer a inscrição de sua Quadrilha, ela terá inicio no dia 18 de abril e terminará no dia 20 de maio, e poderá ser feito na página Oficial do Festival que é http://www.finquap2009.com.br/ ou direto no link http://www.finquap2009.com.br/inscricao.html ou por E-mail (vagnermaia009@bol.com.br ou vagnermaia09@hotmail.com), na Sede da Prefeitura de Cachoeira do Arari, ou na sede da Coordenação, onde posteriormente estarão disponiveis no site do festival todas as informações necessárias com endereços e telefones.
Você não vai ficar de fora desta!!! Camarotes, ingressos (antecipados) também estarão a venda no site. Contamos com a Presença de todos. Contatos pelo fone - 81349128/32255177 - Adriano Figueiredo.

Projeto Capoeira é Integração

A ACALUZ - Associação Cultural Axé e Luz, iniciou nesta sexta-feira dia 15 de maio de 2009, o Projeto Piloto Capoeira é Integração em Belém-Pará no bairro do Tapanã II, a ACALUZ, visa fazer o entrosamento entre os municipios do Estado e assim divulgar a Cultura Afro-brasileira em todas as suas vertentes. Vale ressaltar que este projeto esta sendo executado em parceria com Grupo denominado Equipe Capoeira Brasileira do Profº Jaspion, devidamente registrada nesta Associação, o Projeto vai garantir aos capueiristas além de aula pratica e teórica, aulas de desenho, exposição e debate entre os oficineiros do projeto. Terá duração de um ano e proceguimento no projeto dos formandos que futuramente estarão integrando o corpo de apoioadores através de oficinas de bairros como novos monitores, este projeto não visa tão somente o iniciante mais todos os adeptos já formados com grau de aprendizado na capoeira, e convida todas as equipes a virem somar fazendo parte do corpo de alunos do Projeto, terá inicio oficial em agosto de 2009 e término em julho de 2010, com o grande batizado e o Iº Festival Ginga Capoeira. O Presidente da ACALUZ, falou da importancia de matricular os jovens no projeto, já que o mesmo visa também a transversalidade da Capoiera, que é a propria educação cultural através da pintura e dos estudos e práticas das técnicas deixadadas a anos pelos africanos. Fica aqui os fones de contato para maiores informações: (91) 81349128/32255177 - Adriano Figueiredo(presidente da ACALUZ), Profº Jaspion - (91) 88846761/32255177. ou pelo E-mail: adrianopmca@msn.com ou acaluz1@hotmail.com

domingo, 17 de maio de 2009

Zé Malandro 166 anos de Existência


José dos Anjos da Silva. Nascido em 19 de março de 1843, desembarcou no Rio de Janeiro, na Praça Mauá. Ajuda a todos que o procuram, sem olhar a quem, tanto o homem Adriano Figueiredo quanto o Senhor Zé Malandro, não diferenciam as pessoas que os procuram, ajuda a todos com perseverança.

Samba de Zé Malandro:
Oi, leva fé, leva fé nesse homem
Que esse homem é de ajudar
Você pode gritar por seu nome
Toda vez que precisar
.
Oi, salve a sua batucada
Sob a luz da lua
Numa linda madrugada
Nas esquinas, pelas ruas
.
E no seu samba tem muita cerveja
E muita mulher
Mas também tem caridade
Que ele presta a quem quiser
.
Pois é. é, pois é
Bate palma no samba do seu Zé
Canta forte minha gente
Que esse samba é de fé
.
Se no seu caminhar, se no seu caminhar
Encontrar algum perigo
Chama seu Zé, que ele passa contigo
Ele tem muita força, ele tem muito axé
.
Ele vem na Umbanda,
Gingando, cantando, sambando no pé
Todo de branco, vem malandreando
Só ajudando a quem tem fé
.
Saravá, seu Zé. Ê, saravá seu Zé
Seu Zé. Ê, saravá seu Zé
Saravá seu Zé Malandro
Salve a força da fé

NA FANGE DOS MALANDROS, SEU ZÉ MALANDRO

Zé Malandro teve uma história bonita. Cada malandro tem seu valor e ele é conhecido com as seguintes denominações: Zé Malandro da Lapa, o Zé Malandro do Morro, Zé Malandro da Maloca. Eu recebo Seu Zé Malandro, é o meu paizão. A falange dependeu do Zé Pelintra. Se eles têm um nome, a falange, eles devem ao Zé Pelintra, que realmente existiu; alguns dizem que ele morreu de navalha, outros dizem que foi fuzilado na porta de um cabaré. Zé Pelintra é um mestre, ele fez muitas coisas boas, ele não era só malandro. As pessoas tem que passar a conhecer melhor a falange do Zé Pelintra, eles reinaram no pé do morro, na Lapa, em Santa Tereza, como diz aquele ponto:


O morro de Santa Tereza está de luto
Porque Zé Pelintra morreu…


Então, os malandros reinaram em cada local, por exemplo, a Praça Mauá:

Quando venho descendo o morro
Falei pra Tereza que eu vou trabalhar
Eu boto meu baralho no bolso
Cachecol no pescoço
E vou pra Barão de Mauá…


Fica um porto de frente para a Barão de Mauá. No caso, quando eles vieram de Pernambuco, fugidos, onde eles ficaram? Na Barão de Mauá, praça Mauá. Então, tem um fundamento ali. Cada ponto tem de identificar o fundamento desse mestre, porque ele foi criado naquele ciclo ali. Por exemplo, se ele passou pra linha de caboclo:


Lá no pé da juremeira
Zé Malandro assentado
Fazendo seu catimbó
Dando conta do recado


Ele foi um catimbozeiro também, ele foi um feiticeiro. Esse ponto:

Lá na Aruanda tem um mestre na jurema
E na Umbanda Zé Malandro é morador
Se é doutor, se é feiticeiro,
Tenha certeza, Zé Malandro é curador.


Ele pode vir também na linha de preto velho. Em caso de necessidade, a falange pode arriar na linha de preto velho, em caso de necessidade. É por isso que ele vem. Ele vem na linha de exu, só que ele não é exu, mas ele vem. Ele é mestre, ele pode entrar em quatro linhas, como eu expliquei pra você no anterior, em cada linha ele age de um jeito. Na linha de caboco pode beber a cerveja branca, mas na linha de caboco ele bebe mais é vinho, ou como diz a língua de dele, “é o sangue de Cristo”. Então, no caso, na linha de preto velho ele vem fumar o cachimbo; não que na linha de caboco ele não possa fumar o cachimbo, ele pode, mas na linha de preto velho não pode faltar. Ele, como um mestre, já é doutrinado. A falange de malandro respeita muito os pretos velhos, os preto velho tem uma doutrina maior, uma rede. No caso, eles tem muito respeito pelos pretos velhos, com o povo da rua. Como diz o seu Zé Malandro, passando pra linha esquerda:


Tranca Rua e Zé Malandro são dois velhos companheiros
Traca Rua na encruza e Zé Malandro no terreiro.

Cada linha, ele tem que cantar um ponto daquela linha que ele tá. Eu vou contar um, no caso, na linha de exu:


Olha ele aí, olha ele aí, olha ele aí, olha ele aí
Oi, teve uma blitz no morro, a polícia vem aí
Oi, teve uma blitz no morro, a polícia vem aí
Malandro que é malandro se escondeu lá na Figueira.

O que é a figueira? A figueira era lá onde eles faziam os rituais. A figueira era onde eram feitas as gamelas nas quais se faziam as obrigações, embaixo daquela figueira eles faziam rituais de exus. Então, no caso, a figueira tem um significado na linha de exu. Esse ponto da linha de exu ele encontra com a linha de caboco, ele tá numa linha e tem que contar o ponto daquela linha: se ele tá na mata, ele tem de cantar da mata; se ele tá na linha de preto velho, tem que cantar na linha. A falange é assim; não são exus como muitos acham, não, eles são mestres. Tem um ponto assim:

Saravá, saravá, todo filho de umbanda
Pra salvar sua banda, Zé Malandro chegou
Ele vem de Aruanda, ele é mestre nagô
Saravá, minha gente, Zé Malandro chegou.

Assim como Zé Malandro, Zé Pelintra, Zé Pretinho, Zé Brilhantina, Buscapé (que é o mais novo da falange), Francisco Pelintra, no caso eles formam uma falange. Os outros pegaram fama devido ao Zé Pelintra; tem uma prece do Zé Pelintra:
Salve seu Zé Pelintra, salve os malandros, salve a malandragem…

O seu Zé Malandro fala assim, que ele é igual o bambu, ele enverga, mas não quebra, é gira, como ele fala. Tem umas estórias que eles falam, que o Zé Pelintra tava querendo alguma coisa com a Maria Bonita e o Zé Pelintra com o Zé Malandro, estavam querendo pegar o Lampião na covardia. Tem até um ponto que ele canta:

Mulher, mulher, não tenha medo do seu marido
Mulher, mulher, não tenha medo do seu marido
Se ele é bom na faca, eu no facão
Ele é bom na reza, eu na oração
Eu sou Zé Malandro, ele é Lampião.

Eles sempre foram inimigos o Lampião com o Zé Pelintra, porque o Zé Pelintra queria ficar com a mulher do Lampião. E ele queria armar pra pegar o Lampião, que era muito perseguido. A história de Lampião é muito bonita. No final é que muito triste, mas ele ficou com a Maria Bonita. Ele morreu, mas ela não ficou pra ninguém, ficou com ele. Foi um amor muito bonito esse do Lampião com a Maria Bonita, eles eram muito temidos. No caso a falange naquela época era muito bonita. A idade do seu Zé Malandro é de 1843 e a idade do Zé Pelintra é de 1852. José Gomes da Silva ou Zé Pelintra. No sertão de Pernambuco, uma cidade muito sagrada porque foi dali que saiu a falange quase toda dos malandros, e se juntou com os outros malandros que já tinham no rio de janeiro também.

Alguns fregueses, alguma festa que eu vou, às vezes alguém fala: “Mas Zé Malandro?! Nunca vi Zé Malandro. Já vi Zé Pelintra.” Eu digo: “Não, Zé Malandro.” Falta eles procurarem se informar mais. Eu nunca tinha mostrado pra vocês esses pontos deles. As pessoas falam: “Esse ponto deve ser copiado.” Não, ele existe, como eu te mostrei. Eles tem que respeitar a entidade como se deve respeitar; a mim não importa se a pessoa cultua esse ou aquele; eu quero ver é que a pessoa ta cultuando o seu caboclo, o seu preto velho, ta recebendo seus orixás. Isso é que importante dentro da Umbanda, do Candomblé, que você está cultuando. Conselho que eu dou: Não desista! Nessa vida, ninguém vive só de vitória. Como diz a prece de Oxalá:

Que a paz de Oxalá renove nossas esperanças
Depois de erros e acertos, tristeza e alegrias,
Derrotas e vitórias, chegarei aos pés de Zambi maior
Êpa babá Oxalá!

Salve Zé Pelintra



Na medida em que o Catimbó entra na área urbana, território típico da Umbanda, ou mesmo a Umbanda vai para o interior estas duas práticas tem que se encontrar. É neste momento que certamente Zé Pelintra entra para o Catimbó. Isto certamente ocorre nos centros onde pessoas de Umbanda também trabalham com mestres e provavelmente já eram de Umbanda e absorvem o Catimbó em um movimento muito típico da Umbanda que absorve várias Religiões e Culturas.
No Catimbó ele é Mestre, e por ser uma entidade diferente das que são cultuadas na Umbanda, ele não trabalha numa linha específica, porém, sua participação mais ativa seria na gira de baianos e, em alguns casos, na linha da esquerda, como exú. Sua principal marca é ser um espírito “boêmio”, “malandro” e brincalhão e, mesmo assim, trabalha com muita responsabilidade. Seu Zé cobra muito de seus médiuns, cobra por seriedade, entrega, disciplina, dentre outras virtudes.
Na direita ele vem na linha de baianos, fuma cigarro, bebe batida de coco ou simplesmente cachaça. É representado por uma tradicional vestimenta (calça branca, sapato branco, terno branco, gravata vermelha e chapéu branco com uma fita vermelha).


CARACTERÍSTICAS MARCANTES

A primeira é ser muito brincalhão, gostar muito de dançar, de mulheres e de bebida. Mas é muito comum, também, encontrá-lo mais sério, parado em um canto, assim como sua imagem gosta de representá-lo olhando para o movimento ao seu redor. Contudo, quando ele vira para a esquerda, ele pode vir trajado de um terno preto, calças e sapatos também pretos, gravata vermelha e uma cartola, fumando charutos, bebendo conhaque e uísque, até – em alguns casos - usa uma capa preta. Mas seja do lado que for, você sempre verá um Zé Pelintra com seu pito (cigarros ou cigarrilhas), um uma bebidinha nas mãos, sempre muito brincalhão e extrovertido.

REPRESENTAÇÃO E ORIGENS

Personagem bastante conhecido seja por freqüentadores das religiões onde atua como entidade, por sua notável malandragem, Seu Zé tem sua imagem reconhecida como um ícone, um representante, o verdadeiro estereótipo do malandro, ou porque não dizer, da malandragem brasileira e mais especificamente, carioca. Trata-se de uma corrente que, de uma forma ou de outra, permeia o imaginário popular da cultura brasileira e, portanto, carrega suas egrégoras tanto como outras.
Um do seu maior destaque está justamente no fato do Seu Zé ter uma tremenda elegância e competência, mesmo sendo negro (levando em consideração que, para a época em que os negros e brancos viviam praticamente isolados, apesar da existência de uma numerosa população mestiça nas grandes cidades brasileiras, e que desse abismo social implicava também uma grande divisão financeira de classe social). É como se a figura do Seu Zé torna-se representativa da própria dignidade do negro, deixando para trás a idéia de um negro “arrasta-pé”, maltrapilho ou simples trabalhador braçal.
Em sua origem, Seu Zé torna-se famoso primeiramente no Nordeste… Primeiro como freqüentador dos catimbós e, depois como entidade dessa religião. Vale destacar aqui que o Catimbó está inserido no quadro das religiões populares do Norte e Nordeste e traz consigo a relação com a pajelança indígena e os candomblés de caboclo muito difundidos na Bahia.Conta-se que ainda jovem era um caboclo violento que brigava por qualquer coisa mesmo sem ter razão. Sua fama de “erveiro” vem também do Nordeste. Seria capaz de receitar chás medicinais para a cura de qualquer mal, benzer e quebrar feitiços dos seus consulentes. De acordo com Ligiéro (2004), Seu Zé migra para o Rio de janeiro onde se torna nas primeiras três décadas do século XX um famoso malandro na zona boêmia carioca, a região da Lapa, Estácio, Gamboa e zona portuária. Segundo relatos históricos Seu Zé era grande jogador, amante das prostitutas e inveterado boêmio.

Contudo, há outra história que conta que Seu Zé teria nascido no povoado de Bodocó, sertão pernambucano próximo à cidadezinha que leva o nome de Exu, à qual segundo o próprio Zé Pelintra quando manifestado numa mesa de catimbó, foi batizada com este nome em sua homenagem, já que sua família era daquela região antes mesmo de se tornar cidade. Fugindo da terrível seca de meados do século passado que abatia todo o sertão, a família do então “José dos Santos” rumou para a Capital Recife em busca de uma vida melhor, mas o destino lhe pregou uma peça que culminou com a morte da mãe, antes mesmo que o menino Zé completasse 3 anos. Logo em seguida, morreria seu pai de tuberculose.
José então ficou órfão e teve que enfrentar o mundo juntamente com seus sete irmãos menores. Cresceu no meio da malandragem, dormindo no cais do porto e sendo menino de recados de prostitutas. Sua estatura alta e forte granjeou-lhe respeito no meio da malandragem. Conta-se que, certa vez, Zezinho, como também era conhecido, teve que enfrentar cinco policiais numa briga no cabaré da Jovelina, no bairro de Casa Amarela. Um dos soldados recebeu um corte de peixeira no rosto que decepou-lhe o nariz e parte da boca. Doze tiros foram disparados contra Zezinho, mas nenhum deles o atingiu. Diziam que ele tinha o corpo fechado. Antes que chegassem reforços, Zezinho já tinha fugido ileso, indo se esconder na casa do coronel Laranjeira, um poderoso usineiro pernambucano, protetor do rapazote e família. Em decorrência deste episódio, Zezinho ganhou o apelido de Zé Pelintra Valentão, nome esse dado pelos próprios soldados da polícia pernambucana. Pelintra significa pilantra, malandro, janota etc. Assim, entre trancos e barrancos, Seu Zé consegue fazer fama na cidade de Recife e criar seus irmãos até a maior idade. Quanto a sua morte, autores discordam sobre como esta teria acontecido. Afirma-se que ele poderia ter sido assassinado por uma mulher, um antigo desafeto, ou por outro malandro igualmente perigoso. Porém, o consenso entre todas essas hipóteses é de que fora atacado pelas costas, uma vez que pela frente, a firmam o homem era imbatível.
Para Zé Pelintra a morte representou “um momento de transição e de continuidade”, afirma Ligiéro, e passa a ser assim, incorporado a Umbanda e ao Catimbó. Todavia, a principal história que seu Zé Pelintra quer escrever, é a da caridade, tanto aquela que ele dedicou aos seus entes queridos e pares de sangue, como também àqueles em que deveu um auxílio e apoio mútuo quando em vida. É assim que seu Zé Pelintra, hoje ao lado do espírito dos seus irmãos e irmãs em vida, formaram uma bela Falange de malandros de luz, que vêm ajudar aqueles que necessitam.

FAMÍLIA PILINTRA

Além do Zé Pelintra, há espíritos mentores, como ele, também conhecidos como Antônio Pelintra, Maria Pelintra, João Pelintra, Joana Pelintra, Mané Pelintra e Rosa Pelintra. Mas ainda, há suas qualidades de Zé Pelintra viradas na esquerda, que ganham atributos específicos da vida do Seu Zé, como Seu Zé Malandrinho, Seu Malandro, Malandro das Almas, Zé da Brilhantina, Malandro da Madrugada, Zé Malandro, Zé Pretinho, Zé da Navalha, Zé do Morro, e por aí vai. Só vale ressaltar que os Malandros não são exus, embora venham na Linha de Esquerda. Ao contrário dos Exus que estão nas encruzilhadas, encontramos os malandros em bares, subidas de morros, festas e muito mais.
Aqui, gostaria de fazer uma especial contribuição sobre uma Guia, muuuuuito importante na minha vida mediúnica. A baiana que eu trabalho desde o meu primeiro dia de Filha de Santo, na Umbanda, Sra. JOANA PILINTRA! Trabalho com ela há 5 anos e desde então, aprendi muito com suas histórias. Em vida, foi mãe de 3 filhos. Trabalhou nas lavouras de Milho enquanto o marido foi tentar a sorte no ciclo da borracha, nos seringais. Ela sempre se intitula devota de Nossa Senhora da Glória. Solitária mas muito bonachona, penso na Joana quando penso naquelas mulheres de avental, saia, blusa de campanha e lenço na cabeça. Mulher da Lida! Mão calejada do trabalho da roça e de casa. Mas, à noite, depois do banho, era Senhora Vaidosa. Sempre em seus vestidos de tecidos muito simples, mas rendeiros, Joana só se dedicava, ora aos filhos, ora a comunidade. ‘Rezadeira’, como ela mesma diz, era daquelas que conhecia todo mundo, que era chamada pra ir na casa de todo mundo, mas particularmente na dela, ela não gostava de receber. Dona de uma generosidade sem fim, ao mesmo tempo que ela pode ser carinhosa e cuidadosa, também já a vi dura e rígida. Como mãe que dá a palmatória certa nas horas que tem que dar. Sua fala é comprida… adora uma boa prosa. Mas quando dá pra falar curto e grosso… hummm. Segura! A língua fica maior do que a boca.
Acho que aprendi com ela e com a Família Pelintra esse lado, ri para resistir!!
Dançar, beber e brincar, sem abusar. Porque a vida não é feita só de excessos… é também senhora da moderação. Com eles, percebi quanto dessa luta e dessa gana sou capaz de reinventar, todos os dias, para eu mesma suportar as peripécias que esse mundo dá. E, ao mesmo tempo, fazer da aflição do outro, um motivo de se motivar e prosseguir, como quem trilha sua própria tristeza e avança. Porque vê no outro e projeta na caridade e generosidade alheia à mesma dedicação e o mesmo esforço que tanto precisa ter e desenvolver na vida para dignar a si mesma.

TIRA TEIMA:


Comida: carne seca com farofa ou escondidinho de macaxera, que é o mesmo que mandioca. (Na esquerda, acrescentar pimenta vermelha);
Bebida: Cerveja branca bem gelada;
Locais de vibração: Subida de Morros, Cemitérios, bares, zonas portuárias, áreas boêmias;
Cor: Vermelho e Branco ou Preto e Branco, ou ainda somente o Preto; Salve seu Zé Pelintra! Saravá a Família Pelintra!Salve a corrente dos Malandros!







terça-feira, 12 de maio de 2009

Tambor de Mina


É a denominação mais difundida das religiões Afro-brasileiras no Maranhão e na Amazônia. A palavra tambor deriva da importância do instrumento nos rituais de culto. Mina deriva de negro-Mina de São Jorge da Mina, denominação dada aos escravos procedentes da “costa situada a leste do Castelo de São Jorge da Mina” (Verger, 1987: 12) , no atual República do Gana, trazidos da região das hoje Repúblicas do Togo, Benin e da Nigéria, que eram conhecidos principalmente como negros mina-jejes e mina-nagôs.
O Maranhão foi importante núcleo atração de mão de obra africana, sobretudo durante o último século do tráfico de escravos para o Brasil (1750-1850), e que se concentrou na Capital, no Vale do Itapecuru e na Baixada Maranhense, regiões onde havia grandes plantações de algodão e cana-de-açúcar, que contribuíram para tornar São Luís e Alcântara cidades famosas entre outros aspectos, pela grandiosidade dos sobradões coloniais, construídos com mão de obra escrava e pela harmonia, beleza e coreografia das musicas de origem africana.
Como as demais religiões de origem africana no Brasil (Candomblé, Umbanda, Xangô, Xambá, Batuque, Toré, Jarê e outras), o tambor de mina se caracteriza por ser religião iniciática e de transe ou possessão. No tambor de mina mais tradicional a iniciação é demorada, não havendo cerimônias públicas de saída, sendo realizada com grande discrição no recinto dos terreiros e poucas pessoas recebem os graus mais elevados ou a iniciação completa.
A discrição no transe e no comportamento em geral é uma características marcante do tambor de mina, considerado por muitos como uma maçonaria de negros, pois apresenta características de sociedades secretas. Nos recintos mais sagrados do culto (peji em nagô, ou côme em jeje), penetram apenas os iniciados mais graduados.
O transe no tambor de mina é muito discreto e as vezes percebível apenas por pequenos detalhes da vestimenta. Em muitas casas, no início do transe, a entidade dá muitas voltas ao redor de si mesmo, no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, talvez para firmar o transe, numa dança de bonito efeito visual. Normalmente a pessoa quando entra em transe recebe um símbolo, como uma toalha branca amarrada na cintura ou um lenço, denominado pana, enrolado na mão ou no braço.
No Tambor de Mina cerca de noventa por cento dos participantes do culto são do sexo feminino e por isso, alguns falam num matriarcado nesta religião. Os homens desempenham principalmente a função de tocadores de tambores, isto é, abatás, daí a definição abatazeiros, também se encarregam de certas atividades do culto, como matança de animais de 4 patas e do transporte de certas obrigações para o local em que devem ser depositados. Algumas casas são dirigidas por homens e possuem maior presença de homens, que podem ser encontrados inclusive na roda de dançantes.
Existem dois modelos principais de tambor de mina no Maranhão: mina jeje e mina nagô. O primeiro parece ser o mais antigo e se estabeleceu em torno da Casa grande das Minas Jeje (Querebentan de Zomadônu), o terreiro mais antigo, que deve ter sido fundado em São Luís na década de 1840. O outro, que lhe é quase contemporâneo e que também se continua até hoje é o da Casa de Nagô, localizada no mesmo bairro (São Pantaleão) a uma quadra de distância.
A Casa das Minas é única, não possui casas que lhe sejam filiadas, daí porque nenhuma outra siga completamente seu estilo. Nesta casa os cânticos são em língua jeje (Ewê-Fon) e só se recebem divindades denominadas de voduns, mas apesar dela não ter casas filiadas, o modelo do culto do Tambor de Mina é grandemente influenciado pela Casa das Minas.
Nos terreiros de Tambor de Mina é comum a realização de festas e folguedos da cultura popular maranhense que as vezes são solicitadas por entidades espirituais que gostam delas, como a do Festa do Divino Espírito Santo, o Bumba-meu-boi, o Tambor de Crioula e outras. É comum também outros grupos que organizam tais atividades irem dançar nos terreiros de mina para homenagear o dono da casa, as vodunsis e para pedir proteção às entidades espirituais para suas brincadeiras. Sérgio Ferretti: "No Tambor de mina do Maranhão pouco se fala em Oxum, Oiá e Obá, conhecidas nos terreiros influenciados pelo candomblé. Os orixás e voduns se agrupam em famílias ou panteões."

Encantados e Encantaria

Encantado é, no sentido mais geral, qualquer coisa, animal ou pessoa que foi objeto de um encantamento ou sortilégio.
No Brasil e em Portugal, os encantados são, principalmente, os seres animados por forças mágicas ou sobrenaturais que supostamente habitam o céu, as selvas, as águas ou os lugares sagrados. Nesse sentido, a palavra é equivalente ao inglês fairy, que também se refere genericamente a entidades mágicas.
Nos candomblés de caboclo do Maranhão e Pará, segundo Reginaldo Prandi (A Dança dos Caboclos), os encantados são, mais precisamente, "personagens lendários que um dia teriam vivido na Terra mas que, por alguma razão, não conheceram a morte, tendo passado da vida terrena ao plano espiritual por meio de algum encantamento.
Essa tradição de encantamento estava e está presente na cultura ocidental (lembremo-nos das histórias de fadas, com tantos príncipes e princesas encantados), bem como na mitologia indígena. Os encantados são de muitas origens: índios, africanos, mestiços, portugueses, turcos, ciganos etc. Lendas portuguesas de encantaria, como a história do rei português dom Sebastião, que desapareceu com sua caravela na batalha de Alcacequibir em 1578, em luta contra os mouros, e que os portugueses acreditavam que um dia voltaria, estão vivas nessa religião. A luta dos cristãos contra os mouros, tão cara ao imaginário português, se transformou em mitologia religiosa, mas os turcos da encantaria são agora aliados, não inimigos. Elementos da encantaria amazônica, como as histórias de botos que viram gente e vice-versa; lendas de pássaros fantásticos e peixes miraculosos, tudo isso foi compondo, ao longo do tempo, a religião que se convencionou chamar encantaria ou encantaria do tambor-de-mina, no Maranhão (Prandi e Souza, 2001), e sua vertente paraense (Leacock e Leacock, 1975)".

Familia da Turquia - Tambor de Mina

Família da Turquia.


Chefiada pelo Pai Turquia, rei mouro que teria lutado contra os cristãos. Vindos de terras distantes, chegaram através do mar e têm origem nobre. Seus principais componentes são: Mãe Douro, Mariana, Guerreiro de Alexandria, Menino de Léria, Sereno, Japetequara, Tabajara, Itacolomi, Tapindaré, Jaguarema, Herundina, Balanço, Ubirajara, Maresia, Mariano, Guapindaia, Mensageiro de Roma, João da Cruz, João de Leme, Menino do Morro, Juracema, Candeias, Sentinela, Caboclo da Ilha, Flecheiro, Ubiratã, Caboclinho, Aquilital, Cigano, Rosário, Princesa Floripes, Jururema, Caboclo do Tumé, Camarão, Guapindaí-Açu, Júpiter, Morro de Areia, Ribamar, Rochedo, Rosarinho.



“SÃO ENCANTADOS GUERREIROS


E SUA CANTIGAS FALAM DE GUERRA


E BATALHAS NO MAR”.



Dizem que nasceram das ondas do mar. Uma doutrina de Mariana, a cabocla turca que comanda a Casa das Minas de Tóia Jarina, em São Paulo, diz: Sou a cabocla Mariana / Moro nas ondas do mar/ He! faixa encarnada/ Faixa encarnada eu ganhei pra guerrear.
Alguns dos encantados turcos têm nomes que lembram postos de guerra ou de marinheiro, outros, nomes indígenas. Algumas dessas entidades, como na Família do Lençol, estão ligadas às narrativas míticas das Cruzadas e das gerras de Carlos Magno, muito presentes na cultura popular maranhense. São suas cores: verde, amarelo e vermelho.





Por. Adriano Figueiredo

Um pouco da Umbanda e sua história

Informamos aos amigos internautas, umbandistas ou não, que o presente tema é baseado em fatos, atos e provas testemunhais, e não em lendas ou hipóteses, que não podem ser provadas, e que devem ficar no campo da crença.

Torna-se imperioso, antes de ocuparmo-nos da Anunciação da Umbanda no plano físico sob a forma de religião, expor sinteticamente um histórico sobre os precedentes religiosos e culturais que precipitaram o surgimento, na 1ª. década do século XX, da única e genuína Religião Brasileira.
No ano de 1500, quando os portugueses avistaram o que para eles eram as Índias, em realidade Brasil, ao desembarcarem depararam-se com uma terra de belezas deslumbrantes e já habitada por nativos. A estes aborígines os lusitanos, por imaginarem estar nas Índias, denominaram de índios.
Os primeiros contatos entre os dois povos foram, na sua maioria, amistosos, pois os nativos identificaram-se com alguns símbolos que os estrangeiros apresentavam. Porém, o tempo e a convivência se encarregaram em mostrar aos habitantes de Pindorama (nome indígena do Brasil) que os homens brancos estavam ali por motivos pouco nobres. O relacionamento até então pacífico começa a se desmoronar como um castelo de areia.
São inescrupulosamente escravizados e forçados a trabalhar na novel lavoura. Reagem, resistem, e muitos são ceifados de suas vidas em nome da liberdade. Mais tarde, o escravizador faz desembarcar na Bahia os primeiros negros escravos que, sob a égide do chicote, são despejados também na lavoura. Como os índios, sofreram toda a espéciede castigos físicos e morais, e até a subtração da própria vida.
Desta forma, índios e negros, unidos pela dor, pelo sofrimento e pela ânsia de liberdade, desencarnavam e encarnavam nas Terras de Santa Cruz.
Ora laborando no Plano Astral, ora como encarnados, estes espíritos lutavam incessantemente para humanizar o coração do homem branco, e fazer com que alguns irmão de raça se livrassem do rancor, do ódio e do sofrimento que lhes foram e eram infligidos.
De outra parte, a igreja católica, preocupada com a expansão de seu domínio religioso, investe covardemente para eliminar as religiosidades negra e índia. Muitas comitivas sacerdotais são enviadas, com o intuito “nobre” de “salvar” a alma dos nativos e dos africanos.
Os anos sucedem-se. Em 1889 é assinada a Lei Áurea. O quadro social dos ex-escravos (índios e negros) é de total miséria. São abandonados à própria sorte, sem um programa governamental de inserção social. Na parte religiosa seus cultos são quase que direcionados ao mal, à vingança e à desgraça do homem branco, reflexo do período escravocrata.
No campo astral, os espíritos que tinham tido encarnação como índios, caboclos (mamelucos), cafuzos e negros, não tinham campo de atuação nos agrupamentos religiosos existentes.
O catolicismo, religião de predominância, repudiava a comunicação com os mortos, e o espiritismo (kardecismo) estava preocupado apenas em reverenciar e aceitar como nobres as comunicações de espíritos com o rótulo de “doutores”.
Os Senhores da Luz (Araxás, Orixás), atentos ao cenário existente, por ordens diretas do Cristo Planetário (Oxalá) estruturaram aquela que seria uma Corrente Astral aberta a todos os espíritos de boa vontade, que quisessem praticar a caridade, independentemente das origens terrenas de suas encarnações, e que pudessem dar um freio ao radicalismo religioso existente no Brasil.
Começa a se plasmar no Plano Terreno, sob a forma de religião, a Corrente Astral de Umbanda, com sua hierarquia, bases, funções, atributos e finalidades.
Enquanto isto, no plano terreno surge, no ano de 1904, o livro Religiões do Rio, elaborado por “João do Rio”, pseudônimo de Paulo Barreto, membro emérito da Academia Brasileira de Letras.
No livro, o autor faz um estudo sério e inequívoco das religiões e seitas existentes no Rio de Janeiro, àquela época, capital federal e centro sócio-político-cultural do Brasil. O escritor, no intuito de levar ao conhecimento da sociedade os vários segmentos de religiosidade que se desenvolviam no então Distrito Federal, percorreu igrejas, templos, terreiros de bruxaria, macumbas cariocas,sinagogas, entrevistando pessoas e testemunhando fatos.
Não obstante tal obra ter sido pautada em profunda pesquisa, em nenhuma página desta respeitosa edição cita-se o vocábulo Umbanda, pois tal terminologia era desconhecida.
Foi então que em fins de 1908, uma família tradicional de Neves, Niterói-RJ, foi surpreendida por uma ocorrência que tomou aspectos sobrenaturais: o jovem Zélio Fernandino de Moraes, que fora acometido de estranha paralisia, que os médicos não conseguiam debelar, certo dia ergueu-se do leito e declarou: “amanhã estarei curado”.
No dia seguinte, levantou-se normalmente e começou a andar, como se nada lhe houvesse tolhido os movimentos. Contava 17 anos de idade e preparava-se para ingressar na carreira militar na Marinha.
A medicina não soube explicar o que acontecera.Os tios, sacerdotes católicos, colhidos de surpresa, nadaesclareceram. Um amigo da família sugeriu então uma visita à Federação Espírita de Niterói, presidida na época por José de Souza. No dia 15 de novembro, o jovem Zélio foi convidado a participar da sessão, tomando um lugar à mesa. Tomado por uma força estranha e superior a sua vontade, e contrariando as normas que impediam o afastamento de qualquer dos componentes da mesa, o Zélio se levantou, dizendo: “aqui está faltando uma flor”, e saiu da sala indo ao jardim, voltando logo após com uma flor, que depositou no centro da mesa.
Esta atitude insólita causou quase que um tumulto. Restabelecidos os trabalhos, manifestaram-se nos médiuns kardecistas espíritos que se diziam pretos escravos e índios. Foram convidados a se retirarem, advertidos de seu estado de atraso espiritual.
Novamente uma força estranha dominou o jovem Zélio e ele falou, sem saber o que dizia. Ouvia apenas a sua própria voz perguntar o motivo que levava os dirigentes dos trabalhos a não aceitarem a comunicação daqueles espíritos e do por que em serem considerados atrasados apenaspor encarnações passadas que revelavam. Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela sessão procuravam doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que desenvolvia uma argumentação segura.
Um médium vidente perguntou: “Por quê o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceita a manifestação de espíritos que,pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados, são claramente atrasados ? Por quê fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz ? E qual o seu nome irmão ?”
E o espírito desconhecido falou: “Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã (16 de novembro) estarei na casa de meu aparelho para dar início a um Culto em que estes irmãos poderão dar suas mensagens e, assim, cumprir missão que o Plano Espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome, que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim não haverá caminhos fechados”.
O vidente retrucou: “Julga o irmão que alguém irá assistir a seu Culto ?” perguntou com ironia.
E o espírito já identificado disse: “Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o Culto que amanhã iniciarei”.
No dia seguinte, na casa da família Moraes, na rua Floriano Peixoto, n. 30, ao se aproximar a hora marcada, 20:00 H, lá já estavam reunidos os membros da Federação Espírita para comprovarem a veracidade do que fora declarado na véspera; estavam os parentes mais próximos, amigos, vizinhos e, do lado de fora, uma multidão dedesconhecidos.
Às 20:00 H, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Declarou que naquele momento se iniciava um novo Culto, em que os espíritos de velhos africanos que haviam servido como escravos e que, desencarnados, não encontravam campo de atuação nos remanescentes dasseitas negras, já deturpadas e dirigidas em sua totalidade para os trabalhos de feitiçaria; e os índios nativos de nossa terra, poderiam trabalhar em benefício de seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social. A prática da caridade, nosentido do amor fraterno, seria a característica principal deste Culto, que teria por base o Evangelho de Jesus.
O Caboclo estabeleceu as normas em que se processaria o culto. Sessões, assim seriam chamadas os períodos de trabalho espiritual, diárias, das 20:00 às 22:00 H; os participantes estariam uniformizados de branco e o atendimento seria gratuito.
Deu, também, o nome do Movimento Religioso que se iniciava: UMBANDA – Manifestação do espírito para a caridade.
A Casa de trabalhos espirituais que ora se fundava, recebeu o nome de Nossa Senhora da Piedade, porque assim como Maria acolheu o filho Jesus nos braços, também seriam acolhidos como filhos todos os que necessitassem de ajuda ou conforto. Ditadas as bases do Culto, após responder em latim e alemão às perguntas dos kardecistas presentesali, o Caboclo das Sete Encruzilhadas passou para a parte prática dos trabalhos, curando enfermos, fazendo andarem paralíticos. Antes do término da sessão, manifestou-se um Preto-Velho, Pai Antônio, que vinha completar as curas. No dia seguinte, verdadeira romaria formou-se na rua Floriano Peixoto. Enfermos, cegos etc. vinham em busca de cura e ali a encontravam, em nome de Jesus. Médiuns, cuja manifestação mediúnica fora considerada loucura, deixou os sanatórios e derem provas de suas qualidades excepcionais.
A partir daí, o Caboclo das Sete Encruzilhadas começou a trabalhar incessantemente para o esclarecimento, difusão e sedimentação da religião de Umbanda. Além de Pai Antônio, tinha como auxiliar a entidade espiritual Orixá Male, com grande experiência no desmanche de trabalhos de baixa magia.
Em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas recebeu ordens do Astral Superior para fundar sete tendas para a propagação da Umbanda. As agremiações ganharam os seguintes nomes: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia; Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição; Tenda EspíritaSanta Bárbara; Tenda Espírita São Pedro; Tenda Espírita Oxalá; Tenda Espírita São Jorge; e Tenda Espírita São Jerônimo.
Embora não seguindo a carreira militar para a qual se preparava, pois sua missão mediúnica não o permitiu, Zélio Fernandino de Moraes nunca fez da religião sua profissão. Trabalhava para o sustento de sua família e diversas vezes contribuíram financeiramente para manter os templos que o Caboclo das Sete Encruzilhadas fundou.
Ministros, industriais, e militares que recorriam ao poder mediúnico de Zélio para a cura de parentes enfermos e os vendo recuperados,procuravam retribuir o benefício através de presentes, ou preenchendo cheques vultosos. “Não os aceite. Devolva-os”, ordenava sempre o Caboclo.
A respeito do uso do termo espírita e de nomes de santos católicos nas tendas fundadas, os mesmos tiveram como causas, primeiro, o fato que naquela época não se poder registrar o nome Umbanda, e o segundo, era uma maneira de estabelecer um ponto de referência para fiéis da religião católica que procuravam os préstimos da Umbanda.
O ritual estabelecido pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas era bem simples, com cânticos baixos e harmoniosos, vestimenta branca, proibição de sacrifícios de animais. Dispensou os atabaques e outros instrumentos de percussão, além das palmas. Capacetes, espadas, cocares, vestimentas de cor, rendas e lamês não seriam aceitos. As guias utilizadas seriam apenas as que determinassem a Entidade que se manifestasse. Os banhos com ervas, os Amacis, a concentração nos ambientes vibratórios da natureza, a par do ensinamento doutrinário, na base do Evangelho, constituiriam os principais elementos depreparação do médium.
Após 55 anos de atividades à frente da Tenda Nossa Senhora da Piedade (o primeiro Templo de Umbanda), Zélio entregou a direção dos trabalhos as suas filhas Zélia e Zilméa de Moraes, continuando ao lado de sua esposa Isabel Morse, médium do Caboclo Roxo, a trabalhar na Cabana de Pai Antônio, em Boca do Mato, distrito de Cachoeiras deMacacu – RJ, dedicando a maior parte das horas de seu dia ao atendimento de portadoras de enfermidades psíquicas e de todos os que o procuravam. Em 1971, a Sra. Lilia Ribeiro, Presidenta da TULEF (Tenda de Umbanda Luz, Esperança, Fraternidade – RJ), gravou uma mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas, e que bem espelha a humildade e alto grau de evolução desta Entidade Missionária de muita luz. Ei-la:
“A Umbanda tem progredido e vai progredir.
É preciso haver sinceridade, honestidade, e eu previno sempre aos companheiros de muitos anos: a vil moeda vai prejudicar a Umbanda; médiuns que irão se vender e que serão, mais tarde, expulsos, como Jesus expulsou os vendilhões do templo.
O perigo do médium homem é a consulente mulher; do médium mulher é o consulente homem.
É preciso estar sempre de prevenção, porque os próprios obsessores que procuram atacar as nossas Casas fazem com que toque alguma coisa no coração da mulher que fala ao pai de terreiro, como no coração que fala à mãe de terreiro. É preciso haver muita moral para que aUmbanda progrida, seja forte e coesa.
Umbanda é humildade, amor e caridade – esta é a nossa bandeira. Neste momento, meus irmãos, me rodeiam diversos espíritos que trabalham na Umbanda do Brasil: Caboclos de Oxossi, de Ogum, de Xangô. Eu, porém, sou da falange (Linha) de Oxossi, meu Pai, e não vim por acaso,trouxe uma ordem, uma missão.
Meus irmãos: sejam humildes, tenham amor no coração, amor de irmão para irmão, porque vossas mediunidades ficarão mais puras, servindo aos espíritos superiores que venham a baixar entre vós; é preciso que os aparelhos estejam sempre limpos, os instrumentos afinados com as virtudes que Jesus pregou aqui na Terra, para que tenhamos boas comunicações e proteção para aqueles que vêm em busca de socorro nas Casas de Umbanda.
Meus irmãos: meu aparelho já está velho, com 80 anos a fazer, mas começou antes dos dezoito. Posso dizer o ajudei a casar, para que não estivesse a dar “cabeçadas”, para que fosse um médium aproveitável e que, pela sua mediunidade, eu pudesse implantar a nossa Umbanda. A maior parte dos que trabalham na Umbanda, se não passaram por esta Tenda, passaram pelas que safram desta Casa.
Tenho uma coisa a vos pedir: se Jesus veio ao planeta Terra na humildade de uma manjedoura, não foi por acaso. Assim o Pai determinou. Podia ter procurado a casa de um potentado da época, mas foi escolher aquela que havia de ser sua mãe (Maria); este Espírito que viria traçar à Humanidade os passos para obter paz, saúde e felicidade.
Que o nascimento de Jesus, a humildade que Ele baixou à Terra, sirvam de exemplos, iluminando os vossos espíritos, tirando os escuros de maldade por pensamento ou práticas; que Deus perdoe as maldades que possam ter sido pensadas, para que a paz possa reinar em vossos corações e nos vossos lares.
Fechai os olhos para a casa do vizinho; fechai a boca para não murmurar contra quem quer que seja; não julgueis para não serdes julgados; acreditai em Deus e a paz entrará em vosso lar. É dos Evangelhos.
Eu, meus irmãos, como o menor espírito de baixou à Terra, mas amigo de todos, numa concentração perfeita dos companheiros que me rodeiam neste momento, peço que eles sintam a necessidade de cada um de vós e que, ao sairdes deste templo de caridade, encontreis os caminhosabertos, vossos enfermos melhorados e curados, e a saúde para sempre em vossa matéria.
Com um voto de paz, saúde e felicidade, com humildade, amor e caridade, sou e sempre serei o humilde Caboclo das Sete Encruzilhadas”.
DESCONHEÇO O AUTOR

Dia Nacional da Umbanda é aprovado pela Câmara!


A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou, na última quarta-feira (19), o Projeto de Lei 5687/05, do deputado Carlos Santana (PT-RJ), que institui o Dia Nacional da Umbanda, a ser comemorado anualmente em 15 de novembro. O projeto, aprovado em caráter conclusivo, segue agora para análise do Senado Federal.